A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Noite Sem Lua

Capítulo 1

Adam olhava a chuva cair, a noite escura estava anunciando uma tempestade e seus olhos verdes observavam o céu sem estrelas atentamente, aquele clima melancólico que os dias chuvosos traziam estava ainda mais sombrio e aquele casarão onde vivia rodeado por tantas crianças era ainda mais assustador em dias assim. Os trovões ecoavam por todo o local e gritos assustados podiam ser ouvidos, as poucas velas que iluminavam o espaço eram apagadas por aqueles que dali cuidavam. Um simples sopro levava toda a luz embora e apenas deixava a escuridão se juntar a solidão daqueles que viviam ali, naquele lugar onde apenas os abandonados residiam, a escória da sociedade, sem ser valorizados e simplesmente tratados como animais porque mais tarde quando o momento chegasse seriam apenas uma mercadoria, vendidos como escravos e serviçais proporcionando uma vida onde nunca serão respeitados ou terão direitos porque o futuro de todos nesse enorme quarto é o mesmo.

Ele sabia disso e odiava não poder mudar nada. Hoje os gritos que eram causados por um simples trovão mais tarde seriam por conta de um desconhecido que os tomaria como servo assim como um objeto de madeira, sua beleza e utilidade iria determinar quem você serviria em Sea mas, perdido em seus obscuros pensamentos, ele sabia que isso não era o pior que poderia acontecer. Sempre na lua cheia, quando seu brilho atingia o topo do céu sete jovens eram levados, não se sabia para onde nem o porquê disso. Seus olhos haviam observado esse momento aterrorizante onde pessoas desconhecidas cobertos por mantos negros levavam jovens que gritavam por socorro e aqueles que zelavam desse medonho lugar apenas se curvavam enquanto eles eram arrancados do ninho.

Ainda era possível ouvir seus gritos, eram mais agudos que os causados por um trovão e soavam como um último e desesperado pedido de socorro porque mesmo sem saber ao certo seu destino todos nesse lugar tem conhecimento que ele será sombrio. Adam teme o seu mas, tenta se preparar porque ninguém sabe quem será o próximo a deixar este lugar, o futuro é imprevisível e é isso que o torna tão assustador porque desde muitos jovens descobriram que o mundo é cruel e ninguém sabe até onde essa crueldade pode chegar. O ser humano é uma criatura tão assutadora quanto os monstros e Adam conhecia esse lado porque assim como a noite sem estrelas aquele lugar era repleto de escuridão e tristeza.

O relógio soava como um aviso para aqueles ainda estivessem de olhos abertos. Mesmo com o som dos trovões não era permitido permanecer acordado, mesmo que os pensamentos sobre o mundo assustador que os aguardava não deixassem suas mentes.

Se revirando na cama de colchão extremamente desconfortável o jovem tentava fechar os olhos e sonhar com algo bom diferente da realidade que parecia guardar mais pesadelos que seu próprio sono. Um suspiro fundo, logo suas pálpebras se fecharam, ainda podia ouvir o barulho da chuva.

O que parecia ser mais uma noite tranquila naquele casarão se tornou um caos ao ouvirem passos pesados. Todos sabiam que era o que mais temiam mas, rezavam para estar enganados enquanto o barulho se tornava cada vez mais próximo e como em um pesadelo do qual não pode se acordar a porta se abriu revelando as pessoas com mantos negros que olhavam ao redor do quarto, seus olhos percorriam todos os jovens ali o que anunciava mais uma vez em que sete deles seriam levados para um lugar que ninguém jamais viu ou ouviu falar.

Seu rosto se ergueu encarando as estranhas pessoas, eles passeavam entre os jovens, suas mãos pálidas deslizavam sobre os rostos de todos presentes naquele quarto, seu toque frio fazia os jovens inocentes se encolherem. Era impossível para eles distinguirem se eram monstros ou humanos, desde suas vestes até suas expressões. O medo fez com que todos ali não emitissem nenhum som, o silêncio apenas tornava tudo mais tenso.

Ninguém entendia o que estava acontecendo, mesmo que fosse o mais velho entre eles Adam era incapaz de compreender o porquê daquelas pessoas estarem ali, naquele dia chuvoso onde não era possível enxergar a lua ou as estrelas, um dia sombrio que trouxe consigo mais escuridão. Seus olhos pareciam avaliar os jovens, principalmente um deles que parecia ser uma mulher, uma mecha de cabelos ruivos caía sobre seu rosto pálido, ela caminhava lentamente em sua direção e a medida que ela se aproximava ele se afastava até sentir suas costas se chocarem contra a cabeceira da cama. O medo estava estampado em seus olhos e mesmo que tivesse à espera desse momento é completamente diferente quando está realmente acontecendo, a coragem que cultivou em seu interior durante tanto tempo parecia ter desaparecido com apenas um olhar daqueles que o assombraram durante tanto tempo.