Capítulo 4 - Efésios 6

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O pastor comunicou a Cezar que a diretoria da igreja concordava com a criação de um esquadrão de soldados e que eles mandariam um mestre da capital para ensinar os jovens a lutarem com as espadas.

O professor se animou e falou que pretendia chamar a escola de soldados de "Efésios 6". O pastor concordou e pediu para que ele fizesse uma lista com os possíveis escolhidos.

No dia seguinte, Cezar divulgou nos murais da igreja e nas redes sociais a abertura da escola de soldados Efésios 6. Muitos na cidade sabiam que a igreja de Peniel já havia sido atacada por forças do mal no passado e desconfiaram que a motivação por trás da formação do esquadrão era a de proteger a igreja.

Como a cidade era em grande parte composta por evangélicos a repercussão foi enorme. Todos queriam detalhes e informações a respeito. Cezar praticamente não conseguiu dar aulas durante a semana com tantas perguntas a respeito da escola de soldados.

Como apenas quinze seriam escolhidos, os comentários a respeito foram muitos. Os rapazes que mais participavam dos eventos da igreja e os que tinham mais porte atlético eram os mais cotados.

O nome de Benjamim, filho de Cezar era o mais comentado junto com Brian, Augusto e Richard, rapazes altos e bem presentes na igreja..

O adolescente Gustavo procurou a Cezar dizendo que queria muito participar do esquadrão, mas o professor explicou que os escolhidos teriam que ter uma média de dezoito anos. Cezar não criou falsa esperança para o adolescente, mas avisou que contaria com a ajuda dele caso precisasse.

Gustavo não escondeu a sua decepção, mas concordou em ajudar. Muitos jovens procuraram o professor demonstrando interesse e dois dias antes da divulgação Cezar foi cercado por um grupo de meninas da igreja.

— Esse grupo será formado apenas por meninos? — perguntou Cíntia, sua filha.

— Sim, apenas por rapazes.

Natália, a melhor amiga de Cíntia, afirmou.

— É verdade então que o senhor gosta apenas de trabalhar com os meninos.

— Não é verdade, esse primeiro grupo será apenas com os rapazes, mas se Deus permitir pretendo montar um grupo com as meninas em breve.

As meninas reclamaram muito dizendo que a igreja era machista e que os rapazes tinham privilégios que as meninas não tinham. Natália liderava a reclamação junto a Cíntia que aproveitou a chegada de sua irmã caçula para reclamar demonstrando muito ciúme.

— Tenho certeza que o Benjamim será o primeiro escolhido.

— É mesmo, ele é preferido da nossa casa, principalmente da nossa mãe. — falou Alice.

Cezar viu que não adiantava discutir e saiu da presença das meninas sorrindo. No sábado, ele procurou o pastor Anderson e eles passaram a tarde decidindo quem escolheriam.

Após muita conversa o pastor pediu que Cezar revelasse os escolhidos após a escola bíblica de domingo, que recebeu um número recorde de alunos. Todos interessados em saber quem seriam os escolhidos.

O professor aproveitou e ministrou uma lição sobre um herói de Israel chamado Gideão, que foi escolhido por Deus para libertar o seu povo da escravidão.

Ele explicou que Gideão reuniu um exército com trinta e dois mil homens, mas Deus mandou que ele dispensasse os medrosos, assim ficaram apenas dez mil. Deus fez um teste com aqueles homens e de dez mil ficaram apenas trezentos. Com aqueles trezentos Gideão conseguiu a vitória sobre o exército inimigo.

— E por que lutar apenas com 300, não seria mais fácil com mais soldados? — perguntou Cíntia.

— Deus quis mostrar que para termos vitória em nossas vidas basta crermos Nele de todo o nosso coração. Sansão lutou contra mil filisteus e venceu porque Deus estava com ele, portanto, lembre-se que vocês apenas terão sucesso lutando ao lado de Deus.

Enquanto isso, na aula de escola bíblica dos adolescentes ministrada por Vanessa, Alice, a filha mais nova do professor não prestava a mínima atenção, ela olhava para o vazio com a mão no queixo parecendo estar entediada.

Sua prima Karol também não prestava atenção porque desenhava e ambas foram repreendidas.

— Alice! Você e a Karol ficam no mundo da lua, prestem atenção na aula, um dia tudo o que é ensinado aqui poderá ajudar vocês!

Alice prestou mais atenção na aula, mas logo em seguida, junto com Samantha, Elizabeth e Tifany, sua grande amiga e filha da professora fizeram uma grande arte.

Tifany era filha de Vanessa e surda desde o nascimento, mas isto não a impedia de fazer arte com as suas amigas. Alice a considerava a sua melhor amiga e aprendeu a falar em libras logo na infância para se comunicar com Tifany.

Antes do fim da aula, Gustavo levantou-se do seu lugar para ir tomar água e as meninas grudaram chiclete no encosto da cadeira onde ele estava sentado. Gustavo voltou a sentar-se sem perceber nada, mas ao movimentar-se pra frente a camisa dele, que era de seda rasgou-se. 

As quatro meninas riram muito e Vanessa, muito brava, perguntou.

— Quem grudou chiclete na roupa dele?!

Ninguém se acusou e Vanessa encerrou a aula mandando que Alice e suas três amigas permanecessem na sala de aula. Ela chamou a atenção delas e Alice perguntou.

— Mas como à senhora sabe que somos nós?

— Ninguém mais faria isto, somente vocês. Vão ter a coragem de negar olhando nos meus olhos.

As meninas abaixaram a cabeça e Vanessa deu uma bronca muito grande nelas. Do lado de fora, Karol tentava arrumar a camisa de Gustavo, mas acabou rasgando-a ainda mais por ela ser bem atrapalhada.

Ali perto, os outros alunos estavam amontoados vendo a lista com o nome dos quinze jovens escolhidos.

Esquadrão dos Valentes: O resgate do soldado feridoOnde histórias criam vida. Descubra agora