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CAPÍTULO REVISADO - 15/12/19

*Elídio Sanna on*

- QUE? - Falamos todos juntos. A cara de horror/preocupação estava nítida no rosto de todos nós. Eu não queria pensar na possibilidade de ele ter surtado novamente e, dessa vez, ter ido embora sem pensar em seus atos.

- Ele não avisou para ninguém? - Andy perguntou.

- Daniel no mínimo se despediria de alguém, mesmo que fosse brutalmente - Samara concluiu.

- Não acho que ele tenha surtado. Dani estava muito bem quando o deixamos no camarim- Evandro falou e Edu o encarou.

- Evandro, ele teve uma crise logo depois que saiu do palco, você lembra? - Edu falou e Gabriela arregalou os olhos.

- Isso é sério?- ela perguntou- na verdade eu imaginei que tinha acontecido alguma depois por causa da reação dele.

- As coisas dele ficaram aqui? - Perguntei e o segurança respondeu que não sabe. Todos nós decidimos ir até o camarim correndo. Chegando lá, a bolsa dele e o celular estavam jogados no sofá.

- Meu deus!- Gabriela exclamou e foi Impossível todos conterem a preocupação para si.

- Vocês já procuraram lá fora? - Andy perguntou já pegando a chave do carro - Eu vou ver se o carro dele está no estacionamento e vou atrás de Diego.

- Andy, calma - Samara pediu

- Todos os seguranças do shopping estão avisados -Bruno, que só agora eu li no crachá, falou - A Equipe, que cuida das câmeras, estão olhando cada filmagem. Caso acharem irão falar no walkie talkei, e eu aviso vocês - Ele completou e retirou.

- Eu preciso ligar para a Karina - Falei, mas fui impedido por Samara - Ele pode ter ido atrás dela.

- Elídio, a única coisa que dá para fazer agora, é aguardar os seguranças darem um retorno - Samara falou. - Não queremos nos desencontrar.

- Mas ele pode estar nesse momento precisando de ajuda - Falei

- Eu acho que devemos procurar em lugares que provavelmente ele esteja, não podemos perder tempo - Evandro falou

- E o Andrés? Cadê ele? - Edu perguntou.

- Ele foi com a gente para a sessão de fotos, mas no meio do caminho ele recebeu uma ligação urgente e teve que sair correndo - Andy falou- a mãe dele passou mal, algo assim, e não é a primeira vez.

- Só desgraça está acontecendo, senhor - Falei - E agora? Ficamos aqui, esperando Daniel surgir pela porta ou vamos atrás dele?

- A opção de aguardar a filmagem das câmeras é a que mais me agrada - Gabriela falou, se sentando no sofá do camarim - Eu estou muito neurótica, e pelo amor de deus, não quero que ninguém mais suma.

- concordo com Gabriela - Samara se sentou ao seu lado - Estamos mortos de preocupação com apenas um, imagina com todos.

- Ele não deixou nenhum recado ou coisa assim? - Edu falou olhando ao redor.

- Nenhuma mensagem. - Andy respirou fundo.

- Acho que ele iria para a casa dele- Falei

- Ou em um bar encher a cara - Edu falou e riu. Olhamos para ele severos. Aquele não era o momento de piada. - Desculpa. - Bruno, o segurança, entrou no camarim e começamos a questionar todos de uma só vez.

- Pessoal, antes de tudo, peço que fiquem calmos - Bruno aumentou o tom de voz. Nos acalmamos, ou melhor, tentamos - Eu preciso que fiquem calmos, e prestem atenção. As câmeras do estacionamento foram vandalizadas por um grupo de pessoas suspeitas - Ele falou- A princípio, foi pensado que era uma ação de vandalismo e mandaram seguranças atrás das pessoas. O problema é que esses mesmo seguranças foram encontrados desmaiados em uma das escadas de emergência. O grupo tinha um objetivo bem específico aqui dentro, já que nenhuma loja foi assaltada, muitos menos pessoas nos corredores...

- Okay, pula logo para a parte que realmente interessa - Andy falou aflito. Gabriela estava olhando para o chão atônita. Todos nós já tinhamos sacado o que estava acontecendo.

- Conseguiram passar por toda a segurança - Bruno respirou fundo- não sabemos como, mas se o grupo esbarrava com algum da equipe, dava apenas um golpe para desacordar. Resumindo, Daniel foi sequestrado - Ele completou, e foi assim que o caos foi instalado. Passamos um momento em silêncio, para absorvermos a notícia.

- O que faremos agora? - Andy perguntou com um fio de voz.

- Acionamos a polícia -Bruno falou- Parece que uma pessoa testemunhou um trio de homens carregando Daniel e colocando-o dentro de uma van e e indo embora. Pelo o que está aparecendo, haviam armado tudo isso há muito tempo, mas ainda assim, nada foi 1000% perfeito.

- Ai meu deus - Gabriela falou- Uma das últimas coisas que eu queria ouvir era uma notícia dessas.

- Vamos todos direto para a polícia? - Evandro perguntou

- Iremos falar com todo mundo, todos os fãs? - Edu perguntou.

- Não para as duas coisas - Respondi- Primeiro que quanto menos pessoas souberem, menos problemas.

- Vão para a casa -Bruno falou- Iremos montar uma operação de resgate juntamente com a polícia. A segurança do shopping está em prontidão, já que a falha maior foi deles, e agora iremos estudar todas as possibilidades e começaremos a conversar com todas as testemunhas que chegaram a ver pelo menos a van, amanhã. Não foram todas as câmeras desativadas pelo grupo, aquelas mais escondidas e discretas conseguiram filmar pelo menos alguns segundos do crime e iremos descobrir por onde entraram dentro do teatro também.

- E nós? - Eu perguntei.

- Peço que vão para casa de vocês, fiquem seguros. Tranquem tudo com a máxima segurança que tiverem -Bruno falou- O grupo tinha um objetivo específico, e pelo o que foi descoberto até agora, creio que não vão parar.

- Será que eles vão mandar mensagens e coisas do tipo? - Gabriela questionou.

- Com toda certeza - Bruno afirmou- Não sabemos para quem, nem por onde. E é ai que investigaremos igualmente.

- Você acha que nunca vai acontecer contigo, mas de repente... - Andy falou, passando as mãos no cabelo, imagino que angustiado por não poder fazer nada.

*Elídio Sanna off*

*Daniel Nascimento on*

Acordei em um sobressalto, e percebi que estava amarrado fortemente em uma pilastra, no meio do que parecia ser um galpão, mas não era tão grande. Uma fita enorme tampava minha boca, que eu sentia estar seca e com certeza iria doer assim retirassem-na, isso se o fizessem. Minha cabeça estava latejando e meus pulsos doendo por causa das cordas, que me amarravam fortemente.

Olhei ao redor, enxergando pouca coisa, já que eu estava sem óculos, e por um momento um pânico subiu por todo meu corpo. Quem poderia ter feito tudo isso? De repente, uma porta abriu e de lá saiu um homem barbudo e encapuzado. Ele aparentemente era musculoso, e tinha os braços lotado de tatuagens.

- Olha só o que temos aqui -Ele falou caminhando em minha direção e eu só conseguia enxergar o embaçado, até ele se aproximar o suficiente para eu focar a visão- Se não é o Daniel Nascimento. Cara, eu sou muito seu fã -ele sorriu e ficou esperando eu falar alguma coisa, como se fosse possível- Oh, sim, claro. Me chamo Rafael, mais conhecido como matador - Rafael, que agora eu sabia que o nome do cara, sorriu doentiamente, mas relaxou assim que viu o meu olhar assustado.

- Relaxa, que não é assim que funciona - Ele falou e eu apenas arqueei as sobrancelhas. - Neste momento, estou apenas de olho em você, enquanto os chefes estão ocupados, sabe? Essa função na verdade é do Derik, mas ele estava ocupado, acabou caindo para minha pessoa. - Rafael completou. Eu tentei soltar minhas mãos, ou pelo menos, alargar as cordas, mas a tentativa foi completamente falha e ele percebeu isso. - Desconfortável, não é? Eu entendo, mas não posso fazer nada - Ele falou, respirei fundo tentando me acalmar e desviei o olhar daquele ser humano - Eu estou ansioso para conhecer todos vocês. -Voltei a encara-lo rapidamente. Andy e Lico. Puta merda. Me debati um pouco- Não eles não estão aqui. Não ainda. Os chefes perceberam as falhas que cometemos e estão querendo nos estrangular, sabe? Terão de mudar todo o plano. - ele ficou em silêncio e minha mente estava tentando arranjar um jeito de tentar sair dali, mas tudo era impossível. - Eu tenho uma filha que é muito sua fã - Rafael recomeçou a falar- Nunca tivemos oportunidade de levá-la ao espetáculo, sabe? A minha situação não permite isso, mas nunca cheguei a explicar para ela o real motivo. Ela tem 14 anos, sabe? Ela é o de mais puro que tenho na minha vida e morro de medo de perde-la. Isso é o que está me mantendo aqui. Tenho dividas a pagar meus chefes, e faz muito tempo que isso vêm acontecendo, mas não tenho condições, e então eles pediram meu serviço e caso eu não compromisse, Livia aparecia... - ele pausou, suspirando- Enfim...- Naquele momento, eu só escutava o seu monólogo pensando em como sairei dali e se os meninos sentiram a minha falta (e tenho certeza que sim). Eu pensava quem poderia estar por trás daquilo tudo, pensava que eu ia morrer, pensava tudo o que era de ruim no mundo. - ... isso me tornou assim, sabe? Eu faria qualquer coisa para me livrar disso. - Rafael suspirou cansado. Ele aparentava ser novo, por causa do porte físico, chutando longe e vendo a expressão fechada e as marcas no rosto, eu dava uns 50 anos. As tatuagens, agora de perto, estavam desgastadas e precisando de um retoque urgente, a única que me chamou atenção, era um rosto de uma menina no branço direito. Aquela era provavelmente a Livia, a filha de Rafael. Meus pensamentos foram interrompidos por um estrondo, e uma mulher acompanhada de dois caras entraram, todos eles estavam com máscaras nos olhos. Rafael arrumou a postura rapidamente e se virou. Aquilo tudo parecia cena de filme, mas o foda, é que está mesmo acontecendo.

- Meu brinquedinho está pronto? - A mulher perguntou se aproximando, e o único som do local, era os saltos batendo no chão. Rafael apontou para mim e se afastou. A encarei. Aquela mulher... ela me lembra alguém, mas minha mente estava ruim demais para lembrar com quem se parecia. - Eu quero testar o quanto antes - ela sorriu, e se agachou em minha frente. Seus olhos miraram nos meus, que estavam amedrontados e eu tentava me afastar dela a todo custo. - Gatinho, juro que não quis fazer isso - Ela levantou a mão para acariciar minha bochecha, e eu afastei meu rosto e ela só riu. - você não me deu escolhas.

- Chefe, o que vai fazer? - Rafael perguntou, e ela se levantou sorrindo ironicamente.

- Não é da sua conta - Ela deu ombros, ainda sorrindo e voltou o olhar para mim de novo - Talvez eu espere pelos outros dois - Ela me encarava minuciosamente e eu tremi na base. Eu não acredito que isso estava acontecendo. - Talvez eu fique apenas com ele... A falha dos meninos foi inaceitável, aquilo não poderia acontecer -Ela se voltou para Rafael - O inferno da porra da polícia vai estar na nossa cola antes do combinado.

- O que aconteceu com eles? - Rafael perguntou em um fio de voz. Prendi respiração involuntariamente quando ela respondeu.

- Eles receberam o castigo que mereceram - A mulher respondeu - Rafael, pode tirar a fita dele. Quero ouvir essa voz.

Rafael caminhou em minha direção, e me olhou com um olhar compadecido, parece que ele era o único com alma naquele lugar, e arrancou de uma vez a fita que estava no meu rosto, me fazendo gemer alto de dor.

- Vejo que já está a um passo a frente - A mulher falou e eu a encarei. - Vamos lá, Daniel, diga um oi para sua nova dona. - Ela inclinou a cabeça para o lado, e eu não disse nada. - Você não vai querer desobedecer, não é mesmo? - A mulher se aproximou novamente, agachando e tocando meu rosto - Os últimos que o fizeram não tiveram um fim muito bom - Deu dois tapinhas na bochecha e eu apenas a encarava. Ela respirou fundo, e encarou os dois homens que estavam parados atrás e voltou a me encarar. Se levantou lentamente.

- Apenas um - Ela falou e um dos homens caminhou até mim e deu um chute bem na minha barriga.

- Merda - A dor era horrível. Gemi alto e senti o ar sumir dos meus pulmões rapidamente, me encolhi instintivamente no chão, o máximo que minhas mãos presas permitiam e fechei os olhos fortemente.  - Quem é você? - tentei falar.

- Você me ignorou, Daniel. Eu pensava que sei lá, a gente fosse se encontrar - a mulher ignorou minha pergunta- Aquele dia até que você me deu atenção, mas eu queria mais. Muito mais. Mandei mil mensagens no seu Instagram e nada de você me responder. Você conversou comigo pessoalmente, mas eu queria mais. Passei muito tempo sofrendo a cada foto sua com a Karina, fazer tudo isso foi mais fácil, você entende? - Ela se aproximou e eu continuei encolhido quase urrando de dor. Deu um beijo lentamente na minha bochecha, se levantou e saiu caminhando com os dois homens em sua cola.

- Voltarei aqui amanhã - Ela falou, se distanciando - Espero poder testar meu novo brinquedinho. - O barulho do salto sumiu completamente. Senti mais uma pontada no estômago e eu gemi de dor mais uma vez. Eu só queria que aquilo acabasse logo.

- Sinto muito - Rafael se aproximou, puxando uma cadeira de algum lugar que eu não vi e se sentou na minha frente. Tentei me acalmar respirando fundo, mas a dor permanecia a mesma. - Ela sempre foi assim, possessiva demais.

- Eu preciso sair daqui - murmurei baixo.

- Não creio que irá conseguir - Rafael falou - Estaremos mudando de lugar assim que possível, já que o plano deu apenas meio certo.

- Eu preciso sair daqui - murmurei novamente. Tentei pensar em coisas boas, pensei na recém apresentação, que deu tudo certo exceto Diego, pensei no ensaio com os meninos, pensei no dia do Karaokê e lembrei do meu beijo com Gabriela. Talvez essa foi a coisa que conseguiu fazer meu coração acelerar, mas por motivo diferente. Queria estar com ela nesse momento. Fechei os olhos.

*Daniel Nascimento off*

UNLIKELY - D.NOnde histórias criam vida. Descubra agora