90- Demissão

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Assisto Trevor caminhando até o elevador a cada passo que ele dava a dúvida de ficar ou ir atrás dele aumentava, até onde ia o respeito a sua "vontade de ficar sozinho"?

As portas se fecham e ele some de vista.

-Eu vou atrás dele.- digo começando a ir ao seu encontro.

-Espera filho, talvez ele só precise de um tempo, você não sabe o que eles conversaram lá dentro.- argumenta meu pai, então me viro e lhe encaro.

-Exatamente, minha mãe está lá dentro por ouvir coisas da língua errada, não vou deixar que isso afete alguém que amo de novo.- digo, e sem esperar sua resposta corro.

Paro por alguns instantes na frente do elevador, no fim eu sabia que esperar ali não seria o suficiente, então pego o caminho das escadas. Saltava degraus em dois, três ou o quanto conseguia por algum motivo maior até mesmo do que as lágrimas de Trevor sabia que precisava encontrá-lo, meu coração sentia isso.

A descida parecia não ter fim de tal forma que quando chego ao térreo estou arfando, aperto o passo para o estacionamento mas lá a única coisa que consigo ver é o carro de Trevor saindo e deparando pela cidade.

-Não, não, não!- digo já perdendo a velocidade.

Não tinha sido rápido o suficiente, nem meus pés e nem minha mente na hora de decidir ir atrás dele, havia falhado. Frustrado me sento na calçada apoia meus cotovelos sobre os joelhos e cubro meus olhos enquanto minha meu corpo estava cansado minha mente era quem acelerava tentando imaginar o que minha mãe e ele haviam conversado, pela forma que Trevor saíra podia imaginar as palavras tóxicas dela agora.

Depois de um tempo percebo que não adiantaria nada ficar ali parado, naquele momento Trevor já deveria ter chegado em casa, pego o telefone e tento ligar para ele mas em todas as vezes caio na caixa postal, então vou até seu Whatsapp.

"Oi, não sei exatamente o que aconteceu entre você e minha mãe ou o que ela te disse, mas sabia que estou aqui pra quando precisar, me ligue quando quiser" envio, ele vizualiza mas não responde.

Então meu pai sai pela porta do hospital e vem até mim.

-Filho, o médico disse que se tudo ocorrer bem ela terá alta amanhã, então acho que não temos o que fazer aqui, é melhor irmos para casa descansar um pouco.

Concordo e me levanto, entramos em nosso carro e partimos, enquanto o meu pai dirigia eu permanecia em silêncio no banco do carona girando a aliança que Trevor havia me dado.

Quando chegamos vou para o meu quarto e me jogo na cama, fico encarando o celular esperando uma resposta até cair no sono.

Acordo na manhã seguinte com o barulho do despertador, me levanto apressado e sigo para o banheiro, tomo um banho rápido, quando saio meu pai também já havia acordado e fazia o café.

-Bom dia, filho.- diz pondo a garrafa sobre a mesa.

-Oi, pai, não vou demorar muito​, só um copo de café e estou indo.

-Hum, está ansioso pra falar com o Trevor, não é mesmo?- pergunta.

-Está tão na cara assim?- questiono, ele assente com um balanço de cabeça.- Estou preocupado com ele.

-Imagino, eu também tenho minhas preocupações, quando voltar da universidade vamos tentar resolver a situação entre você e sua mãe, eu mesmo vou conversar com ela antes.

-Certo, mais tarde vemos isso.- digo, em seguida viro o restante do copo, apanho minha mochila e saio.

O carro da empresa que geralmente​ me esperava na frente de casa não estava ali, então chamo um táxi e sigo para a construtora. Fico martelando aquilo enquanto olhava pela janela do carro, mas no fim paro, imprevistos aconteciam um pneu podia ter furado.

Na frente da empresa pago pela corrida e começo a subir as escadas, passo pelas portas e sigo direto para o elevador. Já no andar de Trevor encontro Alice arrumando algumas caixas na sala de espera.

-Bom dia.- digo começando a passar por ela.

-Oi, Sebastian espere um pouco, preciso falar com você.

-Claro, mas será que poderia ser breve? Estou com um pouco de pressa.- digo parando.

-Imagino que estejamos falando sobre o mesmo assunto.- diz ela de uma forma cuidadosa. Parecia ter medo de continuar, olho com atenção e percebo que as coisas que estavam entre nós eram minhas, livros, cadernos de anotações e outros objetos de estudo que ficavam na minha mesa.

-Alice, por que minhas coisas estão aqui?- pergunta confuso.

-Bem, é isso que eu tenho pra falar, a partir de hoje você não é mais um funcionário da Imperial Construtora. Seus honorários serão devidamente pagos e...

-Você está brincando comigo? Eu preciso falar com o Trevor.- falo sério e caminho até a porta de seu escritório.

-Ei, você não pode entrar aí.- diz ela me advertindo. Não lhe dou ouvidos, apenas sigo.

Abro a porta abrupto e ali encontro o nada. Não havia ninguém ali, não havia nada, até mesmo a mesa de trabalho de Trevor estava vazia.

-Não pode ser...- digo incrédulo, aquilo não podia estar acontecendo.

Então meus olhos se voltam a estante de livros de Trevor, e algo toma minha mente, ele devia estar ali, talvez só estivesse magoado pela noite de ontem eu só precisava encontrá-lo.

Vou em sua direção e puxo o livro do meu escritório, mas ao invés de funcionar como uma alavanca ele simplesmente vêm à minha mão, em seguida começo a buscar e arrancar todos os outros livros que conhecia mas todos agiam da mesma forma, não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Depois de tentar até mesmo os livros que eu desconhecia caio de joelhos sobre a estante e as lágrimas me vêm aos olhos, depois de alguns minutos de solidão Alice vêm até mim, estava ali o tempo todo mas havia me deixado ter meu tempo de extravasar.

-Não adianta Sebastian, venha comigo, eu vou te ajudar a levar suas coisas até lá embaixo, um carro da empresa vai fazer o restante até sua casa.

-Não! Eu não sair daqui até falar com o Trevor.

-Não adianta, ele nem veio pra cá hoje, me disseram que não virá mais. E se não vier comigo vou precisar chamar a segurança. Então por favor, não faça tudo ser ainda pior.- pede ela.

Eu queria resistir, mas não podia fazer nada no fim das contas, assinto com a cabeça e me levanto e observo a pilha de livros que havia deixado no chão. Ao ver meu estado Alice me abraça, tentando me reconfortar.

Então saímos dali, apanhamos as caixas de sua sala, entramos no elevador​ e descemos. Já na frente do prédio colocamos as caixas em um dos carros da empresa.

Ela me abraça mais um vez.

-Não fica assim, as coisas vão melhorar, você vai ver.- diz ela, não respondo. Então dou uma última olhada no prédio e volto a lhe encarar.

-Adeus.- digo, em seguida entro no carro e vou embora.

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