CAPÍTULO DOZE

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Aurora acordou de um pesadelo horrível e se sentou em sua cama. O seu rosto estava suado e os seus cabelos grudavam em sua testa. Ela jogou o seu cobertor para fora de sua cama e limpou a sua testa com a mão.

Era um pesadelo horrível e que parecia ser tão real ao mesmo tempo. Uma mulher de cabelos pretos e totalmentes crespos ria insanamente e apontava uma varinha para toda a família de Aurora Waterhouse. Ela havia lançado um feitiço de cor verde em cada membro de sua família e todos eles estavam com uma expressão assustada em seus rostos como se acabassem de ver um monstro.

Obviamente, Aurora sabia que aquele feitiço do pesadelo era a Maldição da Morte, Avada Kedavra.

Aurora sabia muito bem de que não conseguiria dormir após ter acordado de um susto. Portanto, ela decidiu se arrumar para um novo dia de verão.

Ela se certificou de que a sua família dormia tranquilamente ao ouvir os roncos e suspiros vindos dos quartos ao lado. A garota se levantou e foi até a janela. O dia amanhecia lentamente e alguns pássaros já piavam nas árvores da rua de sua residência. Então, ela ouviu três batidas na porta do seu quarto e voltou para a sua cama em instantes.

— Bom dia, querida. – a sua mãe abriu a porta e sorriu ao ver Aurora em sua cama — Há uma pessoa da sua escola querendo falar com você. Ele está lá no jardim.

— Da minha escola? – Aurora arregalou os olhos e se levantou da cama. Ela foi rapidamente em direção à porta do seu quarto. A garota reparou no sorriso tímido de sua mãe — Por que você está me olhando assim?

— Os garotos da sua escola costumam ser bonitos?

— Alguns, mãe. – Aurora revirou os olhos — Francamente, mulher, você é casada.

As duas deram risadas e saíram em direção às escadas. Elas desceram até o primeiro andar e Aurora se digirou para ir ao seu jardim pela porta de entrada. A garota se deparou com um garoto de cabelos longos e escuros e o reconheceu imediatamente. Sirius Black era quem havia arrancado suspiros e sorrisos tímidos de sua mãe.

— A sua mãe é muito simpática. – ele se virou para ver Aurora e deu um sorriso — E bonita também.

— Você dá em cima de todo mundo. – Aurora deu risada — Talvez você precise saber que qualidade é melhor que quantidade. Sossega um pouco.

— Deus me fez assim por um motivo. – ele sacudiu os seus ombros e levantou as suas mãos para apontar a si mesmo — Seria egoísmo não dividir essa beleza entre muitas pessoas.

— Merlim, você é péssimo.

— Obrigado. – ele ironizou o seu agradecimento.

— O que está fazendo no meu jardim? – Aurora perguntou.

— Eu vim te convidar para um passeio.

— Sério, Sirius? – Aurora se surpreendeu — Você já experimentou um relógio? São oito horas da manhã.

— A sua mãe disse que você acorda oito horas da manhã.

— Vocês acabaram de se conhecer e ela conta a minha vida para você. – Aurora falou com um tom indignado em sua voz rouca — O que mais ela contou para você?

— Você não vai saber ao menos que dê um passeio comigo.

— Isso é chantagem. Por que não convida a Marlene ou o James para passear com você?

— Porque eu não quero passear com eles, Aurora. – Sirius deu um sorriso malicioso — Você vem ou não?

— Tudo bem, eu vou. – ela disse com um ar de revolta — Parece que não tenho outra escolha mesmo.

Aurora e Sirius caminharam por uma boa parte da vizinhança em silêncio. Um pouco de curiosidade surgiu na mente brilhante de Aurora e ela resolveu acabar com aquele silêncio perturbador entre os dois amigos.

— Sirius, você está quieto demais.

— E? – ele encarou Aurora.

— E isso não é normal. – Aurora deu um sorriso sarcástico — Você não está bem. É por isso que me chamou para conversar. O que você tem, Sirius?

Sirius lançou um olhar rápido para Aurora e abaixou a sua cabeça. Aurora leu os seus pensamentos e descobriu que Sirius precisava de alguém que lhe perguntasse se ele estava bem naquele exato momento. O garoto de cabelos longos voltou o seu olhar em direção da amiga e Aurora percebeu um pouco de tristeza no rosto de Sirius.

— Eu estou pensando em fugir de casa. – ele falou como se estivesse soltando um peso enorme de suas costas — Você se lembra do que eu te contei sobre a minha família?

— Sim.

— Então, eu não aguento mais viver com eles. – Sirius murmurou — Mas eu não sei se é o certo.

— Você está em um conflito interno com o seu eu interior.

— Traduz.

— Você quer fugir de casa mas ao mesmo tempo não acha que é a decisão certa. Nós, trouxas, chamamos de conflito interno.

— Se é desse jeito, eu estou em um conflito interno com o meu eu interior.

Sirius começou a contar um pouco mais sobre a sua família e Aurora ficou assustada com algumas confissões. A mãe de Sirius, Walburga, odiava todos os trouxas e mestiços e mantinha uma linhagem de uma família com bruxos de puro-sangue.

Ele revelou para Aurora que a sua família forçava os seus membros a se casarem até mesmo com primos e primas para manter a tradição da família, sem contar que todos pertenciam a Sonserina e Sirius era o único de sua família a ser selecionado para a Grifinória, o que provocou o ódio de sua mãe.

A única pessoa da família com quem Sirius mantinha um relacionamento saudável era a sua prima, Andromeda. Aurora percebeu que Sirius estava tentando esconder algumas lágrimas que caíam do seu rosto.

— Eu nunca pensei que fosse dar um conselho como esse mas fugir de casa é a melhor opção. – Aurora deu a sua última palavra — Eles te deixam mal. Isso não é nem um pouco legal.

— Você tem razão. – Sirius soluçou e recebeu um abraço apertado de Aurora. Ele passou sem jeito as mãos sobre os cabelos loiros da garota — Obrigado, Aurora. Você é incrível.

— É melhor nós voltarmos.

— Nós?

— É claro. Você acha mesmo que a minha mãe vai aceitar que eu não te convide para o almoço? Ela vai enlouquecer.

Eles caminharam lentamente até a casa dos Waterhouse e a mãe de Aurora abriu um sorriso ao ver Sirius entrando em sua residência. Aurora revirou os olhos enquanto a Sra. Waterhouse cumprimentou Sirius e lhe arrumou uma cadeira para se sentar na mesa do almoço. Durante o almoço, o pai de Aurora fazia algumas perguntas engraçadas para Sirius e eles discutiam sobre o esporte mais famoso do mundo mágico, o Quadribol.

— Aurora é a artilheira da Grifinória, a nossa casa. Ela é fantástica e ajudou o nosso time a vencer em todos os jogos da última temporada.

— Eu estou orgulhoso, Aurora.

— Obrigada.

Aurora deu um sorriso tímido e fixou o olhar em Sirius que parecia extremamente animado ao se reunir com a família Waterhouse. Pelo menos, ela havia o ajudado a esquecer as turbulências da sua família por algumas horas. Sentia-se com satisfação por estar ajudando alguém.

COURAGE - REMUS LUPINOnde as histórias ganham vida. Descobre agora