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indicação: Escrevi esse capítulo ao som de  Bruises - Lewis Capaldi

CAPÍTULO REVISADO 17/12/19

*Narrador on*

Sala de espera do hospital estava cheia e todos queriam saber de apenas uma pessoa, Diego Fiyero.

O professor havia sido esfaqueado, estava neste momento na sala de cirurgia, deixando todos apreensivos.

Não sabiam como e muito menos quem havia feito aquilo, mas queriam justiça, o mais rápido possível.

Delegado Nicolas ficou ainda mais intrigado com tudo o que estava acontecendo e mesmo com as peças se encaixando, não sabia se valeria a pena expor tudo aquilo naquele momento de fragilidade. Ainda que tivesse que alterar algumas coisas.

Preferiu não noticiar Daniel, Elídio e Anderson, apenas o faria se absolutamente tudo ou quase tudo desse errado, aqueles meninos estavam na paz agora e merecem este momento.

- Delegado Nicolas - O rapaz mostrou o documento oficial - Gostaria de notícias do paciente Diego Fiyero.

- Ele está sob cirurgia, infelizmente a faca atingiu um dos órgãos vitais e o caso está complicado. A equipe médica está esperançosa, mas também já estão preparados para o pior - A enfermeira respondeu prestativa, apenas arrancando  um suspiro de preocupação.

- Okay, muito obrigado - Nicolas agradeceu, deixou todos os contatos possíveis e policiais por perto caso qualquer imprevisto aconteça e saiu.

Entrou no carro, lembrou-se dos últimos meses e concluiu que aquele caso era o único que estava tomando toda sua mente, mais do que o normal.

Já que muitos mistérios foram revelados, peças encaixadas, mas ainda sim, não era a hora de sair prendendo todo mundo, principalmente.

No meio do caminho, seu celular tocou e a notícia foi recebida.
Agora era sim a hora de sair prendendo todo mundo

✨✨✨

- Hoje foi legal, embora erramos muito em  algumas partes - Elídio falou, tirando o all Star, estavam no camarim após apresentarem mais um Improvável - Muito obrigado pelo bolo, eu amei.

- Magina cara, você merece - Daniel falou, sentando em uma das cadeiras.

- 35 anos, que amor - Bella apertou as bochechas do Elídio - Nem parece. Gente irei me trocar no outro camarim, volto para as fotos. -Ajeitando o óculos, Bella saiu.

- Querem fazer alguma coisa? - Andy perguntou - A gente devia ir no karaokê e você também hein, Allan.

- Allan, eu só não te obrigo a ir, porque sei que seus filhos precisam de você - Lico falou, vendo o Benatti pegar sua troca de roupa.

- Próxima vez me avisem que eu dou um jeito - Ele falou

- Pra comemorar aniversário não sei se vai ter, mas a gente chama - Andy deu ombros.

- Eu irei ser DJ em uma festa no dia 14 - Elídio coçou a cabeça - Caso você quiser ir...

- Dia 14 acho complicado - Allan vestiu as roupas - Gente, minha esposa ta ligando, irei falar com ela rapidinho, já volto - E assim, se retirou.

- Sexta você não vai ser convidado do Lucas Cunha? - Dani perguntou, estranhando, erguendo-se para pegar sua troca de roupas e se trocando ali mesmo.

- Vai ser depois

- Vai rolar umas apresentações bem legais no Espaço Parlapatões, acho que irei assistir - Andy coçou a barbicha - Faz um tempinho que não assisto apresentações.

- Fiquei sabendo que o pai da Karina está bem doente - Daniel murmurou baixo - Acho que irei visitá-lo.

- Daniel, só peço que não caia no mesmo buraco - Lico falou, sabia o quanto Dani era apegado ao ex sogro, até porque foram mais de 12 anos de relacionamento.

- Não, de jeito nenhum - Dani negou - Nunca irei fazer isso, apenas quero visitá-lo.

- Que dia você está pensando em ir? - Andy perguntou

- Infelizmente eu estava vendo nossa agenda e só tem como dar um jeito dia 12- Dani mexeu no cabelo - Sair do treino e ir direto para lá e voltar no dia seguinte para conseguir apresentar o Improvável e o projeto do Evandro na sexta.

- E você vai conseguir dormir?  - Lico vestiu a calça. Todos estavam prontos naquela altura.

- Eu irei até o terminal de ônibus e de lá pego o ônibus, acho que é só uma hora e pouco - Dani refletiu o caminho na sua mente rápido - É, acho que não demora tanto assim.

- Como eu sei que você precisa, eu deixo - Lico sorriu de leve, apoiando a decisão do amigo. Andy igualmente, mesmo sabendo que daquilo poderia surgir alguns problemas depois.

- Irei - Suspirou Daniel, se preparando psicologicamente.

- Vamos galera - Bella bateu na porta so camarim e assim todos foram para a sessão de fotos.

Saíram pelo portão de ferro ficando em frente ao painel, Daniel deixou seu óculos com a produtora, como sempre, já que não apresentava nem o espetáculo de óculos quem dirá tirar fotos.

Sua visão estava um pouco embaçada, mas mesmo assim conseguia ver alguns rostos. A fila estava gigante, sorriu, acenou um pouquinho, antes de chamar a primeira pessoa da fila.

- Obrigado por ter vindo - Daniel sorriu para uma das adolescentes que veio abraça-lo. Era uma das mil frases prontas que tinha, mas o suficiente para arrancar um sorriso.

- Eu que agradeço, Dani.

E depois desse grupo veio mais um e  sempre era cumprimentado com muito carinho.

De repente, duas garotas um tanto quanto familiares, se aproximaram  para tirar a foto, a princípio, Daniel apenas as recebeu como todas as outras pessoas.

- Então, vamos fazer uma pose diferente hoje? - Uma delas perguntou, todos concordaram e já foram se ajeitando. Dani apenas virou de lado e sacou uma "arma", olhando para o outro lado, após tirada a foto, desfez e observou uma das moças ir em direção ao Elídio e abraçá-lo.

Ficou aguardando até ela se aproximar e sorriu.

- Eu estava precisando desse abraço - Ela falou, abraçando-o fortemente.

- Awnt, que isso, sempre que precisar - Daniel retribuiu a força - A gente sempre se vê no espaço da comédia também, então se precisar conversar... - Ele falou, havia se recordado dela, mas não da outra.

Encontrava a mesma garota todas as quartas-feiras após sair do treino com o pessoal e vira e mexe permanecia junto com ela conversando até o uber chegar.

No começo, achou que seria uma leve perseguição, mas depois que ela disse que faz curso lá, tudo se encaixou e Daniel ficou mais tranquilo e simpatizou mais com a mulher, mesmo sem saber o nome dela, só o apelido que era "Ju".

- Sim, Sim - A mulher concordou sorrindo, com o coração aquecidinho, não podia esquecer de contar para suas amigas - Muito obrigada, eu estava realmente precisando - Daniel sorriu e em seguida Bella puxou papo com a garota. E a outra que a acompanhava se aproximou.

- Oi anjo, ta tudo bem? - Ela se aproximou e eles se abraçaram, Daniel sentiu seu coração aquecer.

- Oiê, tudo e com você? - Dani perguntou e a encarou, ela parecia familiar, mas limpou sua mente. Poderia ser apenas coincidência da vida.

Ela se distanciou e ele caminhou para pegar os óculos com a Lyla, nova produtora e colocou-o. Vendo as imagens focarem.

- Daniel, porque você se apresenta sem óculos? - Uma outra garota, nitidamente mais nova que ele, se aproximou.

- Atrapalha um pouco, mas durante o resto do dia eu fico de óculos - Respondi.

- Quanto você tem? - Ela perguntou.
- 2 de miopia e acho que 2 de hipermetropia também - Tirei meu óculos, limpando-o e colocando novamente.

- Meu deus Daniel - A garota riu, Dani começou a andar até a porta e a garota puxa alguns assuntos, até se despedir e ele entrar.

Ele desceu as escadas dá plateia para entrar pela coxia e ir ao camarim, pegar suas coisas e sair.

- Já vai cara? - Andy questionou ao ver Daniel colocando a bolsa e abrindo o aplicativo da Uber.

- Já sim, não to com vontade de ir ao karaokê, não me leva a mal - Dani respondeu.

- a gente já esperava por isso, então amanhã a gente sei lá faz um almoço de comemoração.

- Isso se vocês estarão bem amanhã - Dani comentou rindo, conhecendo os amigos que tem, eles aproveitariam demais hoje a noite.

- Enfim - Andy riu e despediu do amigo, que saiu do camarim e conforme ia andando, ia se despedindo de quem encontrava.

Se despediu do Elídio e antes de abrir a porta, viu se o uber estava chegando.

Daniel saiu pela porta da frente do teatro e se deparou com uma das garotas da foto, sozinha sentada nas escadas, ela estava olhando para o celular e vira e mexe  suspirava impaciente.

  Arqueando as sobrancelhas, Dani se aproximou.

- Olá - Ele disse e ela se virou assustada - Calma
- Meu deus, me desculpa - Ela falou - Oiê

- Você está esperando aqui há muito tempo? Sozinha? - Dani se sentou ao lado dela, colocando a bolsa entre as pernas.

- Digamos que sim - Ela sorriu envergonhada, surtando internamente e tentando ser o mais natural possível - Meu aplicativo não quer pegar e basicamente é o único meio de voltar para casa.

- Você quer carona? - Dani falou para ser prestativo - Pode ser que demore e você ficar aqui sozinha vai ser perigoso demais.

- Mas minha mãe me disse para não
aceitar carona de estranhos.

- Ela está certa - Daniel concordou rindo, sendo atingido por um dejavú - Mas eu não sou estranho, sou? 

- Teoricamente não - Ela falou - Para mim, não. Mas para minha mãe, sim.

- Eu poderia te dar uma oportunidade de me conhecer, mas você já me conhece - Daniel estendeu a mão - Mas ainda sim, irei te oferecer a carona.

- Eu só irei aceitar, porque não tem outro jeito - Ela aceitou a mão, juntos eles levantaram e se soltaram.

Daniel colocou uma parada em sua corrida

- Nunca faça isso, com ninguém. Apenas hoje porque não tem jeito - Daniel falou e ela concordou, estava surtando internamente - Qual seu nome? E para onde você está indo?

- Ester - Ela sorriu - Estou indo para o metrô.

- Ah sim, beleza - Ele concordou, colocando o terminal da Barra Funda como parada - Só pra saber, aonde você mora?

- Moro em São Judas - Ela respondeu, Daniel não escondeu a surpresa e ela concordou.

- Meio longe - Ele olhou para o celular e apontou para o carro que havia solicitado, juntos caminharam até lá, Daniel entrou no banco de trás junto com ela. Desejaram boa noite e assim foram. - Então, quer dizer que você estuda Improviso?

- Sim - Ela concordou - Eu faço o jornada no espaço da comédia e faço alguns workshops que aparecem.

- Sério? - Daniel questionou e Ester surtou mais ainda por vê-lo tão interessado em saber mais - Que incrível. Mas você trabalha com alguma coisa?

- Atualmente eu trabalho como Freelancer em Comunicação - Ela respondeu - e estou em um grupo de Improviso também, junto com mais duas amigas, a Jessica e Carol.

- Vocês já estão fazendo apresentações? - Dani perguntou, mas seu cérebro parou por um segundo - Desculpa, quem?

- Jéssica e Carol - Ester respondeu.

- Como que o grupo surgiu? - Daniel perguntou.

- Então, na verdade, foi do nada - Ester riu- Eu conheci a Carol primeiro pelo Instagram e depois conversamos mais, eai depois conheci a Jéssica, tínhamos em comum o amor pelo Improviso e a partir daí, reunimos nós três para treinar essas coisas, aqui estamos -Ester sorriu.

- Qualquer dia eu adoraria ajudar vocês - Daniel sorriu, prestativo, gostava de ensinar e, principalmente,  saber que mulheres estão se interessando e entrando por essa área do humor, ama  dar toda a potência e importância para isso.

Ester não conseguiu esconder o nervosismo e agradeceu Daniel, que disse que na próxima quarta conversariam mais sobre isso e agendariam uma data.

- Você eu sei que sempre vem para o Improvável, eram elas que você estava dizendo que foram embora? - Daniel perguntou interligando.

- Na verdade, apenas a Carol tinha ido embora, a Jéssica mora em Curitiba - Ester respondeu - A Carol mora um pouco longe, então é bem difícil ela vir, quem dirá para tirar fotos - Dani ergueu as sobrancelhas.

- Interessante, de verdade - Ele falou - Quarta que vem podemos conversar mais.

- Sim, sim - Ester sorriu, o carro parou para ela desembarcar, se despediram rapidamente e, assim, Daniel seguiu sozinho até sua casa.

Pelo menos fez uma boa ação.

✨✨✨

4 longos meses, passaram devagar na vida da Gabriela Oliveira

Depois de ter se despedido das pessoas de seus amigos e do amor da sua vida, ela foi encaminhada para outro lugar do país, mais especificamente, Rondônia.

Sim, bem aleatório, dois dias depois foi para Irlanda, ficou poucos dias e voltou para o Brasil, para uma cidadezinha no Nordeste Brasileiro, perto de uma praia.

Nesse meio tempo, ela mudou de nome, corte de cabelo e até estilo de roupas, apenas não mudava um detalhe: o colar que Daniel havia a entregado.

O levava para todos os lugares e chegava até conversar com ele, como se fosse suprir a necessidade de conversar com Daniel novamente.

Acompanhou a Cia.Barbixas de longe e se encheu de orgulho conforme os meninos confirmavam mais e mais datas, toda vez o coração apertava de saudades, principalmente quando uma fã postava fotos com eles no improvável.

No final do primeiro mês, Gabriela não havia se adaptado 100% naquele lugar, mesmo que conheceu algumas pessoas muito boas, Nicolas decidiu trazer Gabriela de volta para São Paulo, para uma cidade bem interior, era melhor do que ficar no "meio do nada".

E então, em um dos dias aleatórios, decidiu reassisitir  vídeos dos meninos, as vezes chorava de rir e quase chorava igualmente, começou a pesquisar por curiosidade um pouco mais sobre a arte da improvisação e,  por incrível que pareça, se encontrou naquele meio.

Começou então a ler livros, estudar e procurar lugares pelos quais podia executar a arte de improvisar. E finalmente achou um lugar que podia ser Gabriela Oliveira, mesmo que fosse um personagem aos olhos do público, o palco.

A improvisação tirou-a de quase um precipício.

Nunca comentou com ninguém a sua antiga relação com os Barbixas, ninguém a havia reconhecido e isso era "absolutamente maravilhoso".

Nesse meio tempo, vira e mexe ia para o centro de São Paulo resolver algumas coisas, não tinha escolhas, pelo menos estava disfarçada e Nicolas entendia isso de alguma forma, apenas pedia para nunca correr atrás da antiga vida, talvez ela voltaria, mas era um talvez muito pequeno.

Nesse meio tempo, Gabriela conheceu Jéssica e Ester, duas meninas que se tornariam suas melhores amigas e parceiras dali a um tempo, as três tinha a paixão pela improvisação em comum e isso as potencializaram a se aproximarem, mesmo que uma morasse em São Judas, outra em Curitiba e a outra no interior de São Paulo.

Gabriela amava a amizade que existe entre elas, mesmo que tivesse que encarnar a vida de Carol Matos.

Uma jovem de cabelos castanhos nos ombros, com óculos de armação vinho, roupas vintage que nunca na vida cogitaria utilizar por si só.

Ainda bem que sempre ao entrar em casa, retirava tudo aquilo e voltava a ser Gabriela mais uma vez, mas nunca conversou (e nem ia) contar para nenhuma das suas amigas tudo o que passou até aquele momento, nem mesmo sobre Daniel.

Alguém pelo qual as outras duas tinha uma grande admiração. 

Doía escutar elas falando sobre ele e ter que esconder os melhores momentos para si. Um dia foi questionada sobre o colar, mas Gabriela não contou quem deu, apenas disse que foi presente.

E enfim, os dias foram passando.

Ester estava fazendo curso no Espaço da Comédia no mesmo dia que meninos treinavam e ia toda quinta ao Improvável,
ou seja, toda quarta e quinta-feira, Gabriela tinha notícias sobre os meninos, principalmente do seu amado.

Tentava não demonstrar os mini surtos e o choro de felicidade em saber que ele estava bem apesar de tudo. Jéssica veio para São Paulo, então as três davam um jeito de se encontrarem e treinarem Improviso, vira e mexe, Gabriela comentava alguma coisa que lembrava os meninos dizendo, mas não falava que foram eles.

E assim foram evoluindo.

Até chegar o dia que Ester providenciou uma chamada de vídeo entre o trio e contou a carona que Daniel a havia dado, surtaram obviamente e, então, Ester disse que Daniel agora sabe a existência das três. Gabriela quase caiu para trás, ainda mais quando ela disse que ele havia se oferecido a ajudá-las.

Não escondeu a excitação, mas a preocupação a atingiu. E a merda que poderia dar depois de tudo isso?

✨✨✨

No dia seguinte, Elídio foi o primeiro a ser notificado e assim iria dar a notícia a todos. O velório aconteceria dali a pouco e todos já correram para ir.

Obviamente todos choraram, sentiram como se o peso fosse recolocado nas costas, principalmente Daniel.

Mesmo que estava bem, sentiu ser puxado para o fundo do poço novamente. Aquela era a pior sensação, a impotência.

Todos estavam lá, ao lado do caixão, completamente desolados.

Nicolas resolveu acionar tudo o que tinha para acionar para começarem mais intensamente a busca aos culpados, saiu daquele ambiente para encontrar com Gabriela, a pessoa que não merecia ficar em off daquilo tudo, que observaria tudo de longe e estava desolada igualmente. 

Aceitou de bom grado o abraço consolador do delegado, se sentia culpada e naquele momento não ligou em demonstrar toda sua fraqueza.

Havia aguentado por tanto tempo.

Elídio saiu por um minuto de perto dos amigos, precisava respirar um pouco e avisou-os.

Quando saiu do velório e caminhou para o lado de fora,  deparou com a cena de longe, o delegado abraçando uma mulher que chorava muito.

Estranhou. Nunca achou que veria o delegado consolando alguém daquele jeito. Pensou em se aproximar, mas repensou que aquela não seria uma boa hora, passou alguns minutos ali e decidiu entrar novamente, precisava dar suporte ao Daniel.

UNLIKELY - D.NWhere stories live. Discover now