Capítulo 13

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Lá no primeiro capítulo quando indago: "precisava casar?", não era um drama. Quis tentar mostrar que até pessoas práticas se desesperam às vezes. Ser casado não é um drama. Pois eu mesmo disse que mais de 90% do tempo é bom. O que me desanima é quando o guri vai visitar sua mãe. Já tivemos inúmeras discussões só em mencionar a véia, sogra querida do meu coração.

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Voltamos para o dia em que fizemos a maior arte, no sentido de aprontar escondido da família dele: a Certidão de União Estável.

Prevendo que perderíamos o apetite depois do sabão que a mulher ia nos dar, já emendei um almoço numa churrascaria com espeto corrido. Pra não voltar imediatamente para o sítio e aproveitar as primeiras horas da "prisão", saímos para tomar chocolate quente num paradouro de beira de rodovia, comprei um celular (da marca Maibarato) pra ele e por fim, decidi leva-lo até a casa de seus pais. Eu não precisava mais fazer isso, porque Ariel era meu e eu tava possessivo mesmo, porque deu um negócio ruim só de imaginar a véia fazendo cena pra prender o filho ou acabar com minha alegria.

Eu tava alegre sim.

— Não vou te devolver. Então, não fica dando muita trela pra tua mãe, se defende...

— Claro né. Eu tô super feliz. Agora sou casado com você. Ai Paulo, eu e você não precisamos mais ficar longe né?

— Espero.

Quando chegamos perto da porteira do sítio do seu pai, eu vi meu desespero de longe... a caminhonete do seu Zé, o carro do Horácio, o carro do Hernandez e mais uns seis carros não identificados.

Eu quase dei meia volta e considerei telefonar praquela família mais tarde. Mas Ariel começou a chorar baixinho.

— O que foi agora?

— Eu tô feliz. Quero voltar pra minha casa bem rápido.

— HÃ?

— Minha casa né... lá contigo.

Eu esquentei a cabeça à toa, afinal, o cheirão de fumaça trouxe cheiro de churrasco na minha cara e a proximidade da casa dos sogros, me trouxe um falatório de comadres de onde eu ouvi perfeitamente:

"O Ariel casou hoje cedo, o tabelião é nosso compadre, padrinho do Hernandez e ligou pra dar os parabéns pra família..."

Gente fofoqueira. Puta merda.

Pelo lado positivo, não ouvi desaforos.

Então o tabelião-fofoqueiro-mor ligou pros sogros e fofocou que tínhamos casado? Eles fizeram fogo de chão e estão assando meio boi? E o que é esse monte de carro chegando? Porque estão todos nos olhando?

— Ah, mãe, olhaaaa. Eu casei hoje cedinho. Poxa, eu que queria contar a novidade.

— Eu só não dou aquela bronca em vocês, porque o compadre Souza do cartório avisou a gente.

— Avisou? Aviso e fofoca são coisas diferentes dona Lourdes.

— Ah, mas eu não ia te perdoar se meu filho ficasse sem festa.

— Mais pra frente, a gente ia fazer, sogra.

— Se a gente depender dos homens não acontece nada.

Senhor. O que essas mulheradas da comunidade estão fazendo? De onde surgiu o bolo? Cadê o Ariel?


— Paulo...

— Ué? Isso tudo é emoção?

— Um cavalão desse desmaiando? Ihhhh...

O Centauro e o Caranguejo (Em Pausa)Where stories live. Discover now