Finalmente dona Lourdes sossega, toma a dianteira e consegue, meio por debaixo dos panos, entrar por uns minutos para ver o marido. E eu... bom, eu fico sem saber que assunto conversar com o Ariel, porém ele sabe e puxa a conversa.
— Paulo, obrigado por ter vindo trazer a gente. Sabe... lembra o que tu disse sobre a CNH? O meu pai nunca vai me deixar fazer a carteira de motorista.
— De nada. — dou uma "seca" pra não me envolver no papo dele. Ele se faz muito de coitadinho e não tenho tempo pra isso. Além de ser adolescente. Eu sei que passou dos 18, mas pensar que é adolescente me mantem no foco.
Mas como não sou cavalo, reconheço meu coice no rapaz e ofereço:
— Quer descansar um pouco? Deita o banco da frente e dorme um pouquinho.
Ajeito o banco, porque nem isso o rapaz sabia fazer, empresto meu celular pra ele ouvir música e recebo um olhar seu, bastante desajeitado. Ariel olha uma, duas e na terceira olhada dele, eu finjo que tô procurando alguma coisa e não olho mais.
Dona Lourdes vem animada dizendo que seu marido logo será liberado e que está bem, que fora apenas a pressão elevada (claro que não deixa de ser grave).
Enquanto esperamos perto da entrada onde fica a recepção, lugar em que se aguarda notícias, entra pra visitar e registra pra internação, ela puxa o assunto: "Ariel, menino de ouro". A mulher me conta que o menino cozinha bem e, eu quase perguntei se isso era propaganda e se a gente pode experimentar sem compromisso...
Mas quero viver muitos anos mais.
É muito elogio sobre uma pessoa, direcionado para apenas um cristão, no caso, eu.
— Meu menino faz cada receita doce...
— Não sou muito chegado em doce.
Mentira e sagitariano não combinam, mas eu não quero comer as "poções do amor" que ele fará se eu arregar demais.
— Ih, então... o salgado que o Ariel faz, é muito melhor que o meu. Ele prepara aquelas receitas que vêm nas embalagens de creme de leite... tem uma receita melhor que outra.
— Ah, essas receitas muito luxentas não me agradam. Eu sou do arroz, da batata com carne moída e da carne de porco bem frita.
— Ele faz também. A comidinha simples dele é muito boa e precisa ver que tempero.
— Eu prefiro só com sal... bem pouco de preferência.
— Bem do jeitinho que ele faz. O Zé não pode comer nada com muito sal. Meu filho é prendado na cozinha.
Eu já tô suando, tô nervoso e preocupado com o rumo da conversa e continuo tentando escapar...
— Mas tem dia que prefiro mais sal na comida.
— É questão de tu pedir pra ele salgar mais.
Ahááááá! Peguei! Ela tá mesmo fazendo propaganda do filho, quer arrumar casamento.
Aqui farroupilha!
— Bom... — quase gaguejei, que merda! — Bom, pra quem um dia viver com ele. — eu falo sério e olhando pro alto da serra, as montanhas verdes, o começo do céu cinza claro que favorece o mormaço.
— Ele só sai de casa bem casado. À moda antiga, anel no dedo e documento... eu já fui lá no cartório me informar e sei que dá pra "fazer o papel".
— Nossa!
MEODEOSSS! Traduzindo a frase acima.
Acho que tenho cara de marido pra essa muié.
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O Centauro e o Caranguejo (Em Pausa)
RomanceEm Pausa! Sagitarianos amam sua liberdade mesmo quando estão se relacionando. Cancerianos querem uma relação e não ligam para a liberdade desde que possam viver com quem amam. LGBT. Conteúdo adulto. Romance homo-afetivo. Em desenvolvimento. Se você...