Capítulo 1

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Narrado por Paulo...


Isso aqui não é brincadeira. 

Nem conto de fadas. 

Tá mais pra vida real. 

Real e dura.

Dura é minha pena.

Estou "preso", e é isso que preciso contar. Para quem gosta de histórias de "presídio" baseadas em fatos reais, seja bem vindo. 

Eu me encontro num de segurança máxima. 

Na direção geral está Lourdes Maria, mãe do Ariel. O pior dos agentes é o Horácio,  irmão mais velho do Ariel. E meu advogado é o seu Zé Joaquim, o pai do Ariel. O lugar onde estou detido chama-se C.A.S.A. sob o regime semiaberto chamado de Casamento.

Pois é isso, sou um homem casado. Pior que isso, sou um sagitariano casado.

Quem me mandou tirar o cabaço do cara? Tive que casar. Menino de família é assim.


Segue a título de informação: me chamo Paulo, nome do meu avô, aquele nome que a minha mãe certamente escolheu. Tenho 38 ("treis oitão") e quando casei tinha 33 anos, a idade de Cristo. Assim é como eu me sinto (um Cristo) quando me lembro do que é estar nas mãos desse pequeno. Sou testado, testado e testado.

Não é 100% ruim, é só uns 10%. Confesso que o casamento não é ruim para a maioria das pessoas e pra mim também... mas entendam, ser solteiro é muito melhor. Na maior parte do tempo, a peste faz a relação ser muito boa. Está aí um problema preocupante, ele é perfeito como marido. Ele é bom companheiro, é comportado, doce, calmo, sensível e sabe cozinhar. Eeeee.... eu ainda aposto um rim como ele pôs alguma poção do amor naquelas comidas.

Ele jura que não.

Sexo? Nisso eu sinto a magia exalando do seu corpo, meu Ariel é uma bomba sexual. O que tem de pequeno, tem de puto e o que ele tem de puto, eu tenho de tarado. Mas precisava casar?

Claro que não precisava. Um sagitariano não nasceu para ficar apertado nas amarras de um casório. Claro que podemos casar, casamos, eu tô casado e isso pode acontecer com qualquer um, afinal, não se pode ser apenas feliz na vida, todos nos casamos em algum momento.

Sagitarianos podem ser fieis, são fieis, mas retorno a perguntar: precisava casar?

Ainda bem que meu Arielzinho tá feliz e a felicidade dele brilha no meu dedo anelar da mão esquerda. Ele zela muito pela relação, pela casa e pelo que estamos cultivando nesses cinco anos de união. Talvez eu seja um "reclamão" chato, às vezes, concordo, mas... precisava casar?

Gente, gente, ficar junto sem compromisso é a melhor coisa, dá saudade, dá tesão, não dá briga, não gera cobrança e cada um vai pra onde quiser, nada de apego. É perfeito!

Mas daí eu casei, casei e ainda gosto de sair e o Ariel acha milhares de motivos pra ficar amassando os lençóis da cama ou amarrotando o sofá. Ele puxa pra dentro e eu pra fora. Só nisso que precisa duns ajustes e quem sabe, quem sabe mesmo, um dia eu pare de reclamar da minha "prisão".

Se tem dia que ele parece um alegre pote de mel, tem dia que parece um limão cortado que ficou de um dia pro outro em cima da pia, azedo e com gosto estranho. A gente não encara. Se ele se chateia, eu sofro, dobro um cortado ou seria corto um dobrado, enfim, não vem ao caso.

Segue o baile...

Isso começou em 2012.

Estava eu muito faceiro cuidando da minha vida, do meu pequeno empreendimento, que é a colheita de milho para a silagem, das minhas macieiras tipo exportação, cuidando da criação de galinhas, meus bois de exposição... minhas vacas e...  Então, não é um empreendimento tão pequeno assim, e também não cuido sozinho, tenho funcionários, mas pularemos a menção aos custos, valores, despesas operacionais e conversas relacionadas à burocracia disso, porque não tenho saco para essas questões, que é onde entra o contador. Aliás a contadora, dona Liz. 

O Centauro e o Caranguejo (Em Pausa)Where stories live. Discover now