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CAPÍTULO REVISADO - 13/12/19

*Daniel Nascimento on*

Eu havia passado a madrugada inteira chorando, e a dor no coração não diminuiu nenhum pouco. A única certeza que eu tinha, era de que Elídio e Samara com certeza escutaram meus soluços.

O dia já havia amanhecido e eu estou parado de frente a janela do quarto, que dá vista para uma imensidão de casas. Senti minha cabeça doer, mas eu estou com a mínima vontade de sair daqui e ainda tinha que tomar banho, pelo menos para relaxar.

A sorte era que o quarto de hóspedes da casa do Elídio tinha um banheiro, e foi exatamente isso que eu fiz, peguei a muda de roupa que Elídio havia me entregado no dia anterior e fui ao banheiro, decidi por um banho gelado.

Tirei minhas roupas , dobrei e coloquei em um dos balcões dali. Respirando fundo, liguei o chuveiro no gelado e já entrei de uma vez, sentindo todo meu corpo se arrepiar. Molhei meu cabelo e passei alguns minutos de baixo dali com os olhos fechados, as únicas cenas que vinhera na minha cabeça que a Karina chorando e a cara do Diego assim que eu sai do apartamento.

Várias cenas imaginada pela minha mente infernal deles dois juntos começaram a vir em disparada, e quando percebi, já estava chorando de novo. O que eu fiz para merecer isso? Foi estar confundindo meus sentimentos pela Gabriela?

Em uma atitude impensada, soquei a parede, chorando e soluçando. 10 anos jogados no lixo e eu não podia acreditar que isto está acontecendo.
Desliguei o chuveiro, peguei umas das toalhas que estavam dobradas dentro do balcão, me enxuguei e vesti a troca de roupa do Elídio, que consiste em uma cueca box, uma bermuda cinza de tecido fino e uma camiseta vinho sem estampa.

Encarei o espelho, e meus olhos continuavam vermelhos e inchados de tanto chorar, minha expressão em si estava horrível. Eu não havia conseguido dormir, então meu olhos estavam com olheiras bem embaixo. Suspirei.

Pendurei a toalha e peguei a minha roupa, sai dali e deixei em cima do meu tênis, no canto do quarto.

Caminhei de volta para a cama, me deitando novamente.

- Daniel? - a Voz da Samara veio abafada do outro lado da porta.

- Eu - Respondi, e minha voz saiu mais rouca do que eu esperava.

- O café está na mesa, sai dai e vem comer alguma coisa - Samara falou

- Eu não quero, obrigado - Falei

- Você precisa comer alguma coisa Dani, Lico me disse que não te viu comendo desde quando se despediu na camarim ontem.

- Eu não quero nada Samara - olhei para o teto, e meus pensamentos voaram para longe. Não escutei o que a Samara havia dito, mas pelo silêncio depois, concluí que ela havia desistido.

Como será que Karina estava naquele momento? Aposto que ela estava junto com o Diego naquele momento. Senti meu coração doer, apertei minha mão no meu peito, como se aquilo fosse resolver alguma coisa. Minha respiração começou a ficar descompassada.

- Dani? Ta acordado? - Dessa vez a voz do Elídio veio do outro lado da porta. Percebo as tentativas frustradas de abrir a porta.

- Oi Elídio

- Você precisa comer alguma coisa Dani, pelo menos tomar um suco. Eu trouxe para você, me deixa entrar.
- Não, obrigado. Eu preciso ficar sozinho.

- Daniel, você está sozinho desde ontem. Acho que pelo menos para comer algo você precisa sair daí.
- Eu não quero, obrigado Elídio - Respondi um pouco mais baixo, e pude escutar o gemido de frustração do Elídio.

Eu sei que era muito horrível isso, mas eu precisava daquele momento. Mesmo que eu tenha passado a madrugada inteira assim. A dor do coração voltou novamente, e eu apertei meu peito con a mão. Minha mente traiçoeira começou a projetar Karina e Diego novamente, parece que ela está contra a mim no momento que eu mais preciso dela.

"Pelo amor de Deus, não faz isso comigo". Pensei, já sentindo as lágrimas voltarem a escorrerem no meu rosto. Solucei alto. Todos os momentos que eu passei com a Karina foram jogados no lixo, basicamente grande parte.

Já que ela esteve presente em muitos momentos importantes para mim. De repente, a imagem da Gabriela sorrindo veio na minha mente, o dia do restaurante foi tão especial. Eu queria sentir o conforto que eu sinto quando estou com ela, novamente. A paz interior e a admiração de a ver falando sobre algo que ela ama.

Eu acho que eu errei com a Karina também, mas diferente dela eu não ultrapassei os limites.

✨✨✨

Eu ainda não sai do quarto, e já foram tantas tentativas frustradas da Samara e do Elídio de me tirarem daqui, que parei de contar depois da 5° vez.

Eu já havia chorado, me acalmado, chorado novamente, minha mente estava embaralhada e eu não conseguia mais controlar, a ficha ainda não caiu e toda vez que eu tentava processar a ideia, mais e mais lágrimas vinham junto.

Me escorei na janela, vendo o mundo continuar a vida normalmente lá fora e mais uma vez a minha mente projetou a imagem da Karina com o Diego, mas dessa vez eles estavam se beijando e pareciam saber que eu estava olhando, então ficavam sorrindo maldosos.

Fechei os olhos, tentando espantar o pensamento, mas parecia que quanto mais eu tentava esquecer, mais grudava na mente. Os olhos lacrimejaram de novo, e as lágrimas começaram a descer, assim que eu respirei fundo tentando controlar, espero que esse efeito de merda não dure por tanto tempo. Escutei batidas na porta.

- Daniel? - Era Elídio novamente- Tem uma pessoa querendo falar contigo.

- Vai embora - Respondi

- Dani? Sou eu, Gabriela - Assim que eu escutei a voz dela, senti meu corpo travar. Não era possível. - Me deixa entrar, para a gente conversar. Apenas eu e mais ninguém.

E agora? Respirei fundo e com a força que que tirei de algum lugar de dentro de mim.
- Só você - Caminhei até a porta, destranquei e me deparei com o rosto preocupado de Gabriela. Ela deu um passo para entrar, antes que eu desistisse da ideia.

Dei um passo para trás, para dar espaço a ela, e assim que ela fechou a porta e trancou de novo. ela voltou a olhar para mim, e eu só conseguia olhar para o chão, eu não queria que ela me visse nesse estado deplorável. Senti a mão dela em uma das minhas bochechas, e a encarei.

Meu coração disparou naquele momento. Os seus dedos começaram a limpar lentamente as lágrimas que ainda estavam escorrendo lentamente por ali, e eu só consegui fechar os olhos, aproveitando aquele carinho sincero.

- Dani - Gabriela falou baixinho, e eu abri os olhos. Passamos um tempo nos encarando, até que ela me abraçou. Senti meu braços travarem no lado do meu corpo, mas conforme ela foi apertando, senti as lágrimas saírem, e meu braços a rodearam pela cintura, abraçando e correspondendo o abraço apertado.

Os soluços começaram a sair descontrolados, e eu só consegui esconder meu rosto no pescoço da Gabriela, que apenas acariciava meu cabelo lentamente. Passamos alguns minutos assim, até que ela foi me soltando aos pouco.

Limpei meu olhos, olhando para baixo. Escutei o suspiro de Gabriela, ela pegou minha mão e me levou até a cama, retirando seus sapatos e deitando me chamando em seguida. Subi e me deitei do seu lado, ficamos um tempo em silêncio. Os dois encarando o teto.

- Seria muita invasão perguntar o que está acontecendo? - Ela disse, cuidadosa. E eu percebi que ela me encarava agora. Respirei fundo, e neguei com a cabeça.

- Não - Continuei encarando o teto. - Karina e Diego estão juntos faz um ano. - Eu disse de uma vez. Sentindo uma lágrima descer solitária.

- O quê? - Gabriela disse assustada, e se virou de lado completamente. - O que aconteceu? - Ela perguntou vagarosamente. Me virei para ela também, completamente. Ficamos nos encarando um tempo, até eu juntar coragem o suficiente.

- Encontrei uma pulseira e uma blusa dela no apartamento dele, e bem na hora, ela ligou atrás dessas coisas no celular dele e eu atendi no lugar dele. Eu sai de lá, ignorando o Diego, fui atrás da Karina que explicou por cima o que aconteceu - Pausei, tentando me controlar - Basicamente, eles estavam se encontrando para, segundo a Karina, ela me pedir em casamento. Mas ai, em uma das nossas brigas, ela foi se encontrar com ele e Melissa disse para ela se vingar de mim, e foi exatamente isso que ela fez. Ficou com ele. Me resolvi com ela, mas eles dois ainda continuaram se encontrando e ela não queria escolher apenas um.

- Meu Deus - Gabriela falou.

- Preciso fazer conta dela por ela ser prima da Karina - Falei - e agora estou aqui, no famoso fundo do poço. - Continuei.

Senti meu coração doer um pouco, e a sensação de tristeza vir mais uma vez.

Apertei minha mão por cima do peito de novo e Gabriela percebeu o que estava acontecendo.

Nos encaramos em silêncio, e ela se aproximou e colocou a mão por cima da minha.

- Me deixa ajudar você? - Ela sussurrou- melhor dizendo, nos deixa ajudar você? Você nunca estará sozinho, você tem os meninos, que são seus melhores amigos quase que seus irmãos, você tem a Samara, e você tem a mim - Ela sorriu levemente, e eu senti a dor ir passando aos poucos, mas meu coração se acelerou um pouco.

Continuei encarando aqueles olhos castanhos, em silêncio, processando o pedido. Retirei nossas mãos no meu peito, mas ao invés de soltar, me entrelacei com a mão dela.

- Eu fico muito feliz em saber disso - Respondi sussurrando. Estávamos bem próximos, o suficiente para sentir a respiração batendo no rosto, mas não o suficiente para beijarmos. Não que eu estou pensando nisso, longe disso. - Eu preciso, eu não aguento mais sentir essa dor. Não aguento mais as imagens se formarem na mente.

- Iremos ajudar você - Ela sorriu de verdade, permanecemos sorrindo um para o outro ainda nos encarando, e com as mãos entrelaçadas. Fomos ficando sérios lentamente, e instintivamente, me aproximei aos poucos.

Ela percebeu o que iria acontecer, mas ainda não recuou. Fechamos os olhos. Me aproximei um pouco mais, e meu coração estava acelerado e eu já não conseguia controlar a respiração.

Encostei nossas testas, e senti a respiração descontrolada igualmente dela bater no meu rosto, eu sabia que era errado, mas minha única vontade era continuar. Raspei meu nariz do dela, e rimos levemente. Passei minha língua pelos meus lábios, umedecendo, e quando eu finalmente iria beija-la, alguém bateu na porta. Passamos um tempo travados naquela posição.

- Oi gente, vim aqui pedir para vocês virem comer alguma coisa. O Dani não come nada desde ontem, ele precisa comer alguma coisa - Samara falou. Gabriela abriu os olhos, nos encaramos por alguns segundos, até ela se sentar na cama.

- Estamos indo, Samara! - Gabriela gritou e aguardou a resposta.

- Beleza. Acabei de passar um cafezinho - Samara respondeu, e escutamos os passos dela se distanciando.

- Você não come nada desde ontem? - Gabriela me encarou. Percebo que era melhor fingir que aquele momento nunca aconteceu, e acho que Gabriela também concluiu isso, quando mudou de assunto.

- Não consigo - Sorri triste - Não consigo ter fome. - Peguei meu óculos na cabeceira, eu nem lembrava de ter colocado ele ali.

- Vamos, se você comer pelo menos um pedaço de bolo, já me faria feliz - Ela falou e se levantou calçando os sapatos. Gabriela estendeu a mão. Suspirei derrotado, e permiti com que ela me puxasse.

- Gabriela - Falei e ela se virou - Me desculpa - Ela sorriu e fez um gesto como se falasse "Não foi nada".

Nos soltamos e ela foi abrir a porta, dando espaço para eu passar. Hesitei, mas faria o possível para fazer isso funcionar. Passei por ela e esperei no corredor ela fechar a porta, sorrimos levemente e fomos juntos até a cozinha.

- GRAÇAS A DEUS E A GABRIELA - Elídio gritou, assim que me viu entrar pela cozinha - Você está horrível.

- Obrigada pela parte que me toca, Elídio - Falei, me sentando em uma das cadeiras da mesa. Samara havia preparado uma mesa cheia de coisas, tinha bolo de algum sabor, suco, café, torradas, queijo, enfim, tudo. Olhei no relógio e já marcava 4 horas da tarde. Assustei.

- Até que não foi tão difícil - Gabriela se sentou do meu lado na mesa. Elídio que estava levando uma torrada até a boca, parou o que estava fazendo encarando Gabriela como se ela fosse uma alien. E Samara, que iria se sentar ao lado do Elídio, parou no ar igualmente. É até entendível, já que os dois estão tentando me fazer sair do quarto desde quando acordaram.

- Oi? Nós nos matamos para tentar tirar ele do quarto - Elídio falou e o tempo voltou ao normal de novo. Samara se sentou e Elídio comeu sua torrada.

- Eu precisava de um tempo sozinho - me defendi.

- Ficamos com muito medo de você fazer qualquer coisa lá - Samara respondeu- principalmente com o barulho forte na parede que veio de lá. Aquilo me desesperou.

- Eu meio que soquei a parede - sorri sem graça, sentindo três pares de olhos me encararem. - Foi um momento de raiva.

- Meu deus Daniel -Gabriela falou e se serviu um copo de suco de maracujá e pegou meu copo, servindo também. Fiz uma careta, mas ela me olhou com um olhar que me obrigou a tomar um gole. Ela sorriu, e fingiu que nada aconteceu.

- Precisamos te levar para você se distrair um pouco - Elídio falou, passando manteiga em uma torrada.
- Vamos chamar o pessoal para ir para algum lugar depois do espetáculo - Samara falou e eu tive um estalo na mente.

- Eu esqueci completamente que hoje tinha espetáculo - Arregalei os olhos, e Elídio fez sinal de calma, enquanto terminava de mastigar.

- Conversei com o Andy, e ele disse que podemos dar um jeito. Acho que ele deu um toque no Pimenta, ele estava sem compromisso hoje. Ele pode apresentar no seu lugar.

- Você falou com ele sobre o que aconteceu? - Perguntei.

- Não, disse que depois você contava tudo para ele. E você precisa me explicar o que aconteceu também, quer dizer, se você quiser contar, claro. - Elídio respondeu.

- Deixa ele ter o tempo dele, Elídio - Samara falou e eu respirei encarando o prato vazio em minha frente.

- Se você quiser pelo menos assistir, acho que te faria bem - Gabriela comentou.

- Verdade - Elídio concordou. - Podemos explicar por cima o que aconteceu, todos entenderiam. - Suspirei e fiquei em silêncio por um tempinho.

- Tudo bem, irei. E você vai junto comigo né? - Perguntei para Gabriela.

- Posso tentar -Sorriu de leve- Acho que ainda tenho um dinheirinho para voltar para casa e comprar o ingresso.

- Comprar ingresso Gabriela? - Elídio perguntou indignado, antes que eu falasse alguma coisa- Você está na casa de um um dos integrantes do grupo, acompanhado por mais um ao seu lado e você ainda quer comprar ingresso? A gente nunca permitiria algo do tipo. Faço questão de ligar pro Andy, e ele conseguir dois lugares para vocês dois e para a Samara também.

- Exatamente, e depois disso podemos ir ao karaokê o que acham? - Samara perguntou e Elídio sorriu, e deu um selinho a abraçando em seguida.

- Boa ideia meu amor - Elídio sorriu - E ai? O que acham?

- Acho que vai ficar bem tarde para eu voltar para casa, ainda não me mudei para capital. - Gabriela respondeu triste.

- Você vai se mudar para capital? - Perguntei surpreso- SÉRIO?

- Eu acho que comentei com você - Gabriela comentou, e eu comecei a refletir se isso realmente aconteceu ou foi um delírio. - Eu sei que você não vai lembrar, nem eu mesmo lembro. Mas enfim, vai ficar bem tarde.

- Eu te levo - Falei de imediato, e de novo parece que o tempo parou, Elídio me encarou, Samara parou o a xícara na boca e Gabriela parou de cortar o pedaço de bolo para me encarar. - É sério.

- Não sei se você está bem o suficiente para isso - Gabriela falou, e o tempo voltou ao normal. - Prefiro que você descanse e acho que todos acham isso.

- Acho que vai fazer bem para ele, Gabriela - Samara saiu em minha defesa- Ele já refletiu demais, já chorou demais - Apontou para meus olhos - Sua companhia o faz bem, e além disso, queremos sua companhia nisso tudo aqui. Você me parece ser um amor de pessoa e só o fato que conseguiu tirar o Daniel do quarto já me conquistou - Samara sorriu e Gabriela sorriu junto. Bom ver que elas se deram bem.

- Okay, irei aceitar - Ameacei comemorar- Maaas antes, tenho que ligar para minha mãe.

- Qualquer coisa você dorme aqui - Samara comentou - Se chegarmos muito tarde.

- É porque normalmente, não vemos a hora passar e quando vamos ver ja é tipo 4 da manhã. - Elídio esclareceu.

- Uau - Gabriela impressionou-se - Não dúvido que isso aconteça.

- Vaamos, ai o Daniel aproveita e vai também - Samara apontou para mim, que acompanhava tudo em silêncio - Ele nunca foi.

- Sério? - Ela me olhou e eu assenti derrotado, pelo visto a última coisa que eu faria, se dependesse dos meus amigos, é ficar em casa. - Acho que vai fazer bem para você também.

- Resolvido então - Elídio se levantou, e pegou o celular - Irei falar com o Andy sobre você - Apontou para mim- e pedirei para reservar três ingressos, e sobre o Karaokê também. Aproveito e falo com o Marcão e com o Edu, enfim com a galera de sempre. - Terminou e saiu.

- Dani, saiba que para o que você precisar, estaremos aqui para ajudar você. Aquela falsa da Karina, não te merece e ignora o Diego, manda os dois se lascarem e nós te ajudaremos a supera-los. - Samara falou e sorriu me encarando. Correspondi e assenti levemente, vai demorar, sinto.

- Eu agradeço tudo isso, na verdade acho que não tem nem como agradecer o suficiente - Suspirei- É difícil, ainda dói e não vai parar tão cedo.

- Mas estaremos aqui e é isto o que importa - Gabriela falou e se levantou- Samara, muito obrigada pelo banquete, preciso te ajudar a organizar agora.

- Não mesmo, fica aqui fazendo companhia ao Dani. Irei pedir para a Marly cuidar disso tudo aqui, irei tomar um banho e começar a me ajeitar. Falando nisso, se precisarem do carro é só falar.

- Isso que eu iria perguntar -Falei- Preciso voltar para casa, pelo menos para devolver a roupa do Elídio. Prometo que volto.

- Vamos fazer assim - Samara começou e nos levantamos também. - Vamos esperar o Elídio falar o que deu, se realmente acontecer, vai com a Gabriela até sua casa e de lá vocês vão juntos um pouco antes para o teatro. Gaby, aproveite para conversar com sua mãe. Nos encontramos lá. Depois nós decidimos como iremos ao Karaokê.

- Gostei da ideia - Sorri e encarei Gabriela. - E você? O que acha?

- Vem, vamos escolher uma roupa para você, ai você pode se trocar e se arrumar lá no Dani mesmo - Samara puxou Gabriela antes que a mesma respondesse alguma coisa.

*Daniel Nascimento off*

*Gabriela Oliveira on*

Entramos no quarto que eu julguei ser da Samara e do Elídio. Me sentei na cama, de frente ao guarda roupa enorme que ocupava uma parede inteira. Samara abriu uma das portas, e só havia roupas dela.

- Eu acho que um vestido cairia muito bem em você - Samara pegou um vestido preto dos montes que tinha, mas o devolveu em seguida.

- Samara, não tem o menor motivo de você fazer isso por mim - Falei e ela me encarou- Nos conhecemos hoje, não faz sentido isso. - Samara veio caminhando e se sentou do meu lado.

- Podemos ter nos conhecido hoje sim, mas eu sinto a energia boa que vem de você. Poucas pessoas possuem essa característica e, graças a Deus, todas elas se encontram ao meu lado. - Samara disse - Você ajudou o Daniel, quando ele mais precisou de ajuda. Isso que me deixa mais confiante em relação a ti. Além do mais, eu percebi o quanto o Dani fica mudado quando ele está perto de você e olha que só te conheci hoje. Faz tanto tempo que não vejo esse brilho nos olhos dele e garanto que não é só nele, que eu vejo esse brilho - Ela continuou e eu sorri envergonhada. - Podemos nos conhecer hoje, mas quero já ter você fazendo parte dessa família.

- Eu sou tão sentimental - falei sentindo meus olhos lacrimejarem. Rimos juntas e nos abraçamos. - Muito obrigada por me acolher, mesmo que ainda não aconteceu nada e provável que não vai.

- Duvido MUITO - Samara piscou para mim e voltou sua atenção se levantando rumo ao guarda roupa de novo, pegou um shorts preto com uma blusa larguinha branca. Olhou com dúvida, mas devolveu. Pegou outro vestido, dessa vez um preto de manguinhas, liso. Olhou para mim e entregou o vestido.

- Toma, acho que esse vai ficar perfeito em você - Samara sorriu e quando ia falar alguma coisa, Elídio entrou no quarto junto com Daniel, que segurava uma sacola - Nem para bater, servem.

- Desculpa - Elídio fez uma carinha de triste- Eu só queria falar, que o pessoal topou o Karaokê depois. Andy já conversou com o Rafael, que aceitou e já está indo ao teatro para conseguir ensaiar pelo menos um pouco. Cíntia também já está lá e o Edu também. Só falta a gente basicamente.

- Conseguiu reservar algum ingresso? - Samara perguntou por mim.

- A sorte, foi que o pessoal da primeira fileira não vai conseguir vir hoje e toparam ter o dinheiro do ingresso de volta em troca de ceder o lugar para vocês três - Não consegui esconder a surpresa e, pelo visto, nem Samara.

- Era para ser então - Conclui, e me levantei dobrando o vestido - Samara, muito obrigada novamente.

- Não precisa agradecer, Gaby - Ela sorriu.

- Vamos então? - Daniel se manifestou pela primeira vez, Elídio entregou uma chave, que eu imagino ser do carro. Assenti, agradeci a Samara e ao Elídio. Os dois me agradeceram mais ainda, e meu novo apelido é anjo, apenas por ter tirado o Daniel daquele quarto e conseguindo o convencer de ir para lugares.

Estou muito feliz por estar tendo a oportunidade de conviver com pessoas maravilhosas e que eu nunca poderia imaginar ter essa aproximação.

Eu só conseguia sorrir para o tempo.

Daniel desceu as escadas que levava para a rua primeiro, e eu fui atrás. Samara gritou um até mais tarde, junto com Elídio e após trancarem a porta, correram lá para cima. Daniel foi até o carro, que reconheci ser o dele e destrancou. Me encaminhei para o passageiro, e nós entramos e partimos rumo ao apartamento do Daniel.

Lugar que eu ainda não fui. Respirei fundo e lembrei da cena do quarto. O quase beijo que quase me matou do coração e, também, quase me fez matar Samara por interromper.

A sorte (ou não) foi que o assunto de Daniel não comer era mais importante e eu fiquei preocupadíssima com isso. Ficamos em silêncio o caminho inteiro, apenas escutando nossos demônios interiores. Daniel entrou com o carro em um apartamento lindo e estacionou em uma das vagas do estacionamento, que possível era reservada ao ser apartamento.

Descemos, ajeitei a minha bolsa e o vestido na mão, fechando o carro logo em seguida Daniel apertou o bang que tranca as portas na chave, e fomos juntos até o elevador mais próximo.

- Você já falou com a sua mãe? - Daniel perguntou me encarando e balançando sua sacola.

- Ainda não. - Respondi, o elevador chegou e eu vi ele apertando um dos botões. Me encostei de um lado e ele do outro. Senti nos movimentar. - Preciso ligar avisando, se não ela morre de preocupação.

- Eu imagino - Dani disse - para qual apartamento você vai se mudar?

- Um na Vila Pompéia - sorri - Bairro próximo do Tuca.

- Você vai morar bem perto daqui, isso é bom - Daniel sorriu

- Pera, aonde você mora? - Perguntei, estranho nunca ter perguntado.

- Estamos em Perdizes, meu anjo - Daniel riu, e a porta do elevador se abre. No corredor havia apenas mais três portas e uma estava escrito manutenções.

- Uau - descemos do elevador, e Daniel parou em uma das portas abrindo com a sua chave e me dando passagem. Entrei primeiro me deparando com sua sala super organizada.

Tudo gritava Daniel Nascimento naquele lugar. Até as prateleiras cheias de filmes de todos os estilos em uma das paredes, e outra com vários CDs, Vinis de bandas antigas. Quadros de algumas pessoas famosas no ramo da direção no cinema enfeitavam a prateleira dos filmes.

Fui caminhando olhando ao redor e pude perceber que a sala ainda tinha um espaço com uma janelona com uma vista incrível para os outros prédios de São Paulo.

- Fica a vontade - Daniel disse de algum canto - Você quer uma água? Ou suco? Refrigerante? - Neguei. - Vem comigo para eu te mostrar um quarto onde você pode se trocar.

- Dani, tudo aqui é absolutamente incrível - Sorri, e recebi um sorriso de volta. - Tudo tem sua cara.

- Obrigado? - Ele respondeu incerto - Eu queria que tudo fosse do meu jeito aqui, e saber que consegui atingir esse objetivo me deixa feliz. Vamos? - Ele indicou para aonde eu imagino ser os quartos.

- Vamos.

UNLIKELY - D.NWhere stories live. Discover now