Enigmático

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Capítulo 13

Já não suportava mais continuar naquela cama, seu corpo estava se tornando cada vez mais pesado e mesmo que temesse cruzar a porta à sua frente continuar ali era sufocante, a solidão estava o consumindo e os pensamentos estavam levando sua sanidade embora principalmente após a aproximação de Elaja, seu corpo colado ao seu sobre uma cama repleta de macios lençóis, seu olhar que se tornou feroz e as mãos frias que seguraram seus pulsos com possessividade enquanto podia ouvir sua respiração, o medo em seus olhos sentindo o perfume da criatura que ainda estava impregnado em suas vestes, tão bom, tão doce que não parecia que ele havia deixado os aposentos a tanto tempo, sua presença ainda parecia estar por perto mesmo que só restasse seu aroma se misturando com o cheiro de terra molhada que vinha da janela.

Estava frio, o calor que emanava da lareira não parecia ser o suficiente e seu corpo que antes parecia pegar fogo agora estava frio, nem os tecidos espalhados pela cama eram capazes de deixá-lo confortável e essa sensação de solidão o consumia, ele havia se acostumado com isso já que mesmo convivendo em um orfanato repleto de pessoas nenhuma era próxima o suficiente para preencher o vazio em seu interior, um vazio que o consumia porém ele sabia que não podia se deixar abalar, a solidão era a última coisa com a qual ele deveria se preocupar já que seria muito melhor congelar nas ruas de Sea que permanecer trancafiado na mansão escarlate sob o poder de criaturas das trevas.

Tudo naquele reino estava errado, a hierarquia os massacrava e aqueles que diziam seguir a luz mas, cultuavam as trevas entregando os oprimidos, no final a corte e todos que regiam aquele reino eram meros fantoches, pessoas frágeis que apenas temiam por suas vidas sem se importar com aqueles que não possuíam nome, não possuíam nada além de suas vidas, criados apenas para servir e alimentar a sujeira que se tornou a dura realidade daquele lugar, cercados por uma mentira, a imagem de um reino perfeito que escondia seus espinhos, espinhos que haviam ferido sua pele e alma, tão afiados quanto as presas e garras daqueles que o cercavam na amaldiçoada mansão.

Se levantou com dificuldades ainda sentindo seu pescoço doer, os furos profundos permaneciam em seus pele e ele sabia que eram tão permanentes quanto a marca em brasa que carregava, ambas causaram uma dor profunda e o fizeram ter mais lembranças amargas do destino que aos poucos se revelava cada vez mais cruel. Caminhou até a janela aberta que se debatia com a ferocidade do vento e observou a imagem do céu avermelhado que banhava as terras sombrias, o frio e a escuridão, o cheiro de morte era um cenário que anunciava o futuro das terras baixas do reino onde assim como as montanhas íngremes, a superfície plana e repleta de vida sofrerá.

Elaja havia sorrateiramente adentrado nos aposentos pela janela, tão silencioso quanto uma sombra ele se esgueirou e quanto o jovem abriu os olhos o viu tão próximo que sentiu o sangue gelar, ele era uma criatura ainda mais misteriosa e menos simplória que seus irmãos, seus pensamentos pareciam vagar para uma realidade longe desse lugar e seu aclamado destino, ele era estranho e isso não poderia negar, inofensivo e ao mesmo tempo perigoso. Suas, palavras, faziam Adam ter esperanças e suas ações destruíam tudo em segundos movido pela sede, pelo descontrole onde era escravo da fera que residia em seu interior.

Fechando a janela, impedindo a brisa gelada ele se perguntava qual era o verdadeiro objetivo de seu prometido, ambos pareciam insatisfeitos mas, Adam não podia compreender o porque disso já que ele era o líder dos Valero, acima da família real que poderia libertar sua fera e dizimar reinos sem repreensão. O futuro soberano de Sea e todos os reinos que desejasse porque nenhum humano seria capaz e domá-lo, uma verdade que fazia seu coração em pedaços, frustrado por apenas poder espera pelo seu fim e de todos naquele reino.

"Elaja, quem é você verdadeiramente? A doçura de suas palavras ou seu instinto bestial?"

As roupas que agora o cobriam não tinham mais resquícios de seu sangue, eram roupas pretas que pareciam com as que Elaja vestia, talvez isso explicasse o cheiro inebriante da fera nele e já não possuía joias como adorno, pela primeira vez ao se olhar diante de um espelho desde sua sentença ele via seu verdadeiro eu e não um presente, um objeto preparado apenas para proporcionar prazer em seu dono.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Where stories live. Discover now