A Mansão Escarlate (Romance Gay)

Inimigos De Sangue

Capítulo 18

A respiração abafada de Adam era ouvida, uma tensão pairava sobre eles e o toque singelo do jovem o fez estremecer, era delicado e carinhosos a forma com a qual a mão macia e quente dele o tocava no rosto mesmo que naquele momento ele estivesse coberto por seu sangue, mesmo que de seus lábios parte da história macabra que o cercava havia sido exposta, as cortinas começaram a cair e cada vez mais aquelas esmeraldas afundavam em seu ser, vasculhavam cada centímetro de seu interior preenchido apenas por lembranças ruins o deixando sem saída, desarmado e entregue entre as mãos que seguram seu rosto e o olhar que procura a verdade em seus olhos. O cheiro adocicado de sua pele fez sua fera interior adormecer e agora que seus olhos brilhavam como a lua de sangue nada além daquele rosto ocupava seus pensamentos.

Elaja hesitou mas, não pode resistir e acabou colocando sua palma fria sobre a mão que emanava calor em seu rosto, deu um passo à frente até que o jovem erguesse sua face diante da criatura que era muito mais alta, em silêncio eles permaneciam porque as palavras eram vazias demais para descrever o que ambos estavam sentindo, as correntes pesadas da culpa, do remorso simplesmente se tornavam mais leves e aquela sensação assustava e maravilhava o mais velho dos Valero que olhava para a figura humana diante dele buscando respostas mesmo que nada fizesse sentido, mesmo que a devoção com a qual admirava cada traço mundano fosse incontrolável e a necessidade de sentir aquele calor aumentasse cada vez mais.

As pálpebras de Adam pareciam pesadas, piscavam lentamente enquanto seu corpo parecia ceder à fraqueza, suas pernas bambearam e suas mãos se afastaram de Elaja que o agarrou pela cintura recostou a cabeça repleta de macios fios emaranhados em seu peito, o perfume inebriante invadia as narinas do jovem que se agarrando à camiseta desarrumada daquele que o segurava gentilmente se pôs de pé tentando se equilibrar mesmo que seu corpo se tornasse cada vez mais pesado e a sensação de estar nos braços da fria criatura fosse mais agradável do que ele imaginava.

Elaja queria sentir ele em seus braços, aquele corpo frágil entre suas mãos enquanto seu olhar sonolento pousava sobre ele, nunca imaginou que aninhar tanto calor em seus braços fosse aquecê-lo não só por fora, como também por dentro onde uma batalha estava sendo travada para entender a complexidade humana e como aquele par de olhos verdes o desconcertava. As muralhas que os separavam estavam ruindo aos poucos e a cada passo dado ambos mergulhavam em uma imensidão de descobertas, ainda pouco nítidas e distantes de seus entendimentos mas, que tinham um poder muito grande.

Aquele doce momento foi interrompido por batidas frenéticas na porta, apressadas podendo até ferir a madeira delicada. Uma voz conhecida ecoou abafada pelo obstáculo que os separava mas, ainda sim inconfundível, em um tom animado como se trouxesse boas notícias.

— Desça até a sala principal, temos notícias animadoras sobre Sea. Não permaneça recluso com seu escravo, em breve poderá se deliciar com quantos jovens desejar.— a voz de Derick soou zombeteira.

Elaja estremeceu prevendo que aquilo poderia ser um presságio da aproximação de seu fatídico destino desenhado nas sombras com o fogo infernal que tornou as palavras do soberano das trevas uma linha temporal inquebrável, ele desejou aquilo e faria de tudo para que suas criações permanecessem no caminho desejado porque ele lhes deu a imortalidade, a tão sonhada vida eterna que ninguém além dos seres mais poderosos receberam, uma dádiva que custaria muito caro.

— O banho de sangue começará e os velhos tempos retornarão. — Derick disse e logo os seus passos se afastaram da porta deixando para trás o silêncio e o medo.

Adam foi afastado delicadamente, o olhar de Elaja parecia perdido e ele caminhava em direção a uma porta de madeira que ficava ao lado de um enorme armário, seus passos eram apressados e após as assustadoras palavras de Derick ele estava imerso em seus pesadelos, incapaz de encarar o jovem que o seguia com o olhar.