67- O Valor De Uma Aceitação

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Tomar café com Trevor mandava para longe todas as preocupações e inseguranças que me espreitavam, a doença da minha mãe e o que eles poderiam pensar da noite anterior viraram fumaça.

-O que pretende fazer hoje?- pergunta ele.

-Não sei, por que?

-Por nada, estava curioso, depois do café vou te levar pra casa e te deixar fazer o que quiser, sem planos mirabolantes, apenas aproveite esse tempo com sua família, acho que não está tendo muito disso ultimamente, não é?- questiona.

-É verdade, mas por mais que eu goste de estar com eles, eu amo estar com você, além disso é sempre arriscado que façam perguntas as quais eu não tenha a resposta.

-Entendo, você fica meio dividido entre o afeto e o medo.

-Sim.- confirmo.

-Acho que é como eu estava falando, as coisas que um segredo rouba de você.- diz, sinto que ele está relembrando o passado.

-Nunca é tarde pra se recuperar qualquer coisa que seja.- digo.

Me aproximo dele até ficarmos ombro a ombro. Ele recosta sua cabeça na minha. Diferente de tantos casos de sexo que faziam queimar nossos corpos, aquele era um dos momentos de companheirismo que aqueciam o coração e iluminavam a alma.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, encarando o nada.

-Sabe de uma coisa, eu criei uma empresa do nada, fiquei muito rico e fiz muita coisa, mas acho que te conhecer foi melhor do que tudo isso.- declara.

-Não precisa exagerar.- digo.

-Estou sendo sincero.- insiste, convencido me viro levemente para dar um beijo em sua cabeça.

-Ok, então sinceramente, minha vida não foi tão incrível assim, mas eu passei no vestibular, conheci bons amigos, inclusive uma namorada que era até legal, mas de longe você foi a melhor coisa que me aconteceu. E digo mais, o futuro vai ter que caprichar se quiser superar isso um dia.

Digo isso, então nos encaramos e ele se aproxima para um beijo.

-Certo, acho melhor te levar pra casa agora, uma noite longa e cansativa pode explicar o fato de alguém dormir fora de casa, mas ficar o dia inteiro já deixa as coisas mais complicadas.- diz dando um sorriso.

-Ok.- digo.

Vamos para o quarto e nos vestimos, saímos de sua casa por volta das oito horas da manhã, Trevor dirigia enquanto eu o admirava.

-O que foi?- pergunta reparando o que eu estava fazendo.

-Não é nada, eu só estava apreciando o homão da porra que eu tenho como namorado.- digo.

-Não acha que estou​ vestido demais para estar me apreciando?- diz levantando a camisa como se fosse continuar, observo seu abdômen.

-Não, você é digno de apreciação de todas as maneiras, vestido, pelado e inclusive internamente.- digo, ele me observa horrorizado.

-Que coisa mais macabra de se...- então ele percebe que eu me referia a penetração durante o sexo.- Aaaatá, agora eu entendi, obrigado, digo o mesmo sobre você.

Durante o trajeto jogavam conversa fora intercalando com o silêncio, o qual grande parte era minha culpa, não podia negar que estava tendo em rever meus pais agora.

Quando chegamos perto da minha casa Trevor estaciona, então me dá um último beijo.

-Boa sorte.- me deseja ele antes de partir.

Entro em casa buscando alguém em casa no sofá da sala encontro meu pai assistindo TV.

-Oi.- digo.

-Oi filho.- diz se levantando.- Deu tudo certo ontem a noite?

-Sim, aonde está a mamãe?- pergunto.

-Foi fazer uma visita pra sua tia Selma.

-Hum, é bom pra ela sair um pouco.- digo.

-É.- fala, espero alguns instantes por alguma reação ou comentário, mas nada vêm.

-Então, eu vou tomar um banho e pôr uma roupa limpa.- digo saindo.

-Não filho, espere aí, eu preciso falar com você.- diz ele fazendo um frio percorrer minha espinha.

-O que foi?- pergunto.

-Olha, mas eu percebi coisas ontem a noite e não sei se estou certo, nem ao menos sei como ou por que, encontrei um brilho diferente nos seus olhos, acho que não só nos seus. A única coisa que sei é que se eu estiver certo e se for o que te faz feliz, estou feliz por você.- fala ele finalmente.

O encaro por longos segundos, com medo de que aquilo fosse uma ilusão, me aproximo dele cauteloso receoso de que ele negasse mas no fim é ele quem me abraça.

-Te amo filho.- diz, fazendo com que toneladas de medo e pressão flutuassem como enormes pedras na gravidade zero. Retribuo o abraço.

-Eu também te amo pai.

Gay Por Dinheiro ( Romance Gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora