88- Um Improvável Doador

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Mesmo com tudo o que estava acontecendo falar algumas verdades na cara de Caroline, além dos danos físicos causados por Valentina haviam melhorado um pouco meu dia.

Juntos seguimos dali para uma lanchonete do campus, nos sentamos em uma das mesas vagas e nos encaramos, suspiro e acabamos rindo.

-Que dia!- exclamo.

-Não seja diminuto, eu adorei dar um soco naquela vadia, não acredito que ela fez tudo isso.- diz se referindo aos acontecimentos desde a noite passada.

-Verdade, mas Valentina, eu preciso te pedir desculpas, acabei julgando você pelas coisas que a Caroline fez sendo que no fim foi uma vítima, assim como eu.

-De boas, eu também vacilei quando não desconfiei, fiquei eufórica demais quando vi ela se aproximando demais, acho que o milagre era grande demais pra ser verdadeiro dessa vez.

-Talvez, mas eu sei como é quando o coração toma o controle, e tenho certeza de que um dia vai encontrar alguém bem melhor do que ela.

-É claro que vou, pra começo de conversa qualquer saco de lixo vale mais do que aquela desqualificada e além do mais, eu tenho meu brilho, bebê.- diz ela jogando o cabelo pra cima.

-Com certeza.- digo rindo.

Nesse momento Igor vêm até nós correndo.

-Oi gente, finalmente encontrei vocês posso me sentar?- pergunta.

-Claro meu lindo, quer vir aqui no meu colinho?- oferece Tina.- Eu sei que pra algumas sou uma sapatona, mas certas pessoas não sabem a diferença de uma lésbica e uma bissexual.

O garoto fica ruborizado mas logo se recompõe.

-Acho que seria melhor você sentar no meu colo então.

-É só marcar o local e o horário, bebê. E além do mais, essa coisa de posição é bobagem, te mostro uns brinquedos que eu tenho e você muda antes de contar até dez.

Igor me encara por alguns instantes exitante mas segue.

-Bem, pelo que ouvi você sabe sobre o assunto...- diz deixando a pergunta no ar.

-Vai na fé, dói um pouco no começo mas você se acostuma e depois compensa.- afirmo, me assumir publicamente aparentemente havia me dado uma liberdade pra falar no assunto que eu não tinha antes.

-Sério?- pergunta curioso.

-Seríssimo.

-Ok, quem sabe um dia.- diz dando de ombros. Então se senta ao lado de Tina.- Mas não foi sobre isso que vim falar. Vi na internet agora a pouco que o dono da Imperial Construtora revelou sua identidade e que estava infiltrado como um funcionário executivo na própria empresa. E como sei que trabalha lá fiquei pensando se você talvez não conheça ele. Parece que o nome dele é Trevor.

Igor me questiona sobre o assunto. Os olhos de Tina se voltam para mim arregalados, eu não havia me lembrado que ela o conhecia.

-Para tudo! Sebastian, o Trevor... O seu Trevor é o...- ela não consegue acabar seu questionamento. Minhas bochechas queimam e eu sorriso de desconforto surge em meu rosto.

-Surpresa!- digo balançando as mãos.

-Espere um pouco, o que eu perdi aqui?- pergunta Igor confuso.

-Nada, acredite em mim, hoje a noite eu explico isso na minha casa, acho melhor não tocarmos no assunto aqui, pode ter alguém da turma de jornalismo por perto.- diz ela voltando sua atenção para ele mas voltando até mim algumas vezes, entendia o quando era difícil entender a situação completa.

-Ok, só não vou reclamar por que essa noite promete.

-Oh se promete...- diz com um sorriso safado e antes que perceba Tina se aproxima e lhe beija furtivamente.

Meu telefone toca, atendo ao ver que se tratava de Trevor.

-Oi...- digo quase deixando escapar seu nome.

-Oi amor, está ocupado?- pergunta.

-Não, aconteceram umas coisinhas e acabou que estou matando aula, pura malandragem.- digo rindo.

-Mas que garoto travesso esse meu.- já que é assim por que não me encontra no hospital, estou indo pra lá agora, o carro da empresa está te esperando mesmo.

-Ok, estou indo.- digo e desligo, então me levanto e jogo a mochila nas costas.- Desculpa gente, eu preciso ir.

-Até.- diz Tina simplista se voltando para Igor.

Vou para o estacionamento, entro no carro e o motorista dá partida, seguimos para o local marcado. Quando chego encontro o estacionamento muito mais cheio do que de costume, deveriam ser os funcionários da construtora dispostos a se tornarem doadores.

Saio do carro e sigo para a recepção que estava igualmente cheia. Com a minha chegada um funcionário que aparentemente estava a minha espera me guia até o elevador, subimos e seguimos por um comprido corredor, não questiono pois já imaginava aonde chegaria.

Não demora muito para que eu veja as robustas costas de Trevor ao lado do meu pai. Quando chego o homem vai embora nos deixando a sós.

-Oi.- digo anunciando minha chegada.

-Oi filho.

-Oi Sebastian.- diz ele, então passa o braço por cima do meu pescoço, a nossa frente havia uma grande parede de vidro. Além dela algumas pessoas estavam sentadas enquanto médicos recolhiam amostras de sangue. Obviamente eram os funcionários.

-Eles já vieram.- observo admirado.

-Sim, eu dei um dia de folga para todos que quisessem vir.- diz observando-os enquanto afaga meu braço carinhoso.- Na situação que estamos quanto antes conseguirmos um doador melhor.

Logo em seguida o mesmo médico que nos atendera pela manhã se aproxima.

-Bem, o senhor está sendo muito generoso trazendo tantos doadores senhor Imperial. Com fé logo teremos um doador compatível.

-Sim, se nenhum destes for, encontrarei outros.- diz focado, ao ouvir isso o puxo para mais perto.

-Quanta determinação, talvez você também queira tentar a sorte então.- diz o médico olhando por cima de seus óculos.

-Ah, não sei se é uma boa idéia.

-Vamos lá, não custa nada tentar mesmo se não for essa o senhor pode salvar uma vida.- insiste, depois de alguns pensativos momentos Trevor cede.

-Está bem, vamos fazer isso.

O Imperador entra na sala de exames seguindo o médico, se deita em uma das macas que havia acabado de desocupar e os preparativos começam.

Trevor faz uma leve careta quando lhe perfuram com a agulha da seringa, enquanto o sangue saía nos encaramos pelo visto, logo tudo acaba. Imediatamente o líquido é mandado para análise, os dois permanecem ali conversando enquanto esperam o resultado, para o Imperador tudo aquilo parecia uma simples brincadeira, pouco depois uma enfermeira volta em passos largos trazendo uma prancheta em mãos, chega até eles e começam a conversar, o espanto no rosto dos três ali era facilmente visível, ainda sem acreditar Trevor abre um grande sorriso e faz um sinal de positivo para mim.

Aquilo era completamente surreal imaginar como em tantas possibilidades Trevor era a pessoa certa, o doador compatível. No fim ele parecia não se cansar de salvar meu dia, era meu amor, meu herói.

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