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*Gabriela Oliveira on*

Meu coração estava apertadíssimo. Terça- feira e nada do Daniel. Ontem foi dia da mudança para meu apartamento, e eu queria muito ter ido para a casa do Elídio junto com a galera, para ficarmos atentos a qualquer notícia que a polícia nos daria.

Todos nós estávamos preocupados, e não queríamos que mais ninguém soubesse disso tudo, se não a repercussão seria sem tamanho. Avisei novamente ao Lico que a qualquer notícia nova,  era para me ligar, não importasse a hora.

Só de imaginar como o Dani poderia estar naquele momento, os olhos se enchiam de lágrimas. Tentei me distrair, aproveitei que eu estava sozinha na missão de organizar e limpar tudo.

✨✨✨✨

18 horas da tarde, e nada do Lico ligar ou mandar mensagem. Eu havia começado a tirar algumas coisas das caixas, liguei uma musica na minha caixa de som, apenas para ocupar minha mente enquanto escutava. Até que meu celular tocou e eu corri para atender.

- Alô?

- Gabriela? Temos notícias do Daniel - Elídio falou e eu prendi a respiração. Continuei em silêncio indicando ele a continuar a falar - Daniel está em um galpão, bem afastado na cidade. Algumas câmeras de estabelecimentos conseguiriam ver a van que ele estava indo pelas rodovias e afins, até sumirem completamente. O único lugar que desconfiam que eles poderiam ter ido é esse galpão.

- Meu deus, e onde fica? Precisamos ir atrás do Daniel. - Falei, me sentando no sofá.

- Não mesmo. A polícia está montando uma operação toda, parece que a suspeita é de ser uma gangue super procurada por eles. Pode ser muito perigoso - Elídio falou - Você já finalizou todas as coisas por ai? Vem para cá.

- Eu irei, agora eu irei. - Eu me levantei já correndo para o quarto - Qualquer coisa me liga. Jajá estarei por aí.

- Okay, Gaby. Até daqui a pouco - Elídio falou

- Até - Desligamos.

Me troquei colocando uma calça jeans, uma blusinha branca com detalhes e meu tênis. Peguei minhas coisas e pedi um uber.

Durante o caminho do uber, fiquei mexendo no celular, vi alguns comentários do fandom dos Barbixas e a  cada tweet ou foto aparecia:

"Gente, só eu que reparei que o Daniel está diferente?"

"Dani está muito magro ou é impressão?"

"Daniel está tão diferente, será que aconteceu alguma coisa?"

"R: com certeza aconteceu, lembra que ele não apresentou o improvável"

"Daniel não foi na sessão de fotos domingo. Será que aconteceu alguma coisa?"

Eu espero que ele esteja bem.

*Gabriela Oliveira off*

✨✨✨

*Daniel Nascimento on*

Tudo passava tão lentamente, que parecia que eu estava ali há uma semana.

Os momentos que apenas Rafael estava cuidando da minha estádia horrível naquele lugar,  eram os únicos que eu arriscava falar alguma coisa, já que 90% do assunto, era ele que puxava e por ele ter me dito que caiu naquela gangue de paraquedas, comecei a acreditar nele um pouco mais.

Aparentemente, ele é a única pessoa "boa" naquele lugar.

O tempo todo, eu ficava imaginando o que a mulher faria comigo, sendo que já havia feito mil coisas num período curto de tempo. Meus pulsos estão começando a ficar machucados, por causa das cordas e o chute de ontem ainda estava muito dolorido, desconfio que se tiver roxo é pouco.

Eu estava mais do que imundo e havia comido apenas um pedaço de pão e água, só para não desmaiar de fome e, além disso, não consegui dormir e isso, consequentemente, me fez ficar ainda mais cansado. Encostei minha cabeça na pilastra, respirei fundo com os olhos fechados.

Preciso sair daqui.

Ouvi barulho de salto batendo no chão e abri os olhos me deparando com a mulher e os mesmos homens de ontem. Todos com as mesmas máscaras.

- Olá, anjinho - Ela falou. Eu conheço essa voz, mas não lembro de onde e isso estava fodendo minha mente.

-Espero que esteja com energias suficiente para mim - Permaneci em silêncio, e ela parou alguns metros de mim - Vamos, solte-o e leve-o na minha sala  - Se virou para os dois homens, que assim o fizeram.

Me soltaram, me levantaram e com o impulso, fiquei de pé e senti minha cabeça girar levemente. Rafael que acompanhava tudo em silêncio, me observava com uma certa dor, mas não se manifestou. Um dos homens me empurrou para andar, e assim fiz, olhando para o chão.

A mulher caminhava na minha frente e os dois homens estavam postos no meu lado.

Paramos em frente uma porta, a mulher destrancou e entrou, os homens me empurraram lá dentro.

Todas as paredes eram pretas, havia uma enorme cama encostada na parede com lençóis vermelhos e ferros polidos presos bem em cima, que curiosamente ou não, duas algemas estavam penduradas uma de cada lado e haviam outras duas na outra ponta da cama igualmente.

Tinha uma porta no outro lado no quarto, mas não deu tempo de ver nada lá dentro, já que fui empurrado na cama e preso pelas algemas, uma em cada pulso. Um gemido de dor escapou de mim, já que meus pulsos estavam pura carne, por causa das cordas. 

Meu corpo se encostou na cabeceira da cama e minhas pernas, que estavam estiradas, foram presas nas outras algemas.

Eu estava esticado.

Uma fita preta foi colocada na minha boca e o barulho de porta fechando ecoou na sala, mas não levantei a cabeça para ver quem tinha saído. Embora imaginasse.

- Você se lembra de mim, Daniel? - A mão direita da mulher tocou no queixo, meus olhos focaram nos seus, que a máscara contornava e eu tentava me lembrar dela, mas só de tentar, a cabeça doía. Ela estava de pé ao lado - Sinceramente, eu queria outro, mas a vida deu uma oportunidade tão boa quanto.... Mas okay, irei tê-los também  - ainda com a mão no meu queixo, ela se aproximou mais e sentou em cima do meu colo. Uma dor se propagou no meu corpo, que estava fraquíssimo para aguentar qualquer peso,  de qualquer coisa - Você é tão lindo, Daniel. Tão lindo. Finalmente eu tenho você e isso é tão gratificante. - Ela sorriu e rebolou.

Talvez, esperando que eu reagisse, permaneceu me encarando, mas a única coisa que eu fiz, foi tentar me soltar puxando as algemas. Algo que não deu muito resultado - A gente nem começou e você já quer sair? - Ela sorriu maldosa, a mão dela foi descendo pelo meu peitoral que encolhia tentando se distanciar o máximo que dava - Primeiro, vale lembrar que quem manda aqui sou eu. -sua mão esquerda se ergueu em direção ao seu rosto e aos poucos foi desamarrando a fita da máscara. - Segundo, eu quero você foque bem no rosto da pessoa que você vai encarar o resto da sua vida - Ela sorriu- Irei revezar com os três, assim ninguém fica sem, não é mesmo? - Quando a máscara caiu, eu não pude deixar de arregalar os olhos, enquanto tentava me soltar a todo custo. Minhas pernas já estavam sem forças, e com ela em cima de mim, dificultava tudo  ainda mais.

- Eu estava tão ansiosa por esse momento - Ela sorriu maldosa, enquanto acariciava meu cabelo - A sonsa da Maria caiu tão direitinho, que eu pensei seriamente em seguir o rumo de atriz. Seria maravilhoso. Meu pessoal dava risada toda vez que eu contava de alguma coisa - Ela se segurou meu rosto firmemente e deu alguns beijos sobre a fita que estava na minha boca - Maria daria o mundo para estar aqui, mas veja bem -Luana rebolou mais uma vez e eu sentia que meu corpo todo estava latejando, sentindo as dores de ter ficado amarrado e sentado o dia inteiro, sem comer quase nada e sem dormir nenhum pouco. - Eu é que estou - Ela ainda segurando meu rosto, retirou a fita de uma vez da minha boca, e eu gemi, mas fui abafado pela boca desesperada na Luana na minha. 

Não correspondi em nenhum momento, tentava me soltar desesperadamente e isso fez com que meus pulsos doessem ainda mais.

A pressão na minha boca era tão grande, mas de jeito nenhum Luana soltava meu rosto. A minha fraqueza me impediu de tentar me esquivar, já que a força que ela segurava meu rosto era maior do que a minha armazenada neste momento.

Resolvi morder fortemente um dos lábios dela, com toda a força que eu conseguia, mas um soco atingiu meu olho, que eu fiquei zonzo, sentindo o cansaço me atingir ainda mais e a dor em todo corpo aumentar significativamente.  Luana saiu do colo e xingava Deus e o Mundo,  principalmente eu.

- FILHO DA PUTA DO CARALHO EU SÓ NÃO TE MATO PORQUE VOCÊ AINDA É O DANIEL NASCIMENTO, E TAMBÉM PORQUE A GENTE PRECISA DE GRANA - Abri os olhos, tudo estava embaçado, mas eu conseguia distinguir Luana secando os lábios cheio de sangue dela. Meu deus - Você pode ter certeza que iria me preferir do que o D, eu sou mil vezes mais amigável que ele - Luana falou e saiu da sala me deixando sozinho, passado um tempo, os dois homens entraram na sala e soltaram minhas algemas. Cada um de lado do meu corpo, me ergueram e foi me encaminhando para algum lugar que provavelmente era o mesmo de antes e eu não estava errado.

Eles me jogaram no chão, e me prenderam com as cordas na pilastra novamente. Rafael entrou na sala, observando tudo em silêncio. Cumprimentou os dois homens, quando os mesmos passaram por ele para sair e  aproximou-se, ajoelhando na minha frente.

- Imagino que agora saiba quem fez isso contigo? - Rafael perguntou, e eu apenas assenti - Seu olho tá maravilhoso - Ele riu e eu encostei a cabeça na pilastra - Mas acredite que o que quer que tenha feito, essa foi a forma mais tranquila que poderia ter voltado.

- Eu preciso sair daqui - Foi a única coisa que eu falei. Parecia que minha mente entrou em um modo robótico.

- Daniel, eu acho que sei como te ajudar - Rafael falou, automaticamente minha mente acordou e toda minha atenção voltou para ele - Mas você precisa colaborar. - assenti. -  Hoje faríamos a mudança de local, mas ela decidiu se divertir contigo hoje, algo que posso ver que não deu certo, só olhando seu olho.  Iremos em três carros comuns e um deles eu que sou o responsável por dirigir. Você vai comigo, iremos ser acompanhados por outras três pessoas. Podemos esperar todos saírem, nos perderemos do pessoal, eu mato os caras e a gente foge.

- Rafael,  não é matar ninguém por mim- Falei, negando e tirando forças onde não tem.  - Posso pensar em outra coisa.

- Não - Rafael negou - Esse é o único jeito. Luana é doente e o D tão quanto. Sei de muita coisa, mas aqui não é o melhor lugar para conversarmos sobre isso.

- Tenho certeza que temos outra opção, sem matar ninguém.

- não temos - Rafael negou, mas parou um segundo para pensar - Com toda certeza já notaram o que aconteceu contigo, principalmente porque os erros do pessoal foram graves. Muito provável que já tenha alguém atrás de você.

- De qualquer forma iremos mudar de galpão.

- Mas eles ainda estarão atrás de você e isso é uma chance - Rafael começou a andar de um lado para o outro lentamente, pensando em todas as opções. - Podemos colocar você no lixo. Que nem os filmes fazem.

- Qual a probabilidade disso dar certo? - Perguntei, sentindo meus olhos se fecharem por vontade própria. Minha cabeça estava começando a ficar lenta demais.

- Uma em um milhão, mas o cara que cuida do lixo é um nerd rebaixado. Ele cuidava da parte de invasão. Ele com certeza é avoado e insatisfeito com tudo - Rafael falou -  hoje é o dia que ele normalmente passa para pegar as coisas. Uma caçamba fica do lado de fora do galpão. Posso arrumar um jeito de desligar as câmeras e te colocar dentro no carrinho que ele recolhe o lixo. Você vai ficar na caçamba lá fora e fica escondido até eu ir atrás de você. Fugimos. Eu dou uma desculpa qualquer para sair.

- Porque eu deveria confiar em você? - Perguntei

- Se eu quisesse te matar, já teria o feito. Como falei, minha filha ama você. - Ele falou, dando ombros. - e eu sou um dos únicos meios.

- Tudo bem, vamos fazer isso - Respirei fundo, tentando manter minhas energias.

✨✨✨

A noite havia chegado.

Eu estava começando a ter energia, porque a hora de fugir se aproximava. Rafael havia deixado tudo no esquema e a única coisa que eu precisava fazer era correr para o carrinho na hora certa.

As cordas que prendiam meu pulso estavam soltas e, não sei como, mas Rafael fez com que metade da equipe se movesse para a sala de segurança, já que não só as câmeras como os aparelhos de segurança, desativaram.

Além disso,  Rafael havia dado a desculpa de que iria buscar mais mantimentos, porque aparentemente era também uma de suas funções quando não era meu cão de guarda.

O barulho da sala abrindo ecoou e um garoto entrou com um carrinho médio azul.  Rafael cumprimentou e começou a puxar assunto com ele sobre os trabalhos e foi aí que percebi minha deixa.

Corri o mais discreto possível até o carrinho,  entrei e puxei a sacola lentamente me cobrindo o suficiente para ele não me perceber, a não ser que olhasse tudo com um pouco mais de atenção. Rafael pegou outro saco de lixo e para "ajudar" o rapaz, colocou em cima de mim.

Depois um silêncio e um barulho de algo caindo no chão. Estranhei, mas não me levantei.

- Dei um soco no rapaz, ele está desacordado. Preciso que você saia dai e se troque de roupa com ele, pensei que seria uma boa ideia ele ficar como se fosse você.  - Rafael murmurou para mim e eu sai do lixo de novo, tirando minhas roupas o mais rápido possível e vestindo a do rapaz desacordado - Volta pra dentro, deixa que eu visto ele e o prendo ali. - Assenti e entrei novamente no carrinho e me encobri no lixo.

As roupas estavam um pouquinho apertadas, mas nada que atrapalhasse tanto.  Prendi minha respiração, já que o cheiro estava insuportável e permaneci parado, mesmo que a posição não ajudasse.

Depois de um tempo, o carrinho se movimentou e lixos e mais lixos era jogados em cima de mim. Eu escutava a voz de Rafael, que sempre que o questionavam sobre o porque ele que estava levando o lixo, ele dizia que o nerd foi chamado para ajudar nas câmeras.

O meu corpo estava totalmente na beirada  para entrar em colapso, mas permaneci ali até o carrinho parar, tentando me acalmar. Escutei Rafael chamando mais duas pessoas para ajudá-lo a levantar e de repente o carrinho foi virado na caçamba e eu caí com tudo em meio ao lixo, quase gritei alto, mas me contive.

Sem prestar atenção em qualquer detalhe,  todos se distanciaram. Era agora ou nunca. Passos se aproximaram e o ser bateu três vezes na caçamba.

- Daniel? Sou eu Rafa - Respirei aliviado, mas prendi a respiração de novo ou tentei. - Precisamos ir agora, as câmeras ficarão disponíveis de novo e não vai dar certo se esperamos por muito tempo - Sai ao poucos, Rafael me ajudou a sair de lá. Tudo estava um breu, apenas algumas luzes bem fracas iluminavam o lado de fora.

Fiquei de pé, tentando me estabilizar e Rafael me ajudou. Foi quando dois carros se aproximaram rapidamente e encostaram perto da gente, não tivemos tempo de reagir já que as pessoas saíram já com as armas apontadas.

- POLÍCIA, TODO MUNDO ENCOSTA NA PAREDE - Um deles falou e e eu só consegui respirar aliviado. A vozes foram ficando distantes, deixei todo meu cansaço me consumir e minha visão escureceu.

*Daniel Nascimento off*

*Anderson Bizzocchi on*

Eu, Samara, Elídio, Gabriela, Evandro e Edu, estávamos reunidos de novo na casa do Elídio. Todos estacionados na sala, em silêncio e o telefone no meio de todos. Nenhuma palavra era dita, nenhum comentário, nenhuma piada sequer, todos focados e preocupados.
Nunca pensamos em passar por algo do tipo.

A última notícia que tivemos foi do lugar que possivelmente Dani estava e agora estão montando uma operação para invadir o local, já que a gangue não era das mais procuradas então seria consideravelmente fácil acha-los.  Passei a mão no cabelo, respirando fundo e tentei ao máximo desviar meu foco do telefone, mas era impossível. Até que tocou, e Elídio foi o primeiro a atender

- Alô? ... Sim, está correto... AI MEU DEUS QUE BOM... - Nos aproximamos- ... ESTAREMOS INDO AGORA... MUITO OBRIGADO - Ele desligou e de voltou para nós - DANIEL ESTÁ NO HOSPITAL, PRECISAMOS IR CORRENDO PARA LÁ.

- MEU DEUS, PEGA A CHAVE DO CARRO - Eu gritei saindo pegando apenas o necessário, como a chave do carro e o chinelo. E não esquecemos de pegar os documentos do Daniel, que com certeza iriam ser necessários. Descemos as escadas da casa do Elídio correndo e nos dividimos em dois carros, eu, Evandro e Edu em um. Samara, Edu e Gabriela no outro.

- Será que ele está bem? - Evandro perguntou

- Esperamos que sim -Falei-  a polícia não deu nenhum detalhe pelo telefone?

- Não, acho que só disseram que o Daniel está vivo, no hospital. Os detalhes vão ser falados pessoalmente - Edu falou e passamos o resto do caminho em silêncio.

Chegando lá, estacionamos no estacionamento do hospital e saímos do carro. Gabriela, Samara e Elídio já estavam esperando a gente para entrarmos e assim fizemos, nos aproximamos da recepção e a Samara foi a primeira a se manifestar.

Quando parei para prestar atenção, já estávamos aguardando o médico dar notícias e não aguentamos as perguntas assim que o cara entrou com a prancheta na mão perguntando quem estava acompanhando o Dani.

- Um de cada vez, calma que irei responder tudo - O médico falou-  Daniel está bem, está estável e no soro,  embora seu estado esteja completamente deplorável, ele pode acordar a qualquer momento. Está apenas adormecido, já que desmaiou no local, provavelmente por estar sem comer há muito tempo. Vários ferimentos no corpo, principalmente nos pulsos e na região da barriga. Exames estão sendo feitos, e faremos outros quando ele acordar.

- Podemos visitá-lo no quarto? - Gabriela perguntou

- Claro, podem sim -O médico falou - Três pessoas de cada vez. 

- Vai você três - Samara apontou para mim, Gabriela e Elídio - Vocês primeiro, depois eu, o Evandro e o Edu iremos. - nos entreolhamos e concordamos.

Ao entrar no quarto, minha primeira reação foi um leve susto. Daniel estava 'dormindo', seu olho estava arroxeado fortemente e os dois pulsos estavam enfaixados. Olhei para Gabriela e Elídio, que estavam aparentemente angustiados.

- Quem pode ter feito isso? - Gabriela murmurou se aproximando do Dani, e erguendo a mão para passar levemente os dedos no rosto dele.

- alguém que não tem sanidade mental - Elídio respondeu e nos aproximamos também.

- Será que ele acorda hoje? - Perguntei.

- Não sabemos - Lico falou - Talvez sim, já que está apenas dormindo.

- Acho que Evandro e Edu precisarão ir embora daqui a pouco -Lembrei- Teremos reunião com uma empresa hoje...

- Eu havia esquecido completamente - Elídio falou - Posso ir hoje e digo o que foi conversado.

- Eu posso ficar com o Daniel aqui, sem problemas - Gabriela se manifestou e parece que ela a única solução de tudo.

- Nós ficaremos muito preocupados - negou- podemos remarcar a reunião.
- Mas a palestra já é amanhã Elídio - Falei

- As filhas da Samara voltaram ontem para casa, elas precisam dela - Elídio suspirou - Gabriela, se realmente não for problema para você.

- Não vai ser, sério -Gabriela falou e se sentou num sofá que havia perto da cama onde Daniel estava.

- Todos nós queremos muito ficar
- Podemos revezar - Elídio deu a ideia
- Vamos fazer isso, assim não atrapalha ninguém.

No final, Gabriela ficaria com o Daniel durante o resto da noite e parte da manhã e eu e Elídio viremos no dia seguinte. 

Consegui ligar para os pais de Daniel, explicando o que havia acontecido e eles, que estavam viajando, ficaram desesperadas e tentariam mudar a passagem de volta para o mais breve possível. 

A polícia falou que viria pegar o depoimento do Daniel assim que ele acordasse e deu a notícia que um tal de Rafael estava querendo visitá-lo, mas ainda era incerto se deixariam ou não.

Apesar do cara ter ajudado Dani a fugir, a ficha criminal dele não era das melhores.

Tentaremos fazer com que nada fosse noticiado, absolutamente nada nem ninguém fora do círculo de pessoas que já sabiam, iriam saber do ocorrido.

*Anderson Bizzocchi off*

*Gabriela Oliveira on*

Assim que todos saíram da visita do Daniel, nos despedimos. Eu iria ficar junto com ele hoje e isso me deixava feliz até, já que meu nível de preocupação era grande e saber que ele está bem, na medida do possível, era reconfortante.

✨✨✨

Madrugada e eu não conseguia dormir de jeito nenhum.

Me aproximei do  Daniel, que estava com a expressão completamente relaxada e dormindo. Tudo passou rápido, mas ao mesmo tempo tão lentamente.

Se não fosse as falhas da gangue, Daniel estaria lá até agora. Passei mão esquerda levemente no pulso enfaixado dele, imaginando a dor que deve ter sentido.

Entrelacei nossas mãos cuidadosamente e, mesmo que ele não estivesse correspondendo, meu coração se aliviou ao sentir a palma de sua mão.

Encarei seu rosto, sentindo um aperto dessa vez, ao ver a enorme marca roxa ao redor de um dos olhos, ergui minha mão direita para mexer no cabelo, que ainda estava macio.
Respirei fundo, tentando controlar nas lágrimas.

- Daniel, é tão bom ver você aqui - Sorri- Que apesar de tudo, você está bem. Vivo – acariciei sua mão com meu dedão, com o maior cuidado do mundo. Até sentir um leve tremor, e um aperto pequeno vindo dos dedos de Daniel.

Meu coração acelerou e permaneci encarando o rosto dele, até o vir abrindo os olhos e piscando, tentando se acostumar com a luz.

- Gabriela – a voz suspirada dele, me fez encher o coração.  Meu deus.

UNLIKELY - D.NOnde histórias criam vida. Descubra agora