Capítulo 3 - Reencontro

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No segundo mês do ano, Cezar voltou a trabalhar na escola onde dava aulas de história, curiosamente, muitos dos seus alunos eram jovens da igreja.

Na sexta-feira, após um dia cansativo na escola, Cezar foi para a igreja verificar o ensaio do coral dos jovens, como sempre fazia.

Ao terminar o ensaio, o professor foi para casa e conversou com o seu filho mais velho. Ele explicou tudo o que houve nos últimos dias, do seu sonho, da visão do pastor e da volta de um grande inimigo.

— Se esse homem é tão perigoso temos que chamar a polícia.

— A polícia não nos ajudaria filho, a luta que vamos travar será em uma realidade diferente da nossa. Arthur tem poder para realizar muitas coisas, inclusive ludibriar a polícia, o que vamos fazer é montar um esquadrão de soldados para combatê-lo. Você aceita fazer parte desse grupo?

— Sim, aceito, mas o que vamos fazer?

— Na semana que vem darei maiores detalhes, mas por enquanto não comente com ninguém.

Cezar terminou a conversa com o seu filho e foi assistir TV com a sua esposa, mas os seus pensamentos se voltaram para o domingo passado quando ele reencontrou, depois de mais de duas décadas, com Keila, sua amiga de infância e ex-namorada na juventude.

Ela também havia sido membro da igreja de Peniel quando jovem, por isso Cezar relembrou-se do momento em que a viu e foi cumprimentado por ela.

— Olá Cezar, há quanto tempo, você não mudou muito hein, não me diga que este é o seu filho?

— Sim, é o Benjamim, meu filho mais velho.

— Nossa, como ele cresceu, parece muito com a mãe, cabelos claros, pele clara, olhos claros, mas é forte e bonito como o pai, aliás, bem maior que o pai.

Cezar ficou constrangido com os comentários de Keila.

— Obrigado Keila, mas e você, o que está fazendo aqui?

— Pediram um orçamento para a minha empresa a respeito da decoração para a festa de 200 anos da igreja. Não costumo vir pessoalmente tratar destes assuntos, mas esta igreja me traz muitas recordações. 

Keila sorriu e olhou profundamente para Cezar que abaixou a cabeça visivelmente sem graça.

— Foi um prazer revê-la Keila, mas temos que ir.

— Agora que eu me lembrei, minha sobrinha Amanda fala muito de um menino chamado Benjamim, que era bonitão e paquera dela na infância, não vá me dizer que era você.

Benjamim abriu um largo sorriso e confirmou.

— Sim, depois que ela foi morar em Betel na casa da tia eu nunca mais a vi pessoalmente, que coincidência ser você a tia dela.

— Com certeza vocês vão se encontrar em breve, mas tenho que ir, mande lembranças a sua mãe.

Keila entrou em um luxuoso carro e sussurrou.

— Vocês não perdem por esperar seus idiotas.

Cezar, muito sem jeito fez um pedido ao seu filho.

— Filho, não diga a sua mãe sobre o encontro dessa noite, por favor.

— Por quê? Ela até mandou lembranças pra mãe.

— Elas nunca foram muito amigas, ela fez aquilo apenas para provocar.

Benjamim estava muito admirado com a beleza de Keila

— Pai, mas como ela é bonita.

— É verdade, quando era nova chamava a atenção por onde passava, mas também, alta, bonita, cabelos negros e longos, e ainda com um corpo atlético.

— Vejo que o senhor a conheceu bem hein. — brincou Benjamim.

Cezar ficou incomodado com o comentário de seu filho.

— E nenhum comentário sobre a sobrinha dela, se sua mãe souber que você paquerava uma sobrinha de Keila na infância ela tem um treco.

— E seu ela souber que a gente ainda conversa pela net?

— Misericórdia, assim você me mata, bom, vamos embora.

De volta ao presente, Cezar terminou de ver um filme com a sua esposa e juntos foram dormir depois de fazerem uma oração.

No sábado de manhã Cezar encontrou-se com o pastor Anderson na igreja e contou o que pretendia fazer.

— Pastor, vamos escolher quinze rapazes para o nosso esquadrão. Vamos nos reunir todos os sábados de manhã e ensiná-los a lutarem com as espadas transformando-os em verdadeiros soldados.

— Bom, não temos outra escolha, Arthur nos atacará e precisamos estar prontos, mas como você pretende convencê-los a integrarem esse esquadrão?

— Vou conversar com eles e contar o que aconteceu no passado.

— Vai contar tudo?

— Sim, eles já sabem de muita coisa que seus pais contaram, pretendo ser muito sincero com eles.

— Muito bem, eu quero que você tome conta desse trabalho pessoalmente, mas antes de conversar com os rapazes, irei a capital conversar com nossos líderes a respeito. Ainda esta semana eu o procuro com a resposta da diretoria da nossa igreja.

— Bom, tem um problema, eu já tinha convidado meu filho para fazer parte do esquadrão.

O pastor que era calvo e de pequena estatura coçou sua testa, uma marca registrada dele.

— Tudo bem, então fale para ele não contar a mais ninguém até termos uma resposta dos nossos líderes. Mas se a resposta for positiva, onde pretende treiná-los?

— Pretendo utilizar o pátio que temos no fundo da igreja onde o mestre Saito treinou a mim e aos soldados da minha época. Aquele lugar é utilizado apenas aos domingos para as aulas de escola bíblica, durante os sábados, podemos usá-lo para os nossos treinamentos.

— Tudo bem, aguarde a minha resposta.

Seis dias depois, o pastor chamou a Cezar para dar o veredito.

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoOnde histórias criam vida. Descubra agora