2°- CAPÍTULO ✝

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Sinto cada parte do meu corpo falhar, nesse momento, eu não tinha tantos movimentos ou controle sobre eles. Era como se minha alma tivesse sido brutalmente arrancada de dentro de mim, uma sensação de vazio avassaladora.

Meu corpo fraco balançava de um lado para o outro, de forma lenta, sem que eu conseguisse entender o que acontecia. E demoram alguns segundos até que, de fato, eu consiga sentir braços me embalando; eles passavam por minhas pernas e costas, junto de um baixo barulho de passos contra o que me pareciam ser pedras. Minha cabeça e mãos pendiam para baixo e, com sutileza, eu conseguia sentir eles balançando à medida que cada passo era dado.

Reunindo os poucos resquícios de força dentro do meu corpo vazio, vou lentamente abrindo os meus olhos, enquanto espero que minha visão se torne nítida para que eu entendesse o que estava acontecendo.

A primeira coisa que consigo ver, é meu corpo curvado em um pequeno u, por isso, sou obrigada a levantar mais um pouco minha cabeça para contemplar o cenário escuro do qual eu me encontrava. Eu não reconhecia nada ao meu redor, na verdade, eu quase não enxergava nada, onde quer que seja que estou agora, era extremamente escuro.

Mais alguns passos; e meu corpo continua balançando.

Com os sentidos falhos, não consigo identificar muitas coisas, por isso, ergue de uma vez minha cabeça para que eu pudesse, finalmente, descobrir quem me carregava. Mas assim que o faço, sinto como se meus sentidos voltassem de uma vez só em uma violenta explosão, mas apenas sentidos ruins.

A imagem que vi em meio a toda aquela escuridão, fez com que meu coração pulsasse desenfreadamente, mostrando que eu ainda estava viva. A pessoa que me carregava, que logo identifiquei sendo um homem, tinha a pele pálida, tão pálida que quase chegava a ser azulada. Seus cabelos, sobrancelhas e cílios eram de um loiro extremamente claro, chegando ao ponto de incomodar a minha visão. Seus olhos eram fundos e esbranquiçados, dando uma aparência totalmente horripilante completando todo aquele conjunto medonho.

Fico apenas ali, sem me movimentar ou falar alguma coisa, completamente vidrada pelo medo, enquanto encaro aquela pessoa que parecia ter saído de um filme de horror. Acho que logo ele pode sentir o peso de meu olhar, já que suas orbitas brancas viram em direção ao meu rosto, enquanto um sorriso de dar arrepios, surge em seus lábios pálidos. Ele não diz nada, só devolve o meu olhar por longos segundos que fazem meu coração acelerar mais do que parecia ser possível. E o pior de tudo, era que o medo havia me paralisado e eu não conseguia olhar para outra coisa que não fosse seu medonho rosto.

No momento em que seus olhos brancos me tiram do centro de seu olhar, começo a sentir meu corpo pesar outra vez. Eu estava me desligando. Foi como se seu olhar tivesse uma ligação direta com o que eu estava sentindo naquele momento. E, de fato, foi isso. Bastou que seus olhos voltassem para frente, se concentrando no caminho que fazíamos, para que todas essas sensações de fraquezas fossem intensificadas.

Não pude controlar. Eu estava me perdendo naquele lugar, outra vez.

***

Assim como antes, eu lentamente parecia despertar de alguma coisa, mas, desta vez, sentindo meu corpo estirado sobre uma superfície dura, sem ninguém me embalando em seus braços. Apesar de não me sentir normal, meu corpo era menos fraco do que antes, e os meus comandos pareciam ter voltado. Mas bastou uma pequena recordação do que vi quando acordei antes, para que eu temesse abrir meus olhos e encontrasse o mesmo homem.

Meu corpo começa a suar frio e minhas mãos começavam a ficar lisas pelo suor. Eu estava com medo. Estava com medo de dar de cara com aquele homem e descobrir o que ele poderia fazer comigo. Mas ficar de olhos fechados, sem ter noção nenhuma do que está ao me redor, parece dez vezes pior.

SETEALÉM || H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora