Capítulo 14

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Parece que foi ontem que nos casamos porque o tempo voou de verdade.

Digamos que foram uns três meses de safadeza exagerada, ele todo apaixonado e eu de sagitário, então nem a água do signo dele conseguia apagar meu fogo. Era sexo na cama, mesa e banho, parecia comercial de loja de artigos de enxoval. É que eu tava bem casado com um guri que havia sonhado em brincar de casinha desde muito novo, então era como se eu tivesse uma esposa à moda antiga.

Ele ficou praticamente um ano só em casa cuidando das coisas e eu achei que por certo era pagar algo para recompensar seu trabalho, mas ao mesmo tempo não queria incentivar o rapaz a querer essa vida para si. E que fique bem esclarecido que não é porque ele é homem e não pegava bem ficar em casa, mas para ninguém é bom essa dependência. É importante saber se virar. E ele ainda era novinho, tinha muito que evoluir.

Voltando aos dois primeiros meses, tudo era meio direcionado ao sexo. Massagem no Paulão. Receita especial salgada. Doces mais perfeitos que de confeitaria. Casa cheirando a sex shop. Ele depilado. Boquete até no carro. Sei não, mas acho que o Ariel até engordou com tanto leite que tomou.

É esse leite aí mesmo. Eu acordava na boca dele. Dormia na boca dele. Mamada forte. Mamada carinhosa. Chupada com encostada de dente. Chupada caprichada. Ariel de bunda pro ar. Cunete não pedia horário. E acho que é meio assim nos começos de relacionamento.

— Paulo, porque tá chateado? — ele me perguntou um dia, quando completamos três meses de casamento.

— Não tô chateado.

— Mas tá sério.

— Sou sério.

— Não, não é. Só que agora tá sério. Tá chateado sim!

Coisa de casal de namorados adolescentes. Um pergunta "água" e o outro responde "vácuo". Ele fez muito isso. Do nada começava a perguntar algo e isso virava afirmação e eu não podia negar que era pior.

Mas com o tempo... isso nunca mudou e ele ainda faz muito isso. Oh paciência.

— Paulo, pode ser sincero. Lembra que minhas tias falaram que eu era feio?

— Aham. — eu mostro desânimo pra desencorajar.

— Tu também acha né? EU sei que acha. Porque sou feio. Porque se eu fosse mais alto, branquinho e soubesse dirigir, você ia me amar.

— Oh meu gatinho, Ariel, para com isso. Você é lindo sim. Eu acho você um menino lindo, gostosinho, cheiroso... é...

— Então tu é o único.

— Não amorzinho. Juro.

— Mentira. Eu sou feio e ponto final.

O que eu faço Senhor do céu? A pessoa pede sua opinião quando já tem uma sentença pronta. Isso é anormal. 

E não adianta eu falar que o acho maravilhoso, que é meu pote de mel, falar de sua cor de cuia que é a coisa mais linda na minha opinião. Ele jogou na minha cara que isso era só uma compensação pela falta da beleza padrão nele.

— Paulo, eu te vi olhando esse ator. Tu olha o tempo todo que ele aparece. 

— Eu tô vendo a novela, não tem como eu ignorar o Cássio quando aparece. Ia ficar estranho eu virando a cara cada vez que ele entra em cena.

— Mas você olha de um jeito diferente.

— Larga mão de ser ciumento, saco.

Fodeu. 

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⏰ Última atualização: May 02, 2019 ⏰

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