Capítulo 3

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Namorar é bom. E quem não sabe?

Quando penso em namoro, penso na cobrança exagerada que me irrita bastante, sabendo que na contrapartida tenho alguém pra agarrar, chamar de meu e aproveitar comigo pra fazer umas loucuras. Já namorei, como disse antes e, o Wagner era maluco por aventuras, tínhamos moto, ele já teve jipe, já saltou de paraquedas, nós acampávamos em rodeios e saímos do país pelo menos três vezes em quase quatro anos... meu medo de me apegar vem do que nos aconteceu depois desse tempo, mas conto mais pra frente quando o clima favorecer o drama.

Sexo é ótimo. E quem não sabe?

Quando penso no sexo, estando nessa solidão, assisto um vídeo de sacanagem, daí a rola acorda, fica "acesa" na cueca e não tem sossego... aquela coisa dura, marcada, que a gente rela, aperta e mexe, puxa o ar entre os dentes, tesão não para de subir, mas que eu seguro porque acho que vou encontrar alguém pra gastar esse tesão acumulado. Penso assim dois ou três finais de semana, meu limite tá ultrapassado e quando percebo, tô gozando e melando a roupa de baixo só de imaginar uma pessoa que mora há quatrocentos quilômetros de distância. Porque pra ficar de vez em quando, eu tenho um cara, o Raul que mora no litoral. 

Basta ele dizer: "Acabei de sair do banho" — e mandar uma foto, todo pelado na frente do espelho que, "sassenhora", eu fico suado... Filho da puta ainda coloca a mão na frente do pau pra me deixar com mais vontade ainda de aguentar aquilo tudo.

Somos versáteis, mas prefiro ser o ativo e ele na maioria das vezes quer me pegar, então rola uns conflitos de interesse, que remediamos com umas promessas que não vamos cumprir. Tipo, ele não viria morar no meio oeste, eu não iria para o litoral. Uma visitinha tudo bem, mas morar... nem pensar. Cada um tem uma maneira bem independente de existir e nós dois gostamos da coisa assim. Não nos chamamos de namorados e ficamos quando dá vontade.

Eu seria fiel se ele morasse perto, acho que poderíamos firmar um namoro, por isso não fico cobrando ele, nem ele me cobra porque entende que distância é foda. Pra matar a saudade e me masturbar, já que estou necessitado, eu olho sua foto outra vez, ligo para o seu número depois das dez e sua voz grave fala um:

— Oh meu quiridu. Tás bonzinho? — ó o sotaque dele que coisa engraçada. Na verdade é estranho, parece que é de outro planeta, credo.

— Tô bom. Ei, às vezes dá saudade, né... — eu ando boca aberta pra confessar isso. No nosso mundo dos centauros não acontece muito esse tipo de coisa: confissão de carência. A gente lida com isso de uma maneira muito mais prática: arrumamos uma aventura nova, exploramos o que é possível explorar com muita intensidade.

— Sim, sim... mas a gente se falou esses dias.

— É, tá certo. Tudo que é demais enjoa e não temos compromisso, bem lembrado.

— Senti uma raivinha aí do outro lado. — Nossa, eu garro um ódio quando ele debocha da minha carência. Também não falo mais nada. Ele que se mexa pra mostrar que ainda gosta de mim. — Oh minha paixão... vem pra praia no feriado.

Ah agora que me cobro.

— Não... tem muito movimento nas rodovias.

— Ah, sério? Vem grande, vem... quero dormir agarradinho contigo uns três dias. Nossa, deu tesão de imaginar quando a gente ficar sozinho aqui em casa...

— Aiai... — eu suspiro — mostra... manda uma foto, eu mando outra.

Deixa eu ver se consigo descrever uma rola. O básico todo mundo sabe sobre o órgão fálico, mas sobre o pau do Raul, vamo se respeitar, é uma coisa que a gente sente falta de ter na boca. Um mamazão! Comprimento e grossura, digamos que tá ótimo, enfim, não é competição de ego, então focamos no "design": Raul é moreno claro que pega cor fácil, sempre tem a marca da sunga que deixa o rabo branco e o resto do corpo bronzeado, a rola também tem uma cor levemente mais escura, isso mesmo, o couro da pica no meu caso é meio rosadão e no dele é moreno...

O Centauro e o Caranguejo (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora