CAPÍTULO QUINZE

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Aurora se desculpou com James pelo acidente e se levantou do chão. Os seis bruxos haviam chegado a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa. Diante deles havia dois bruxos velhos e com feições rabugentas, um segurava um rolo de pergaminho e uma pena e o outro segurava um grande relógio de ouro. Ambos estavam vestindo roupas típicas de trouxas.

— Bom dia, Lyall. – disse o homem com o relógio em mãos com um tom entediado.

— Bom dia, meus senhores. – Lyall sorriu e entregou a bota para um baú grande e cheio de chaves de portal usadas por outros bruxos.

— Venham comigo. – o homem com o pergaminho e a pena mandou aos bruxos.

Eles saíram andando pela charneca deserta, incapazes de distinguir as coisas através da névoa. Passados vinte minutos, eles avistaram uma casa de pedra ao lado de um portão. Mais além, havia um homem na porta da casa, ele observava as barracas em uma floresta escura no horizonte. Aurora teve a certeza de que aquele homem era o único trouxa da área.

— Bom dia! – disse Lyall com um tom nervoso em sua voz.

— Bom dia. – o trouxa deu um sorriso falso — Quem é o senhor?

— Lupin, eu reservei uma barraca há dois dias.

— Entendo. – o homem conferiu uma lista ao lado da casa — O lugar é lá perto da floresta. Uma noite?

— Isso.

— O senhor vai pagar agora, certo? – perguntou o homem com um olhar desconfiado.

— Claro. – Lyall gaguejou e olhou para todos os adolescentes em sua volta — Aurora, me ajude a contar o dinheiro. – o bruxo tirou vários rolos de dinheiro trouxa do seu bolso — Dez?

— Não, essa é uma nota de vinte. – Aurora cochichou e Lyall mostrou uma outra nota para ela — Essa é uma nota de dez.

— O senhor é estrangeiro? – o trouxa perguntou.

— Estrangeiro?

— O senhor não é o primeiro a se confudir com o dinheiro. Tive dois querendo me pagar com grandes moedas de ouro.

— É mesmo? – Lyall disse, nervoso. Aurora lhe entregou o dinheiro, ele deu um sorriso fraco e cochichou — Obrigado, você sabe como é, esse dinheiro é estranho.

— O que o senhor falou?

— Nada. Aqui está o seu dinheiro. – Lyall entregou as notas para o homem trouxa.

Naquele exato momento, um bruxo de bermudão largo materializou-se do lado da porta da casa.

— Obliviate! – disse ele bruscamente, apontando a varinha para o homem.

Instantaneamente os olhos do homem se cobriram com uma vaga preocupação. Aurora reconheceu os sintomas de alguém que havia acabado de ter a sua memória alterada por um feitiço. O homem entregou um mapa e o troco para o senhor Lupin e o bruxo de bermudão acompanhou o grupo em direção ao portão do acampamento.

Eles avançaram lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas. A maioria parecia quase normal e os donos estavam tentando o máximo para evitar os olhares dos trouxas bisbilhoteiros, embora alguns haviam falhado de uma forma inexplicável. Tinham alcançado a orla da floresta no alto do campo, e ali havia uma área livre com um pequeno letreiro enfiado no chão em que se lia Lupin. Após alguns bons minutos, todos conseguiram montar a barraca com as instruções.

— Venham dar uma olhada.

Aurora se abaixou, passou por baixo da aba de entrada e sentiu o queixo cair. A barraca que haviam acabado de montar parecia um apartamento suficiente para seis pessoas ficarem por dois dias. Era incrível como aquela barraca sem graça havia se tornado em um ambiente tão aconchegante. A garota largou a sua mochila no sofá com três lugares e se sentou, ainda vislumbrando em volta da barraca.

— Gostou? – Remus pulou ao seu lado no sofá e colocou o seu braço em volta dos ombros de Aurora.

— É maravilhosa.

— Assim como você. – ele deu um sorriso e deu um beijo rápido na garota. Um sorriso surgiu nos lábios de Aurora e ela tornou a beijá-lo.

— Crianças, está na hora! Vamos! – Lyall interrompeu aos gritos e batendo algumas palmas de empolgação.

Todos saíram da barraca e foram seguindo o mar de pessoas que se dirigiam até o campo de Quadribol. Ao chegarem lá, o pai de Lupin guiou todos os garotos e a sua esposa até o lugar vago do Ministério da Magia para os seus funcionários. Uma apresentação dos mascotes dos times, Inglaterra e Irlanda, inundou as pessoas com gritos animados e a apresentação dos jogadores de cada time também arrancaram gritos ensurdecedores das arquibancadas. Aurora ficou paralizada ao ver o seu jogador favorito da Inglaterra e só voltou à realidade com um grito de Sirius.

— Vai começar!

Os jogadores se posicionaram em suas vassouras e um apito causou o silêncio dos torcedores por alguns segundos. Quando os jogadores subiram no ar, as pessoas nas arquibancadas voltaram a gritar com a sua animação momentânea. E não demorou muito até a Inglaterra marcar um gol e a Irlanda começar a providenciar um ataque mais atento. Gol da Inglaterra de novo! Gol da Irlanda! Gol da Irlanda! O placar piscou em cima da multidão Inglaterra: Vinte e Irlanda: Vinte. Então, os gritos foram aumentando e a torcida da Inglaterra vibrou e explodiu em urros de alegria. Sirius, James, Aurora e Remus davam pulos que assustou até mesmo os pais de Remus ao seu lado.

— Vence a Inglaterra! O apanhador agarrou o pomo quando houve um empate! A Inglaterra venceu!

— Você me deve dez galeões! – gritou Sirius para Lyall.

Os seis bruxos foram engolfados pela multidão que saía do estádio e regressava aos acampamentos. A noite estava sendo animada com aqueles bruxos da Inglaterra gritando, chorando e cantando como se não houvesse o dia de amanhã. Quando eles chegaram em sua barraca, ninguém estava com sono e estavam todos embalados pela festa da comemoração.

— Aqui está, Sirius. – Lyall apareceu com dez galeões em mãos e entregou ao Sirius que sorria como uma criança. De repente, um barulho ecoou no exterior da barraca e Lyall levou um susto — Fiquem aqui.

— O que é isso?

— Tem algo de errado lá fora.

Aurora observou para o interior da barraca e viu vários bruxos correndo para a floresta, fugindo de alguma coisa que avançava pelo acampamento, alguma coisa que emitia estranhos lampejos e ruídos que lembravam tiros. Uma forte explosão de luz verde fez Aurora sacar a sua varinha em seu bolso.

O pai de Lupin gritou para que todos os garotos a acompassem e eles saíram da barraca. Aurora viu um grupo de bruxos que se moviam ao mesmo tempo e apontavam as varinhas para o alto, eles estavam encapuzados e mascarados. Eles andavam e explodiam as barracas em sua volta como se fosse uma espécie de diversão. Então, uma escuridão misturada com o fogo invadiu todo o acampamento.

— Aurora? – a voz de Remus ecoou na frente de Aurora. Ele parecia estar preocupado.

— Eu estou bem atrás de você. – Aurora respondeu à preocupação de Remus — O que é aquilo?

Aurora olhou para o céu e viu uma espécie de conjuração no céu. Era uma coisa enorme, verde e brilhante, Aurora percebeu no momento que se tratava de um crânio colossal e uma cobra saindo da boca como uma língua.

— É a marca de Voldemort. – Sirius falou com a voz ofegante e olhou para Aurora, James e Remus.

A garota soltou um grito aflito e agarrou com força os braços de Remus ao seu lado. Ele abraçou Aurora e acariciou o seu cabelo como se soubesse que a garota estava com medo de algo ruim acontecer aos seus amigos. Naquele momento, Aurora pressentiu que era o início de tempos sombrios no mundo dos bruxos.

COURAGE - REMUS LUPINOnde as histórias ganham vida. Descobre agora