CAPÍTULO TREZE

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— Eu gostaria de ter uma família como a sua. – Sirius lamentou e deu um sorriso fraco. Ele encarou Aurora e apanhou um pergaminho amassado do bolso de sua calça — A propósito, Remus mandou entregar isso para você.

Sirius estendeu a sua mão em direção de sua amiga e ela apanhou o papel com as mãos trêmulas. Ela analisou o pergaminho e abriu para lê-lo um pouco antes de ser interrompida por Sirius.

— Como vocês conseguem estar apaixonados?

— Nós não estamos apaixonados. – Aurora mentiu com um sorriso em seus lábios.

— Claro. – Sirius ironizou — Remus só fala em você em todos os momentos. Aurora isso, Aurora aquilo. E você, nem preciso dizer, eu consigo ver no seu olhar.

— Está bem. A pergunta é como nós conseguimos estar apaixonados. – Aurora pulou em cima de uma calçada mais alta na rua — É simples. Eu gosto dele e ele gosta de mim.

— A sua explicação falhou completamente.

— Não vou explicar de outra maneira, Sirius. – ela deu uma risada sarcástica — Sinto muito.

Aurora escondeu a carta em seu bolso ao terminar de lê-la. Uma observação na carta arrancou suspiros e sorrisos da garota e Sirius caçoou dela ao imitar a sua reação. A observação dizia: eu te amo mas a saudade está me matando.

— Você pode sair do mundo apaixonado e voltar à realidade? – Sirius perguntou.

— Me deixe.

— Você foi quem decidiu dar uma volta comigo.

— A minha mãe me obrigou. – ela cruzou os seus braços.

— Não minta. – Sirius balançou a sua cabeça para os lados — Você gosta da minha companhia.

— Eu já disse que não faço parte da associação de suas admiradoras.

— Está mentindo. – ele cantarolou.

Aurora ignorou Sirius e eles continuaram a caminhar em uma rua embaixo do sol escaldante. Sirius começou a cantarolar uma música do mundo bruxo e a garota dos cabelos loiros e longos decidiu ignorar novamente a presença do seu amigo. O garoto parou em frente a um edifício trouxa.

— É aqui. – disse Sirius, referindo-se a sua casa.

— A sua família odeia trouxas e mora em um lugar cheio deles?

— Não, espera só um pouco.

Aurora esperou. Então, uma porta escalavrada se materializou entre os números onze e treze, e a ela se seguiram paredes sujas e janelas opacas de fuligem. Era como se um edifício a mais tivesse acabado de ser inflado, empurrando os seus vizinhos ao lado. A boca de Aurora se abriu em um gesto de surpresa ao perceber que os trouxas que moravam na vizinhança não haviam reparado naquela mudança.

— Eu não vou entrar com você.

— Por que não? – Sirius indagou e subiu um degrau da escada para entrar em sua residência — Você pode me ajudar a pegar as minhas coisas para levar até a casa dos Potter.

— Eu não posso entrar com você do mesmo jeito.

— Você vai ficar com medo da minha família? Eles nem estão em casa. – Sirius desceu o degrau e parou em frente de Aurora. Ela ergueu a sua cabeça para olhá-lo, já que ele era um pouco mais alto do que a garota. Sirius estendeu a sua mão e Aurora segurou a mesma com um mal pressentimento — Vamos.

— Isso não é uma boa ideia.

Aurora subiu as escadas junto ao garoto, a sua preocupação e o seu receio estavam visíveis em seu rosto pálido. Eles continuaram andando por um corredor e uma escada apareceu em seu caminho, Aurora estranhou um barulho e se assustou ao ver um elfo com vestes imundas e rasgadas descendo os degraus da escada. Ele resmungou algumas palavras de ódio e encarou Aurora bem em seus olhos.

— Monstro! – Sirius gritou com o elfo doméstico e ele se afastou.

— Ele me chamou de sangue-ruim. – Aurora indagou, cabisbaixa — Até os elfos domésticos estão ficando preconceituosos?

— Não o culpe. Ele só reflete aquilo que escuta e vê ao seu redor, é como uma criança. – Sirius explicou e largou a mão de Aurora enquanto subia as escadas até o andar superior — Ele reflete aquilo que são os seus mestres.

Aurora havia sido chamada desse nome terrível por duas vezes em menos de um mês. Ela se sentia absolutamente mal em ouvir aquele nome e em saber que haviam pessoas tão preconceituosas em uma sociedade que deveria ser evoluída. Os dois adolescentes continuaram a subir as escadas e pararam em frente a uma porta com uma pequena bandeira da Grifinória e o nome de Sirius Black desenhados.

— Seja bem-vinda ao meu paraíso. – Sirius riu e abriu a porta, estendendo a mão para oferecer passagem para Aurora.

O quarto era espaçoso e havia uma cama grande com uma cabeceira esculpida, uma janela alta com longas cortinas de veludo, e um lustre de velas. As paredes do quarto estavam cobertas com muitas fotos que era quase impossível ver o papel de parede. Além disso, o quarto de Sirius era decorado com cores e banners da Grifinória e com fotos de motocicletas e garotas de biquíni. Aurora fixou o olhar em um canto reservado do quarto e viu uma coruja de cor cinza e um malão com as iniciais de Sirius Black.

— Há quanto tempo? – Aurora perguntou com a intenção de saber desde quando Sirius planejava a sua saída da casa dos Black.

— Desde sempre. – Sirius entendeu a pergunta de Aurora e se sentou em sua cama.

— É melhor nos apressarmos.

— É, vamos. – ele se levantou e arrancou uma foto da parede do seu quarto — Pode levar isso para mim? É especial e não vou deixar em um lugar tão horrível.

— Claro.

Aurora apanhou a foto e viu Sirius, Remus, James e Peter juntos na sala comunal da Grifinória, as imagens se mexiam e eles estavam rindo como crianças. Atrás da foto, havia um escrito dizendo que eram os Marotos, Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas na imagem. A garota guardou a foto no bolso de sua calça e abriu a porta para Sirius passar com o seu malão e a sua coruja.

— Vocês são os Marotos. – Aurora sorriu e Sirius confirmou com um aceno de sua cabeça — Belo nome.

— Posso te mostrar uma coisa antes de irmos embora? – Sirius parou diante de uma porta no final do corredor e Aurora assentiu. Ele largou o seu malão e a gaiola com a coruja no chão com cuidado e abriu a porta — Essa é a tapeçaria da minha família.

Eles atravessaram a sala e Aurora viu uma tapeçaria verde e com fios de ouros bordados que mostrava uma árvore genealógica enorme. Bem no alto da tapeçaria, lia-se em grandes letras: A mui Antiga e Nobre Casa dos Black. "Toujours pur".

— Por que o seu rosto foi queimado da árvore genealógica? – Aurora perguntou timidamente ao observar um buraco redondo e queimado.

— É simples, Aurora, eu não preencho os requisitos da família.

— Os seus pais simpatizam com Voldemort. — Aurora soltou a informação.

— É, sim. Como adivinhou? — Sirius ficou intrigado.

— Intuição. – Aurora mentiu e deu de ombros. O seu olhar se voltou à figura de uma mulher de cabelos negros e enrolados. Ela apontou para a figura na árvore — Quem é ela?

— A minha prima, Bellatrix. – Sirius respondeu — Eu odeio ela e os outros, menos Andromeda. Ela é um pouco diferente de todos da família.

— Bellatrix. – Aurora sussurrou e lembrou do seu pesadelo. Ela se assemelhava muito com a pessoa que havia aparecido no seu pesadelo terrível.

— É melhor irmos embora.

— É uma boa escolha.

COURAGE - REMUS LUPINOnde as histórias ganham vida. Descobre agora