Erguendo-se

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Capítulo 12

A corte de Sea permanecia submissa, após a entrega de Adam aos Valero todos pareciam estar em paz sem se importar com as vidas sacrificadas, todos continuavam a rotina calmamente mesmo que ao longe o vermelho cortasse o céu e os dias fossem se tornando cada vez mais escuros e frios castigando a população que já sofria com os primeiros sinais de um longo e sombrio inverno. Entre os vários corredores da fortaleza cochichos sobre o que estava por vir eram ouvidos, os anciãos diziam que o céu estava sangrando, era sua dor por ver o povo tão entregue ao poder das trevas e outros, aclamavam sem esconder que era um sinal de um reinado prospero para os seus senhores, aqueles que residiam nas montanhas.

O vermelho que ao longe tingia o céu se assemelhava a cor dos olhos dos sete filhos que emergiram da fumaça, um aviso, faltava pouco tempo para o mais velho ter seu poder por completo e reinar sobre os sete reinos que rodeavam Sea, com seu poder maior que qualquer um já visto a profecia dos Dominic via um futuro onde todos os reinos existentes na terra iriam se curvar, temer e venerar tornando capaz de ser salvo apenas aqueles que jurarem lealdade de corpo e alma, traição seria um ato tolo e rebelde que apenas faria os humanos caminharem para a destruição consolidando o império dos mais fortes e oprimindo aqueles que tem sangue quente em suas veias.

Seria o fim, se aquele que tem o maior poder sentasse no trono e sobre sua cabeça fosse colocada a coroa se revelando diante de todos os súditos não haveria volta, sua palavra era absoluta, muitos festejariam e outros lamentariam em silêncio temendo por suas vidas se o verdadeiro sentimento em seu interior fosse descoberto. Há histórias registradas em detalhes do sangrento destino daqueles que se opõem e em como as terras de Sea do dia para a noite se tornaram dos Valero, aqueles que surgiram de repente reivindicando o poder diante dos humanos, criaturas frágeis e patéticas, palavras que saíram dos lábios do líder que massacrou reino após reino enterrando seus inimigos com apenas um estalo de dedos, gargantas arrancadas, sangue jorrando e palavras elegantes e frias diante de corpos que não haviam esfriado, pisando sobre a carne humana e zombando da dor alheia.

Tempos sombrios, reinado das trevas que em breve se tornaria permanente, um jogo de interesses onde apenas eles ganham e o único beneficio que resta aos seus serventes é a vida, algo que na visão da maioria deles é o suficiente, a vida é o bem mais precioso do ser humano e isso desencadeia ações inimagináveis para se proteger, inclusive ajoelhar diante daqueles que os esmagam sem rebeliões, sem questionamentos onde ser cativo é a única saída.

Esses pensamentos sufocavam o soberano Vitia, ele já não suportava a ideia de ser cativo, de toda a história da família ser jogada na lama ao se submeter aos Valero, submissos a tantos anos onde a glória só estava no passado, se ajoelhando e adorando criaturas das trevas temendo por seus pescoços enquanto reinos vizinhos eram massacrados, lutas injustas entre um humano e uma criatura, mar de sangue que se estendia pelos gramados e o eco dos gritos desesperados de bravos soldados apunhalados por garras mais afiadas que suas reluzentes espadas.

Ele olhava o vermelho tingir o céu, seus olhos percorriam o horizonte que parecia perder a cor se tornando cada vez mais apagado, desaparecendo entre as sombras, envolvidos pelas nuvens e banhados com a cor avermelhada. O relógio continuava correndo, a profecia dos Dominic se aproximava e neste momento o pobre rei imaginava o menino que havia lhe pedido piedade sangrando nos braços de seu prometido, culpa e ódio se misturavam, estava entre serpentes que poderiam matá-lo sem pensar duas vezes, sua cabeça rolaria pela praça pública assim que Elaja tomasse o trono.

Uivos de selvagens que os idolatravam seriam ouvidos, seu sangue de nada valeria em um mundo que agora era assombrado e sua alma pesada estava sedenta por vingança, queria não só seu título mas, todo seu poder trazendo a luz que Sea precisa, uma pequena fresta de luz que seria capaz de cortar a densa escuridão como a espada de um guerreiro celestial.

A Mansão Escarlate (Romance Gay)Where stories live. Discover now