Capítulo 57: A carta

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20 de maio de 2018 – domingo

Tóquio queria fazer uma surpresa para Rio pois sabia que ele estava chateado pela forma como tinha sido a última conversa com sua família. Ela sabia muito bem como era ter que escolher entre família e um namorado e não queria que ele precisasse fazer essa escolha. Também não queria que ele não tivesse a oportunidade de fazer as pazes com seus pais, como era o caso dela. Então tomou uma decisão difícil, mas ao mesmo tempo que esperava que fosse recompensadora. Escondida de Rio, planejou tudo para que sua família recebesse uma carta pessoalmente.

Raquel chamou os três em seu escritório, os pais dele e sua irmã, para entregar o envelope. Ela havia colado o mesmo para que ninguém ficasse curioso em abrir sua carta e ler seu conteúdo além dos legítimos interessados.

- Recebi isso hoje pela manhã. – disse Raquel entregando a Paco, pai de Rio.

- É de Rio? – quis saber Ângela com interesse.

- Eu não sei. – disse com sinceridade.

- Abra logo pai! – ela tirou das mãos dele e rasgou com cuidado a lateral do envelope, tirando a folha de papel de dentro.

- E então? – indagou Clara, sua mãe.

- É de Silene. – respondeu após olhar a assinatura do outro lado.

- O que aquela mulher quer? Já não destruiu o suficiente a vida do nosso filho? – Paco logo exaltou-se.

- Acho que devíamos ler juntos. – comentou Ângela. Sua mãe concordou e seu pai também a contragosto.

- Vou deixá-los a sós por uns minutos, para ficarem mais à vontade. – disse Raquel saindo da sala.

Os três sentaram-se bem perto, com as cadeiras coladas umas nas outras para lerem o que ela havia escrito.

"Olá Ângela

Tenho certeza absoluta que você vai ser a primeira pessoa que vai ler isso então por favor convença seus pais a fazer o mesmo.

Olá Senhor e Senhora Cortes, sei que não tivemos um bom começo, mas amanhã é o aniversário de Aníbal e não gostaria que ele passasse esse dia triste por minha causa.

Sim, porque o fato de vocês não estarem falando com ele é por minha causa, então indiretamente sou eu a culpada se ele não receber um feliz aniversário da família.

E eu não quero esse fardo para carregar.

Eu entendo perfeitamente que vocês não achem que eu sou a melhor companhia para ele. Eu entendo que a nossa diferença de idade possa virar um problema. Acreditem eu mesma pensei em tudo isso e eu tentei me afastar dele várias vezes, porém ele sempre insistiu em voltar. Ele insistiu porque ele sabia que eu o amava. E não vou mentir dizendo que posso convence-lo do contrário porque eu não quero nem vou fazer isso.

Eu amo o filho de vocês e por isso mesmo não acho que seria justo ele completar 21 sem vocês. Vocês não têm ideia de como foi difícil para ele assistir aquele noticiário no qual o pai dele dizia que não tinha mais filho. Ele cogitou se entregar depois de ter ouvido isso. Eu pensei que ele se entregaria e nos trairia. Mas olha só, Aníbal não nos traiu por mais que doesse perder vocês. Porque ele não é um criminoso, ele não matou ninguém e sim ele poderia ter tido uma vida normal longe disso.

A grande maioria de nós poderia ter isso, mas não se pode viver do que poderia ter sido não é mesmo?

E eu não quero que ele passe pelo que eu passei. Sabe, a última vez que falei com minha mãe foi por telefone. Algum tempo depois descobri que ela morreu. Eu não pude ir no velório, eu nem sei ainda onde ela está enterrada. Eu não tive a chance de me desculpar pela minha vida de merda.

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