-Entra no carro otário, vamos rezar.- diz estranho sua forma de falar.
-Por que sou otário.- digo seguindo para o lado do carona, quando me sento no banco, penso no restante do que ele havia dito.- Espera! Como assim "Vamos rezar"?
-É isso aí, ir na sua igreja pode ser uma experiência interessante, e quanto ao Otário, foi só uma referência, Meninas Malvadas querido.
Com isso ele liga o carro e sai dirigindo tranquilamente.
-Interessante droga nenhuma, se souberem o que você é vão rezar pela sua alma, se não ficar esperto podem até tentar um exorcismo.- digo o fazendo rir.
-Não funciona, então que eles tentem.- diz, olho para ele assustado.- É, já tentaram. Mas isso não importa.
-Então o que importa?- pergunto abismado com suas histórias.
-Esse lenço no bolso do meu paletó, gostou?- diz apontando para o pedaço de tecido rosa.
-É bem legal, mas o que isso tem a ver?
-As quartas usamos rosa.
-Realmente muito genioso da sua parte introduzir o assunto homossexualidade com meus pais usando rosa.- ironizo.
-Eu sei, mas chega de falar de mim, me fale sobre você, como foi o seu dia.
-No geral foi bem normal, um pouco tedioso. Mas antes de vir pra cá eu encontrei o Otávio, dono da agência Narcisus conversando com a minha ex-namorada e meus amigos.
-Isso me lembra que eu preciso resolver algumas pendências com ele, mas isso é algo pra depois, e aí, vocês conversaram?- pergunta.
-Sim, mas ele fingiu se lembrar remotamente de mim, o que é bom.
-Já estive com ele algumas vezes, o que fez foi bem profissional da parte dele.
-Pois é, mas foi bem assustador ver a cena.- comento.
-É eu sei, esse é o maior problema em se ter um segredo, você acaba ficando vulnerável, com medo de coisas que muitas vezes são ou deveriam ser inofensivas, um refém pode se dizer.
-É verdade.
-Bem complicado isso. Mas vamos mudar de assunto.- diz saindo do campus.- Aonde é a igreja?
Digo a Trevor as coordenadas, durante a viagem indico entradas para que ele não se perca, quando chegamos as pessoas começavam a se reunir.
O Imperador estaciona e nos olhamos mais uma vez, as borboletas começavam a se estapear em meu estômago, então ele se aproxima e me dá um beijo, penso em me soltar dele mas me lembro dos vidros escuros.
-Vamos lá?- pergunta ele, assunto com a cabeça.
Saímos do carro e ficamos próximos as portas da igreja esperando pelos meus pais, algumas pessoas me cumprimentam, Trevor educado interagia com essas pessoas. Quando finalmente chegam minha mãe vêm até nós sorridente.
-Sebastian, você veio!- então se vira para Trevor.- O senhor também, que bela surpresa.
-Boa noite senhora, eu aproveitei o pedido do seu filho para vir a igreja e resolvi aproveitar também.- meu pai chega junto a nós.- E também, depois disso gostaria de convidá-los para um jantar, preciso conversar com vocês sobre algumas coisas relacionadas a Trevor.
-Que coisas?- pergunta minha mãe curiosa.
-Isso é algo para depois, vamos primeiro aproveitar o culto.- diz enigmático.
Nesse momento meu pai me lança um olhar desaprovador, provavelmente ele pensava no dinheiro, só Deus sabia o que se passava em sua mente, roubo? Agiotagem?
Não demora muito para que o pastor chegue, ele se dirige a nós.
-Boa noite, boa noite irmãos. Sebastian, a quanto tempo, estava ficando preocupado. Então sua atenção se volta ao Imperador.
-E você, quem é?- questiona.
-Sou Trevor, um amigo de Sebastian.- afirma de forma leve, o pastor segue encarando-o percebo que sua estava apontada a algo nas suas roupas.
-Não é correto que um homem use rosa.- aponta para o lenço em sua lapela.
-Está aí como um lembrete ao combate do câncer de mama.- afirma veemente, aonde estava aquela história de "As quartas usamos rosa" agora?
-Ah meu caro rapaz, só Deus cura, opera milagres, a medicina não é nada perto da vontade do Senhor.- afirma ele.
-Hum, interessante, sem Deus é verdade, mas você não acredita que é Ele quem permite e dá a oportunidade da pessoa que precisa se curar? De que médicos também podem ser intervenção divina?- questiona.
-Ora, veja bem, médicos são apenas humanos, eles não têm capacidade de operar milagres.
-Você também é humano, e não estou pondo em pauta a capacidade de operar milagres dos médicos, estou questionando se a medicina não poderia ser a mão de Deus intercedendo sobre nós.
Minha mãe ouve aquilo refletindo, para ela aquele debate era muito efetivo levando em conta seu tratamento contra o câncer. Por alguns instantes o pastor permanece quieto, mas logo tenta se recompor.
-Posso ser humano, mas... Mas eu profetizo na casa do Senhor.- diz apontando para a igreja já um pouco mais exaltado.- Se houver uma cura será aqui.
-Você parece estar duvidando da capacidade de Deus.- observa Trevor levantando uma das sobrancelhas,- lugares como esse são bons para buscar conhecimento, mas isso não significa que o Senhor está restrito a prédios assim, Ele é onipresente, está em literalmente todo e qualquer lugar.
A gravidade ao redor de Trevor pesava mais a cada palavra que dizia, amassando seu oponente de debate.
-Que seja.- diz rabugento,- eu tenho um culto para lecionar.
Então se vira e vai embora.
-Nunca havia pensado dessa forma.- diz minha mãe a Trevor.
-As vezes é preciso pensar além do que te dizem, tirar suas próprias conclusões.- afirma ele.
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Gay Por Dinheiro ( Romance Gay )
RomanceAVISO!!! Essa obra contém conteúdo adulto e não deve ser lida por menores de 18 anos. Essa obra foi removida pelo Wattpad por algumas questões de direitos autorais, por isso estarei repostando aqui. Espero contar com a paciência, compreensão de você...