Capítulo 30 - Culpado

223 146 9
                                    

O pastor Anderson coçava a testa e olhava com preocupação para o seu relógio que marcava menos de três horas para o início da festa. Ele então mandou que Eric pegasse o carro da igreja e fosse para o casarão buscar Cezar e os jovens, com ou sem Brian.

Na caverna de Escol, Cezar deu o seu veredito.

Culpado!

Keila sorriu e os valentes, surpresos, viram Brian chorar.

O capitão deu às costas para Brian e ordenou.

— Vamos embora imediatamente.

Richard, muito nervoso, questionou o seu capitão.

— Mas como?! Nós vamos deixá-lo aqui?! Tanto trabalho pra nada, eu não vou!

Richard lançou sua espada ao chão e os outros soldados também questionam a Cezar, que se justificou.

— A festa vai começar em algumas horas, não temos como soltar Brian, ele está assim porque escolheu. Keila ganhou essa batalha, mas ela não vai nos impedir de participarmos da festa.

Augusto concordou com o capitão.

— Exatamente, se ficarmos aqui não haverá apresentação. Nossas famílias, os outros jovens e o nosso pastor ficarão preocupados e tristes. Aí sim a nossa festa será mesmo um fracasso.

— Então vamos embora e deixamos o Brian para trás, eu não vou, fico aqui até amanhã, não me importo mais com a festa, sem o Brian eu não vou! — prometeu Richard ainda exaltado.

— Preste atenção Richard, é tudo um plano para estragar a nossa festa, você que é metido a pregador devia estar atento pra isso! — esbravejou Augusto.

Os dois se encararam ferozmente e Benjamim entrou no meio deles pedindo calma. O próprio Brian pediu para que seus amigos retornassem senão ele se sentiria ainda pior por ter estragado a festa. Ele insistiu e Cezar ordenou outra vez.

— Não tem mais nada a ser feito, vamos.

Os soldados caminharam lentamente em direção à saída e os olhos de Benjamim se encheram de lágrimas.

Minutos depois, Evelyn correu em direção à saída. Keila gritou para sua sobrinha voltar, mas ela não olhou para trás e seguiu os valentes discretamente sem chamar a atenção.

Keila mandou os seres infernais fecharem a entrada da caverna e centenas deles arrastaram uma enorme pedra que fechou totalmente a saída.

— Você está com medo de que voltem tia? — perguntou Graziela.

— É claro que não, eles não retornarão, nossa vitória foi completa.

Os valentes passaram em silêncio pela estreita ponte de madeira. Emerson passou de olhos fechados e Evelyn que vinha seguindo o esquadrão viu a ponte ser cortada pelos seres infernais. Ela conhecia outra saída que era um pouco mais longa e prosseguiu por ela.

Quando estava na metade do caminho os olhos de Benjamim brilharam e ele escutou uma voz em sua cabeça.

— Volte. — O valente parou e ouviu a voz outra vez.

— Volte.

— Eu tenho que voltar.

Benjamim contou o que tinha ouvido e falou que teria que voltar para tentar libertar Brian mais uma vez. Cezar questionou ao seu filho dizendo que não havia mais tempo, mas Benjamim afirmou que agora já sabia o que fazer.

Os outros soldados quiseram ir junto, mas Benjamim correu muito rápido e sumiu de vista. Cezar e os soldados seguiram seu caminho de volta para o casarão.

Keila, com uma expressão muito maligna se aproximou de Brian e falou ao seu ouvido.

— Se prepare ex-soldado, o seu castigo apenas começou. Tem um lugar especial que preparei para você ficar onde é muito mais quente.

Na igreja, as caravanas chegavam e o pastor Anderson ficava contente ao rever vários amigos pastores, mas ficou preocupado quando o pastor presidente chegou. Ele era um respeitado senhor de cabelos brancos que disse estar ansioso para ver a apresentação dos soldados.

Ainda na igreja, Adriano e sua esposa aprontavam as meninas que participariam da peça, eles também estavam muito preocupados porque não havia notícias nem dos soldados, nem de Natália.

Enquanto Benjamim voltava, Keila torturava Brian.

— Veja seu imbecil, o que vai acontecer na sua igreja.

Keila mandou Brian olhar para o painel a sua frente que mostrou a igreja de Peniel pelo lado de fora. Ela estava toda iluminada e havia vários ônibus estacionados na praça principal da cidade que ficava em frente a grande igreja.

O painel mostrou o interior da igreja lotada como Brian nunca tinha visto e Keila o ironizou.

— Veja soldadinho mentiroso, você vai perder a maior festa que sua igreja já fez.

Brian viu seus amigos apresentando a peça do soldado ferido e observou que estava um vazio onde ele deveria estar.

O jovem chorou quando viu a festa chegar ao fim e o esquadrão subir ao púlpito para tirar a foto com o pastor Anderson. Ele lembrou-se de como eles deveriam se posicionar para tirar a foto e nas imagens os soldados estavam exatamente como foram instruídos por Cezar.

O pastor ao centro com Richard, Nicolas e Emerson a sua esquerda em pé, Benjamim, Augusto e Lucas a sua direita também em pé. Brian deveria estar ao lado de Lucas, bem na ponta. Cezar ficaria agachado ao centro, logo abaixo do pastor Anderson, com Edmundo, Daniel e Thomas a sua esquerda e Lúcio e Edson a sua direita.

A imagem mostrou Brian junto ao esquadrão para tirar a foto oficial do grupo, mas a imagem dele lentamente desapareceu. Ele ainda viu uma imagem dele abraçado com seu capitão, mas à imagem de Brian também desapareceu e Keila o acusou novamente.

— Nem meus melhores soldados resistiram ao poder dos seus amigos, você fazia parte de um exército invencível, mas preferiu a mentira!

Enquanto Brian era torturado por Keila, Benjamim chegou ao local onde antes havia uma ponte de madeira. O valente achou que era o fim da linha, mas seus olhos brilharam e ele tomou uma decisão.

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoWhere stories live. Discover now