Capítulo 6 - Saito

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Os futuros soldados se esquivaram dos raios e Cezar se colocou à frente deles mandando que Arthur cessasse o ataque. O vilão desceu ao solo e o ironizou.

— Então será com estes soldados medrosos que você pretende lutar contra mim?

— Vá embora, você não pode nos atacar aqui! — respondeu Cezar muito nervoso.

— Sim, eu vou, mas não vou ter piedade na próxima vez em que nos encontrarmos.

Antes de sair, Escuridão lançou um raio sobre o pastor Anderson e Benjamim o protegeu com uma tampa de lata de lixo. Os dois se encararam por poucos segundos e o vilão foi embora rindo muito. O céu voltou a ficar claro e Cezar falou.

— Bem Brian, isso responde a sua pergunta. No passado a nossa igreja foi atacada por esse mesmo homem que esteve aqui. Utilizando poderes das trevas ele reuniu um exército para atacar a igreja e foi derrotado por um grupo de soldados do qual eu fazia parte.

Os rapazes questionaram o porquê de não se chamar a polícia, mas Cezar afirmou que a batalha que eles travariam seria em outra realidade.

— Como assim? — questionou Brian.

— É difícil explicar, mas vocês lutarão em outra dimensão.

— Como assim? — indagou Richard.

— Uma dimensão fora da nossa realidade, onde vocês não correrão risco de morte ou de se machucarem. E então? Posso contar com vocês?

Alguns jovens sabiam do passado de luta da igreja e toparam. Outros, mesmo sem entender sobre o que Cezar falava, acreditaram nele que prometeu explicar com mais detalhes durante os próximos treinamentos.

Cezar fechou o dia dizendo que eles também treinariam para a apresentação na igreja, mas que o principal motivo seria a preparação para que se tornassem soldados de verdade, para isso um mestre em lutas com espadas viria da capital para treiná-los.

O pastor Anderson contou sobre a visão que tinha tido e dispensou os soldados encerrando assim o primeiro dia de aula.

No sábado seguinte logo às seis da manhã os soldados estavam perfilados para o segundo dia de treinamento. Cezar então apresentou o mestre Saito, um senhor de origem oriental de baixa estatura, que tinha oitenta anos.

Após ser apresentado, o velho mestre pegou uma espada que não estava afiada, um escudo e os lançou nas mãos de Cezar, que ao pegar as armas, foi atacado por Saito com ferocidade. Cezar se defendeu muito bem mostrando muita desenvoltura, mas como não tinha a mesma habilidade do mestre, foi desarmado.

Os soldados se surpreenderam com a luta, principalmente com a habilidade de Cezar e a velocidade de mestre Saito.

— Espero que vocês fiquem iguais ao seu líder, ele foi um dos meus melhores alunos. — disse Saito.

O pastor Anderson tomou a palavra e agradeceu a vinda do mestre. Ele informou que estaria à disposição, mas que apenas Cezar o acompanharia nos treinamentos porque ele não poderia deixar os assuntos da igreja de lado.

Enquanto Anderson falava, Saito sussurrou para Cezar.

— Espero que tenham as suas virtudes e não os seus defeitos, soldado.

Os soldados, com Benjamim à frente correram para pegar as espadas, mas o mestre não deixou.

— Vocês não farão nada sem que eu ordene, voltem aos seus lugares.

Saito os levou para uma sala e durante toda a manhã conversou muito para conhecer melhor os seus novos alunos.

— Eu nunca dei nota dez para um aluno, espero que vocês consigam.

O mestre dispensou seus novos alunos e eles foram embora discutindo quem deles poderia ganhar nota dez. Curioso, Richard perguntou.

— Professor, qual foi sua nota quando foi aluno do mestre?

— Prefiro não falar, mas acredito que vocês serão melhores do que eu.

— Tinha alguém melhor que você? — perguntou Benjamim.

— Sim, eu fui avaliado o segundo melhor, mas falamos disso em outro dia.

Na semana seguinte os quinze soldados ainda não treinaram com as espadas. Saito queria ver como eles estavam fisicamente e após um alongamento os fez correr dez voltas em torno da igreja.

A distância que eles tinham que percorrer para dar uma volta na igreja era grande e nem todos conseguiram concluir o percurso.

Benjamim, Augusto e Brian foram os primeiros a chegar, alguns concluíram com dificuldade e Richard, Edmundo, Diego, Allan e Wesley não conseguiram dar as dez voltas.

O mestre mandou seus alunos voltarem para o pátio e mostrou-se descontente com o desempenho deles. Os cinco que não tinham completado as voltas foram interrogados pelo mestre Saito a respeito da sua alimentação e se praticavam algum esporte.

A resposta de todos foi negativa, com exceção de Diego que jogava basquete. Richard confessou que precisava melhorar porque não praticava nenhum esporte e tinha fama de comilão, apesar de ser magro.

Antes de dispensar o esquadrão, o mestre passou lentamente na frente dos soldados que estavam lado a lado. Ao chegar próximo a Diego, o mestre parou, fechou os olhos por alguns segundos e depois o encarou nos olhos. Ninguém entendeu o que aconteceu e o treinamento daquele dia foi encerrado.

No domingo, após a escola bíblica, Allan procurou a Cezar e pediu para não fazer mais parte do esquadrão.

— Eu nunca fui bom em nenhum esporte e creio que não vou conseguir atingir o nível que o mestre deseja.

— Tem certeza que quer sair?

— Tenho sim professor, não me sinto apto para ser o soldado que vocês querem.

— Tudo o que estamos fazendo tem um propósito muito grande e você foi escolhido porque tem qualidades para ser um bom soldado, assim como já é um bom cristão, mas aceito sua decisão.

Allan saiu de cabeça baixa e Cezar comunicou ao pastor a sua desistência.

No próximo sábado, antes do início do treinamento o mestre Saito procurou a Cezar. Ele suspeitava que um dos soldados estivesse envolvido com drogas. O professor levou um susto enorme e perguntou de quem ele suspeitava.

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoWhere stories live. Discover now