4°- CAPÍTULO ✝

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Sinto o desespero tomar conta de todo meu corpo. Tudo o que eu não precisava nesse momento, era estar presa em uma sala escura com um possível cadáver enquanto aquela coisa estranha está do lado de fora me esperando.

Mesmo estando receosa e com medo, começo a me aproximar de forma cautelosa em direção ao corpo desacordado de Niall. Me agacho na sua altura, e com as mãos incertas, as levo até seus ombros chacoalhando de forma leve seu corpo.

– Ei, Niall. – Chamo a primeira vez, não obtendo nenhuma resposta. – Vamos, acorda. – Elevo um pouco o tom da minha voz, mas tentando ser mais discreta possível, pois, sei o que está do lado de fora dessa sala.

Solto um longo suspiro ao ver que ele não reage a nenhum dos meus estímulos. Em seguida, levo minha mão direita até seu rosto, colocando-a em diferentes posições, ficando um pouco mais aliviada ao sentir que sua pele estava quente. E isso acaba me dando um ponto de esperança para tentar acordá-lo outra vez.

– Vamos, Niall. Você precisa acordar. – Dessa vez, tento dar leves tapinhas em seu rosto, tomando total cuidado para não o machucar mais do que já está.

Vibro internamente quando seu corpo reage pela primeira vez, o vendo se contorcer levemente enquanto seu rosto é estampado pela dor. Meus olhos rapidamente correm até seu torso, onde, através do branco encardido do uniforme, posso ver uma grande quantidade de sangue. Com cuidado, abro os botões do meio de sua camiseta, vendo um grande corte em seu tórax. Sem ter muito o que fazer, acabo tirando meu blazer rasgado e colocando sobre sua ferida, tentando estancar o sangue. E ao fazer isso, automaticamente me lembro da noite passada, onde aquela mesma criatura que está do lado de fora desta sala, acabou machucando meu pé direito enquanto eu tentava fugir do porão. Isso é estranho, eu realmente me machuquei feio, mas ao acordar essa manhã, eu simplesmente esqueci e não me lembrei deste detalhe.

Mantendo minha mão esquerda estancando a ferida de Niall, uso a direita para retirar meu sapato do pé direito, e fico completamente chocada ao ver através da meia branca, que não havia nenhum sinal sequer de machucado ali. A única coisa que consigo pensar sobre isso é Angeline e Jack, os dois me levaram junto com Eve de volta para aquela casa, nos apagaram e não sabemos o que aconteceu dali em diante. Essa era a explicação mais plausível, ambos fizeram alguma coisa. Mesmo assim, não deixa de ser chocante, já que a ferida em meu pé realmente era profunda e não parecia que se curaria em menos de algumas semanas.

Em seguida, acabo levando minha mão até o canto de minha cabeça, ainda sentindo o sangue ali, me fazendo firmar ainda mais minha teoria. Se o machucado que fiz há pouco, tempo ainda está aqui, então, não sou eu que me curei, e sim, alguém que fez isso por mim.

Minha atenção muda completamente quando sinto Niall se mexer. Rapidamente olho para o garoto loiro que continua se remexendo, até que por fim, ele começa a abrir os olhos de forma lenta. Isso realmente parece um trabalho difícil para ele, provavelmente, se sentindo muito fraco pela perde de sangue. Com esforço, ele luta para manter os olhos abertos, até que, de fato, consiga fazer isso. Ele fica algum tempo parado apenas encarando um ponto qualquer do chão, provavelmente, também tentando assimilar tudo que estava acontecendo. Sua concentração é quebrada quando seu rosto se retorce em uma careta de dor e, nesse momento, ele levanta seu olhar até o meu.

Ele fica me olhando até que eu me sinta desconfortável.

– Você se lembra de mim? – Ele assente. – Que bom. Estou feliz que você esteja bem. – Sorrio minimamente de forma sem graça.

– O que está acontecendo? – Sua voz sai extremamente baixa enquanto ele tenta se sentar melhor sobre o chão frio, levando sua mão até o tórax sobre a minha. – Obrigado, pode deixar que eu seguro.

SETEALÉM || H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora