Capítulo 19 - Fogo

240 167 27
                                    

No mesmo momento em que os valentes chegavam ao casarão, Brian recobrou os sentidos e viu que sua camiseta estava alterada. Ele estava preso em uma grande caverna, um lugar sombrio onde havia muitas tochas e o calor era intenso.

O soldado número três estava acorrentado pelos pés e pelas mãos deitado em uma grande pedra plana e redonda. Ele tentou se soltar das correntes, não conseguiu e gritou por socorro. Keila, com uma aparência bem sombria, acompanhada de Karen e de vários guardiões das trevas o ameaçou.

— Cale-se seu inútil! Você não sairá daqui! Seus amigos já estão aqui para soltá-lo, mas vão se arrepender!

— Você não pode me prender aqui, me solta!

— Acalme-se soldadinho, vou soltar você sim, mas apenas após a festa, portanto, cale-se! — gritou Keila.

Brian tentou mais uma vez se soltar das correntes, mas parou de se mexer assim que a sala se encheu de pequenos seres de um metro de altura que pareciam flutuar no ar. Não era possível ver o rosto deles porque uma capa preta os envolvia.

Enquanto Keila ameaçava Brian, Augusto tinha seu primeiro contato com uma guardiã das trevas, tratava-se de Graziela, uma das sobrinhas de Keila.

— O que faz por aqui soldado?

— Estou à procura de Brian, onde ele está?

— Garanto que não tem mais ninguém neste trem.

— Não acredito em você, saia da minha frente.

— Bravinho você não, nem parece que é cristão.

— Sou cristão sim, e tenho muita alegria de servir a Deus.

— Você serve um Deus que tirou sua mãe ainda na infância, acredita mesmo que ele pode te ajudar?

 Ao ouvir aquilo Augusto lembrou-se de quando tinha oito anos de idade e sua mãe faleceu. Antes de morrer, a mãe do soldado segurou a sua mão e o fez prometer que ele seria fiel a Deus até o final da sua vida.

Chorando muito, Augusto prometeu e viu sua mãe partir com uma expressão de paz. Aquele juramento até hoje ecoa em suas lembranças.

Augusto mandou Graziela sair do seu caminho e foi ameaçado.

— Quem você procura não está aqui, mas se tentar passar por mim vai se arrepender.

Augusto deu alguns passos na direção da guerreira que puxou a sua espada e gritou.

— Pare agora ou vou jogá-lo pra fora do trem!

— Não quero lutar com você menina, vou pedir apenas mais uma vez que saia da minha frente!

Graziela assobiou e um rapaz grande e forte surgiu por detrás de Augusto. Ele estava vestido de preto com detalhes em vermelho assim como Graziela.

De posse de uma espada e de um escudo de prata ele avançou sobre Augusto que se defendeu com o seu escudo. O valente reagiu e chutou o seu oponente contra umas das janelas do vagão quebrando o vidro da mesma.

Graziela, mostrando-se muito habilidosa, fez o valente recuar e o encurralou junto com o guardião. Naquele instante, Daniel apareceu e atingiu o guardião que desapareceu.

— O que você fez Daniel? — perguntou Augusto assustado.

— Não sei, ele ia atingir você e eu o ataquei primeiro.

Graziela aproveitou a deixa e fugiu.

— Me desculpem, mas a minha passagem é até aqui, vejo vocês mais tarde.

A bela jovem pulou do trem em movimento e deixou os dois valentes.

— Bom, vamos cair fora também.

— Não Daniel. Antes de sair, vamos verificar os outros vagões.

Os dois valentes andaram até ao primeiro vagão e escutaram uma pessoa assobiando. Augusto verificou que o assobio vinha da máquina que conduzia a composição.

— Daniel, você fica aqui com o meu escudo que eu vou verificar quem está lá.

Augusto colocou sua espada nas costas e tomou impulso saltando em direção à locomotiva. Chegando à cabine de controles ele se encontrou novamente com Graziela.

— Como você veio parar aqui?

— Não interessa seu magrelo, cai fora do meu trem.

— Eu vou embora, mas responda, para onde sua tia levou o Brian?

— Brian? Que Brian?

— Você sabe de quem estou falando.

— Na verdade eu sei sim, mas acredito que você não verá seu amigo tão cedo.

Graziela pegou um fósforo e o acendeu passando-o na parte de madeira da cabine. Ela o jogou no chão onde havia muitas folhas secas e grandes labaredas de fogo se ergueram entre o valente e a guardiã das trevas.

— E não é que é verdade que você tem medo de fogo. Agora eu vou descer mesmo, o freio da locomotiva quebrou e tem uma bomba nos controles. Tchau palito de dente, a gente se encontra por aí.

A guardiã pulou do trem que imediatamente aumentou a sua velocidade.

Augusto tinha medo de fogo desde criança e ficou paralisado, mas Daniel chegou e apagou o fogo.

— Temos que sair daqui Augusto!

— Então se prepara Daniel, vamos saltar!

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora