Conspiração

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Capítulo 22

Wilfried deixou o palácio o mais rápido possível, puxou as rédeas do cavalo cavalgando sem olhar para trás enquanto o reino de Sea desaparecia a medida que ele se afastava, os cascos do cavalo atravessando os campos cada vez menos verdes, cada vez mais tenebrosos e silenciosos regidos pelo céu avermelhado que a cada dia chamava mais a atenção dos súditos que sussurravam entre as vilas sobre uma maldição, sobre um mal eminente que estava cobrindo todo o céu que antes brilhava todas as manhãs, a mesma aura que rodeava as terras da mansão escarlate agora recaía sobre todas as terras sob o domínio de Elaja Valero e seus irmãos.

O cavaleiro, regente de Onfroi apenas carregava em sua mente as palavras proferidas por Vitia, a hora de se erguer estava se aproximando e em breve a mansão não seria mais nada que ruínas de um passado que todos desejarão esquecer, hoje todos são prisioneiros de seus medos mas, em seu coração repleto de sede pela justiça ele vê um futuro de liberdade, um reino de humanos sendo governado por iguais, seres possuidores de um coração e uma alma. Nenhuma espada é capaz de cortar a escuridão, de ferir a pele imortal e pálida dos Valero mas, continuar se acovardado enquanto os verdadeiros herdeiros do poder caem seria esquecer sua honra, negar o dia em que se ajoelhou e em segredo jurou total lealdade à Vitia de Sea.

A viagem até Onfroi era longa, ele cavalgava sem parar enquanto a noite começava a cobrir os ceus e sem ninguém ele se via apenas na companhia da lua e o barulho ao longe das corujas que o observavam atentamente dos galhos das grandes árvores. Não pode trazer ninguém consigo, o encontro com seu amigo e soberano era secreto, ele deveria cativar seus soldados antes de propor uma missão claramente suicida contra os mais poderosos de todas as terras existentes.

Estava exausto, parou em uma clareira em meio a mata escura, amarrou o cavalo fortemente em uma das árvores próximas e começou a buscar gravetos para fazer uma fogueira, foi aos poucos se distanciando da clareira, despreocupado com a escuridão repleta de perigos continuava calmo pegando gravetos para finalmente poder se aquecer.

De repente uma ventania forte corta o caminho, o sopro do vento agita todas as árvores que o cercam, o frio é mais intenso que qualquer inverno que enfrentou, uma névoa começa a se espalhar ao seu redor e as corujas batem as asas para longe pressentindo perigo, a aura sombria se espalha pela floresta, é possível ouvir o cavalo relinchar ao longe desesperado e então Wilfried empunha sua espada brilhante em mãos preparado para qualquer inimigo que venha enfrentá-lo.

Esperou pacientemente e nenhuma silhueta foi avistada, seu coração batia freneticamente, cada vez mais frio, cada vez mais difícil de não tremer, um cheiro doce atravessa todo o local e se espalha rapidamente, um cheiro jamais sentido que o deixa embriagado, nenhum outro perfume é sentido além daquele aroma e seu corpo pesa cada vez mais, suas pernas fraquejam, seus movimentos com a espada já não são tão ágeis e o cansaço começa a tomar conta de sua carne mortal.

— Quem está aí? Apareça e me enfrente. — sua voz permanecia firme com muito esforço.

Eu sou o que você mais teme, eu sou o que você deseja enfrentar. Elaja é minha imagem, sou soberano do reino abaixo de seus pés, dominador do fogo e das sombras.

Wilfried fraqueja e procura por todos os lados desesperadamente o dono da voz imponente que ecoa pela floresta, a voz estava próxima, preenchia o silêncio mórbido daquela noite, não havia indício de alguém por perto, não havia sombra ou passos, apenas aquela voz que o aterrorizava.

Ele recuava, a espada em suas mãos já não estava tão firme e seus olhos transpareciam o medo que jamais havia sentido, não havia ninguém ali mas, aquela aura que começou a cercar o lugar cheirava a perigo, o inimigo estava por todos os lados, sentia-se vigiado e aqueles minutos de um longo silêncio era uma tortura para sua mente que começava a fantasiar.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora