9°- CAPÍTULO ✝

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Ontem, depois de encurraladas por Mark, nosso irmão mais novo, e sermos obrigadas a colocá-lo em nosso plano, resolvemos que começaríamos agindo de acordo com este mundo. Nós teríamos, aos poucos, que começar a fingir - principalmente para nossos pais - que estávamos entrando, de fato, em Setealém. Nossa relutância não seria muito boa neste momento, por isso, temos que começar a condizer com o plano deles, mesmo que de maneira falsa; eles não precisavam saber que era tudo uma grande mentira.

Quando todos os detalhes já tinham sidos acertados, Eve, Mark e eu, entramos para casa e, aparentemente, Angeline e Jack não desconfiaram de nada, na verdade, nem com os machucados por todo meu corpo eles pareceram se incomodar. Eu só fui tomar um banho para tirar todo sangue seco, me surpreendendo por ter água limpa nesse mundo. E depois desse banho demorado e "renovador", fui capaz de perceber que, o que a mãe de Harry me deu já estava fazendo efeito em todos os cortes espalhados por meu corpo. Angeline ainda complementou, me dando outro copo do mesmo líquido vermelho, alegando que desta maneira o processo de cura seria intensificado.

Eve e eu passamos mais algumas horas conversando sobre todos os pontos principais do nosso plano, em especial, sobre o que eu gostaria de fazer para trazer meu ex-namorado morto de volta a vida. Eve ainda parecia relutante com está ideia, talvez, porquê isso é algo que foge da nossa compreensão e nosso mundo, mas, é como Valerie disse, os moradores de Setealém estão constantemente tirando pessoas importantes de nós e agem como se tudo fosse culpa nossa, então, por que não podemos fazer o mesmo?

Quando Eve parecia um pouco mais conformada com isso, nós finalmente decidimos dormir, já que o dia seguinte, ou no caso, hoje, seria longo e intenso. E depois de tudo que passamos - principalmente, eu - um bom descanso deveria ajudar nem que fosse minimamente.

***

– Você está pronta? – Eve pergunta, parando de pé do lado da cama de nosso atual quarto.

– Sim. – Solto todo ar preso em meus pulmões, tomando coragem para tudo que nos aguardava.

Me coloco de pé, passando rapidamente a mão sobre o "novo" uniforme que Angeline me deu, enquanto checo meu corpo para ter certeza que todos os machucados do dia anterior, haviam sumido.

– Eu acabei de falar com o Mark e ele sugeriu que fossemos para escola antes de irmos atrás da velha, ele falou que assim ninguém desconfiaria. – Eve explica, levando uma de suas mãos até sua cintura sobre o tecido velho e rasgado de seu uniforme encardido.

– Tudo bem. Eu só espero que consiga sobreviver a mais um dia naquele lugar.

Eve repousa sua mão sobre o meu ombro.

– Vai dar tudo certo. – Ela me olha confiante. – Agora temos um plano e sabemos exatamente o que fazer, então, não se preocupe, Mae. Logo nós iremos embora desse lugar.

– Ok. É melhor irmos agora. Valerie já deve estar chegando.

Eve assente, antes de começar a me guiar até à porta do quarto, onde damos de cara com o pequeno corredor, pelo qual, passamos até chegar na destruída sala onde Angeline, Jack e Mark estavam.

– Tenha um bom dia na escola, filho. – Angeline sorri abertamente para o pequeno garoto perto dela, e Jack faz o mesmo. Já Mark, apenas assente para ambos, antes de nós dar um rápido olhar e seguir para fora da sala.

– Vocês não vão com ele? – Jack pergunta ao notar nossa presença.

– Hoje não. Estamos esperando dois amigos. – Eve responde, tentando soar o mais normal possível.

– Isso é ótimo. – Angeline volta a sorrir. – Vocês estão fazendo amigos aqui, isso significa que logo serão como nós. – Ela apoia suas mãos sobre os ombros de Jack, olhando para o mesmo.

SETEALÉM || H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora