Capítulo 11

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Sabe quando se come um pratão de feijão com arroz, carne, batata, salada e mais uns acompanhamentos? 

A gente fica empanzinado. Satisfeito. Dá um soninho gostoso. Então deitamos para tirar o cochilo, fazer a digestão e acordar leve, andando nas pontas dos pés, feito um bailarino. 

Só esse sarro gostoso com Ariel me deixou sorrindo por três ou quatro dias.

Paulo, o centauro espirituoso, leva seu noivo pra provar a aliança e tirar aquela bijuteria que ficou folgada no seu dedo. Na verdade eu fracassei na tentativa de tirar a aliança, ele não deixou. Disse que só ia tirar quando a outra ficasse pronta. E eu achei a maior fofura esse jeitinho dele. Mal sabia eu, que ele tinha ficado preocupado e quando o devolvi à sua família, já ouvi:

— Coloca a sua pra andar por aí. Como que as pessoas vão saber que tu é noivo?

Manda quem pode e obedece o centauro domesticado.

— Claro. Chegando em casa, já coloco.

— Porque tirou?

— É que é... um anel simbólico, não era o oficial.

— Mas não pode tirar do mesmo jeito.

Misericórdia 3.

— Nós já "temo" engordando o porco. Pra Natal sai esse casamento? ─ Dona Lourdes ainda consegue me assustar. Eu nem tava pensando em festa. Pra que festa? Ah não, isso já é demais.

— Dona Lourdes, quero casamento moderno. Lá no cartório, duas testemunhas e um almoço de família com no máximo dez pessoas. Nada de festança.

— Mas eu já achei uma mulher pra fazer o bolo, já convidei ela com a família toda, não posso dar pra trás.

— Quem que decidiu a data? — Essa mulher me irrita.

— O Ariel disse que pode ser na semana de Natal.

— Mãe!

Tadinho. Essa mulher ainda vai nos perturbar muito até a semana de Natal. Isso que estamos em maio.

— Acho que não precisa matar porco, nem boi, nem novilho, pra mim, umas linguiças, pão e maionese tá ótimo.

— Nem pensar. É a data mais importante na vida de um rapaz.

— A senhora trata seu filho igual uma noiva. Perguntou pro Ariel o que ele quer? — Agora que nós vamos discutir feio. Já tô tomando as dores do meu rapaz. — Ariel, meu anjo, o que VOCÊ quer?

— Queria uma coisinha simples.

Aleluia, glória a Deuxx, o sangue do cordeiro tem poder. Eu tava quase me cagando, achando que ele ia aceitar a ideia dela.

— Tá vendo, dona Lourdes. Precisa ouvir seu filho.

— Tá, eu nunca mais me meto em nada. Se o Ariel quiser casar que case, se não quiser, pode se ajuntar, pode fazer as coisas de qualquer jeito. Se der certo como vocês querem fazer, vão me tacar na cara pelo resto da vida que eu só me metia. Por mim, se quiser, Ariel, pode ir junto com o Paulo, dorme lá faz do seu jeito. Se não der certo, vai todo mundo falar de você. Se casar, pelo menos, ninguém vai falar nada...

Ó o drama. Rainha suprema do drama. Meu Deus do céu, onde fui me meter?

Se bem que levar o Ariel pra minha casa é tentador.

— Dona Lourdes, a senhora é mãe dele, eu respeito demais isso. Tô fazendo tudo certo. Mas ele mesmo disse que quer coisa simples. Vamo fazer do jeito dele?

O Centauro e o Caranguejo (Em Pausa)Where stories live. Discover now