10°- CAPÍTULO ✝

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Vou em direção a Eve e Niall, que vinham afobados pelo corredor, e agradeço mentalmente por eles não terem visto nada.

– Você está bem? Ele não fez nada com você, fez? – Eve começa a me examinar da cabeça aos pés exasperadamente.

– Eu estou bem, ele não fez nada. – Suspiro, tentada a dizer que quem fez alguma coisa aqui foi eu.

– Que alívio. – Niall solta o ar pesadamente.

– Onde está a Valerie? – Tento mudar assunto ao notar a ausência dela.

– Quando Niall foi atrás de nós para contar que você estava com o Harry, ela foi atrás do Mark para podermos ir logo, porque ficar aqui também é perigoso. – Eve suspira.

– O que ele queria, Mae? – Niall se aproxima de mim com um olhar culpado.

– Só estava irritado porque eu fugi ontem. E você não precisa me olhar dessa forma, eu estou bem, nada aconteceu.

– Vamos embora daqui logo, eu já tive emoções demais nesse lugar por hoje. – Eve solta outro suspiro, visivelmente cansada de tudo isso. E sem questionar, Niall e eu a seguimos.

Não me permito olhar para trás durante nosso caminho, e fico feliz por Harry não ter vindo atrás de mim, já que isso foi o ápice do meu desespero. Ele não é meu ex-namorado e eu preciso parar de enxergá-lo em Harry como se fosse.

Nós passamos pelos corredores vazios e em frente as salas lotadas, mas ninguém parecia se importar se estávamos matando aula ou não. Acabamos por nos encontrar com Valerie do lado de fora da escola, e Mark já estava do seu encalce, ajeitando sua mochila sobre os ombros.

– Ei, você está bem? – A de cabelos loiros escuros, pergunta assim que nos juntamos a ela.

– Sim. – Assinto.

– Niall me contou sobre a aula de hoje... – Ela começa meio sem jeito. – Eu deveria ter falado antes sobre isso, mas se eu contasse, talvez, vão nunca tomasse o líquido vermelho, e assim poderia acabar morrendo. – Ela me olha com pesar. – Acredite, eu também não gosto disso, mas é nossa única forma de sobreviver nesse lugar.

– Mas, aquele homem disse que tomar sangue ajuda na transição, então, não é muito perigoso? – Niall interrompe.

– Perigoso é, mas você prefere morrer?

– Vocês só precisam tomar em casos extremos, assim não vai afetar tanto. – Para nossa surpresa, Mark fala, me fazendo sentir como se falasse com um adulto. – Se não querem morrer, então, tomem quando realmente precisarem. – O garotinho dá de ombros, nos encarando apaticamente. – Vamos agora? – Ele aponta para a rua deserta, antes de se virando e começar a caminhar para longe da escola.

Nós quatro trocamos um olhar compartilhado de puro espanto, antes de seguir o garoto. De longe, ele era a pessoa mais estranha que conheci nesse lugar.

***

Já fazia algum tempo que havíamos adentrado a floresta, e todo o percurso que estávamos fazendo era silenciosamente guiado por Mark. E imersa na ausência de qualquer tipo de conversa, foi inevitável não repassar a cena do meu beijo com Harry várias e várias vezes dentro da minha cabeça. Eu até mesmo conseguia sentir o seu toque alguma vezes, o que era bastante desconfortável, diga-se de passagem. Era cada vez mais difícil não me sentir tocada quando estou perto dele, mas, no fundo, sei que estou apenas me iludindo em uma mentira. Ele não é o Harry que fez parte do meu passado, então, por que meu coração não podia perceber isso também?

Continuo andando, imergida em decisões, até sentir meu corpo trombar com o de Niall, que havia parado subitamente.

– O que foi? – Coloco minhas mãos os sobre seus ombros, e me inclino para o lado procurando por seu rosto. Niall aponta para frente, onde a pouco metrôs de nós, havia um pequeno cervo parado.

SETEALÉM || H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora