30

271 21 12
                                    


CAPÍTULO REVISADO 17/12/19

*Narrador on*

- Eu preciso que você me explique... - Elídio a soltou aos poucos, sem ar, sem acreditar

- Elídio, é uma longa história - Gabriela afagou o braço dele e sorriu levemente ao amigo, que ainda a encarava assustado.

- Eu tenho todo o tempo do mundo - Elídio falou e se virou para Lucas que ainda estava conversando com Jessica. Ainda bem, não queria que a amiga presenciasse aquele reencontro.

- Lucas, poderíamos convidar as garotas para ir com a gente hoje, o que acha? - Elídio colocou um dos braços ao redor dos ombros de Gabriela, a puxando para perto.

- Eu estava conversando com Jessica justamente isso - Lucas olhou para as duas, esperando resposta.

- Claro que vamos - Jessica falou sorrindo e encarando a amiga, que apenas sorriu levemente - Precisaremos avisar uma outra amiga que está esperando pela gente, mas tranquilo podemos ir indo.

- Ótimo, vamos entrar de novo e ai vocês ficam aguardando nós tirarmos a roupa da apresentação e iremos direto para a festa.

- Festa? - Gabriela se pronunciou assustada encarando Elídio.

- Não se preocupe, no máximo Samara - Elídio sussurrou- Isso se ela for hoje por causa das garotas.

- Enfim, vamos então? - Lucas perguntou e todos concordaram.

Jessica se virou para a amiga gritando em modo mímica, Gabriela apenas riu negando a cabeça.

Estava rindo de nervoso na verdade, iria para o lugar onde não poderia ir tão cedo.

Nicolas iria mata-la e ela se mudaria para os cafundós do mundo, voltaria do zero, só de pensar nisso já estava pirando.

Mas como não imaginou em nenhum momento que aquilo aconteceria, teria que lidar com aquela situação sozinha, até quem sabe fingir que estava passando mal e ir para casa.

As duas mulheres esperaram os homens se trocarem para irem e quando voltaram foram direto para a festa.

✨✨✨

- Gabriela - Elídio a chamou baixo quando desceram da van, ela se virou e entendeu que ele queria conversar. Gabriela se virou para avisar para a amiga, mas ela saia caminhando enquanto conversava com uma pessoa que conheceu durante o caminho. Elídio fechou a porta da van e os dois foram andando devagar.

- Eu quero que você me explique tudo o que aconteceu - Elídio falou colocando a mão no bolso da calça do terno, sim, terno.

Estava "produzido" para a festa, mas aquilo era apenas para disfarçar a futura fantasia.

- Não posso - Gabriela negou - aconteceu muita coisa.

- Isso eu posso imaginar e é louco pensar que se passou consideravelmente pouco tempo - Elídio falou - Mas eu percebi que era você, por causa do seu colar - apontou para o pescoço da garota, aonde estava o presente que Daniel a havia dado. - esse colar é único.

- Como assim único? - Gabriela segurou o pingente do colar em uma das mãos. O colar em si era dourado, fininho e o pingente de seta.

- Enfim, é muito bom encontrar com você.

- Eu estava com medo de isso acontecer, porque não saberia lidar - Ela falou - encontrei com Daniel hoje, aliás, não só encontrei como tive aula com ele e mesmo assim ele não foi capaz de reconhecer.

- Você teve aula com o Daniel? - Elídio arregalou os olhos parando a caminhada - É muita coisa para processar em uma fala só.

- É uma longa história - Gabriela olhou para o chão e depois para o amigo - Mas, enfim, ele não me reconheceu. Por um lado foi incrível e por outro foi decepcionante.

- Eu imagino que tenha sido - continuaram andando - As coisas ficaram muito difíceis depois que você foi embora, Gabriela. Todos nós sentimos falta, principalmente Daniel. Ele criou um bloqueio emocional muito grande depois de... - Elídio suspirou, odiando lembrar daqueles momentos horríveis do passado-... você sabe e ainda tudo aconteceu de forma corrente, deixando tanto nós, principalmente ele, acabados.

- Estou sentindo tanta falta de vocês, Lico -Gabriela suspirou triste - Carol Matos não sou eu e nunca vai ser. Esse sentimento de estar vivendo alguém que não sou me deixou horrível e foi o palco que proporcionou viver eu mesma.

- Você veio para o mundo da improvisação? - Elídio sorriu - Já que você teve aula com o Daniel, imagino que seja.

- Digamos que sim - Gabriela sorriu também. - Eu não sei como irá ser daqui para frente, estou com medo na verdade. Já que voltar não era uma opção e Nicolas vai me matar se souber.

- Ele não vai saber - Elídio falou - Porque ele já sabe.

- que? - Gabriela arregalou os olhos.

- É que talvez, pelo o que está me parecendo, ele fez de propósito, pelo menos é algo que veio na mente, já que São Paulo era o último lugar que a gente esperaria te encontrar.

- Eu não sei - Gabriela falou - Talvez sim, talvez não. Só me resta esperar e ver o que acontece - Elídio parou na frente de um casarão, todo enfeitado e até macabro um pouco, com algumas pessoas na frente.

- Agora, eu quero que você me escute - Elídio parou em um canto no lado de fora- Essa festa tem bastante gente você conhece ou que já conversou com você, então toma cuidado, garota. Até que você não está tão reconhecível assim, então isso já ajuda e também está de noite, só vai ter a iluminação das luzes e algumas lâmpadas coloridas na parte principal. Quero que você curta pelo menos e qualquer coisa me chama, sério. Estarei como DJ hoje, mas por favor - Elídio a encarou esperando uma resposta de confirmação e a obteve, a pegou pela mão e foi adentrando o pessoal até chegar em uma porta.

- Gabriela, bem vinda ao Apocalipse Tropical - Ele sorriu malicioso e abriu. Ao entrarem, Gabriela quase caiu para trás, eles estavam simplesmente estavam em uma das baladas mais loucas que tem. Estranhou ele dizer que estaria como DJ, mas relevou.

Elídio a deixou com a rodinha de amigos e ao encontrar Jessica, ela respirou aliviada. Viu que Jéssica se enturmou com outras pessoas que estavam por ali, ficou feliz pela amiga.

Gabriela avisou rapidamente que iria tentar achar refrigerante naquela festa e que já voltava, recebendo apenas um okay com a mão, ela apenas saiu desviando com dificuldades entre as pessoas fantasiadas com óculos loucos, maiôs, todas enfeitadas de glitters e lantejoulas.

Ela nunca iria pertencer a aquele lugar, definitivamente.

No meio do caminho, encarou onde estava o DJ e riu alto, ao ver Elídio apenas de boxer preta e o que parecia ser um frufru rosa, com um colete aberto sem camisa por baixo, cheio de maquiagem e delineador, dançando com um headphone no pescoço.

É claro que seria o modo mais aleatório possível.

Toda a decoração do lugar parecia literalmente ser um apocalipse, mas era tudo exageradamente colorido e animado.

Saiu do que seria a pista de balada e mudou de cômodo, se deparando com um lugar um pouco mais tranquilo que o anterior, mas ali parecia ser o lugar da pegação.

Havia casais de todos os estilos, tinha até uma possível suruba quase acontecendo num lugar do canto, vários homens se agarrando e outras pessoas apenas tentando conquistar e pegar de jeito outras pessoas.

Gabriela apenas passou por aquele cômodo rapidamente antes que acontecesse alguma coisa ou fosse abordada. Rodou mais um pouco, até viu um e outra pessoa que conhecia, mas ignorou e seguiu seu caminho atrás de um refrigerante.

Até que viu o Andy, parou subitamente, seu coração deu um leve gelo. Ele estava conversando com uma garota animadamente e com um copo de bebida na mão.

Gabriela apenas passou o mais rápido que conseguiu. Estava perdida naquela enorme casa, mas seguiria seu caminho, viu a entrada do banheiro feminino e quebrou por um momento a procura pelo refrigerante, sentiu uma vontade enorme de utilizar e assim foi.

Após utilizar o banheiro, lavou as mãos e se olhou no espelho. Seu cabelo estava um pouco bagunçado, seu óculos estava de um jeito inexplicavelmente e levemente sujo de glitter, riu e saiu.

Não conhecia ninguém por ali, até sentir uma mão a puxar e quase morreu de alívio ao ver que era Elídio.

- Vem, não deveria ter chamá-la para vir aqui, não é um dos lugares que você mais se identifica - Lico saiu a puxando rumo a algum lugar, que depois de um tempo, ao olhar em seu redor, ela identificou como se fosse uma sacada da casa, era bem espaçoso (como o enorme casarão já era) e ali parecia ser o local dedicado a pessoas que não se misturavam tanto com a baderna.

- Acho que aqui é mais tranquilo - Lico ajeitou o colete.

- Parece ser um lugar que vocês reservaram justamente só para isso - Ri, me sentando em um dos sofazinhos por ali.

- Mas foi mesmo! - Elídio exclamou alto e rimos - Queríamos fazer dois ambientes, um que o apocalipse já estivesse chegado e outro que ainda não. Então aqui basicamente ficariam as pessoas que não tem o menor estilo de estar lá, isso acabou chamando muita atenção.

- Achei genial

- Irei pegar alguma coisa para você beber- Lico saiu antes que ela gritasse que não queria nada alcoólico, suspirou. Pegou seu celular que já estava quase sem bateria e ficou rolando o feed do Instagram. Até uma notificação chegar.

"OQUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO NA PORRA DA FESTA DO SEU AMIGO GABRIELA?"
"ACHO BOM VOCÊ TER UMA BOA EXPLICAÇÃO PARA ESSA PATIFARIA QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI" - Nicolas

"Antes de tudo... Como você sabe que eu estou aqui?" - Gabriela

Ela suspirou e saiu da conversa, teria que estar pronta psicologicamente para se mudar para o fim de mundo mais uma vez. Continuou mexendo no celular, até receber mais uma notificação

*Esta mensagem foi apagada*

"Apenas saia dai, antes que eu mesmo vou e te tiro dai. Você quer colocar tudo a perder?" - Nicolas.

Gabriela não conseguiu processar a informação. Aquilo não fazia o menor sentido, porque ele apagou uma mensagem?

- Que cara é essa de quem viu um fantasma? - Elídio chegou com duas latinhas de coca cola na mão, me entregou uma e deixou outra na mesinha ao lado.

- Foi quase isso -Falei, já abrindo a latinha e bebendo um super gole.

- O que aconteceu? - Ele perguntou
- Tem algo muito errado no delegado Nicolas - Gabriela falou - Ele me mandou uma mensagem que... Não sei sabe, pode ser coisa da minha cabeça e o mais estranho, ele apagou a mensagem.

- Ele apagou? - Elídio arqueou as sobrancelhas e Gabriela concordou.

- Eu preciso ir, antes que ele realmente venha - Me levantei e Lico segurou meu braço.

- Gabriela, calma

- O que foi?

- Daniel acabou de chegar - Lico a manteve parada em sua frente, encarando-a fixamente como se quisesse frizar o problema que aquilo era e tentar que o amigo não a visse.

- Mas o que raios ele está fazendo aqui? É agora mesmo que eu tenho que ir embora Elídio - Gabriela sentiu o coração disparar

- É uma longa história - Elídio negou com a cabeça. Ele e os outros estavam tentando fazer de tudo para que Daniel não tivesse uma recaída, até para arrastar ele para essas festas e deixá-lo em ambientes como estavam no momento.

- Eu preciso ir - Gabriela falou desesperada. Estava morrendo de saudades dele, mas a voz em sua cabeça latejava.

Ela se desvencilhou de Elídio e correu para o que lembrava ser a saída, esbarrando em todas as pessoas possíveis, sem se despedir da amiga.

Precisava sair dali o mais rápido possível, até sentir uma mão a puxando, soluçou no susto e sentiu as costas bater na parede.

Olhou para o ser humano. Nicolas.

Com um olhar mortífero em sua direção. Nunca havia o visto com aquele olhar, parecia que todo o ódio estava ali, principalmente ao sentir o pulso apertar.

- Você... -Nicolas começou ainda a encarando, a festa rolava normalmente, como se nada tivesse acontecendo ali.

Ele arrastou-a por entre as pessoas, até chegarem em um corredor cheio de portas. Gabriela escutou alguns gemidos altos de prazer vindo de algumas e decidiu ignorar o máximo que dava, estava com medo. Muito medo. Nicolas jogou-a dentro de um quarto e entrou logo atrás, fechando a porta. Virou-se para a mulher assustada.

- Você quase estragou tudo - Nicolas murmurou perturbado - QUASE ESTRAGOU TUDO. - Lágrimas começaram a descer pelo rosto de Flávia. - VOCÊ É UMA IRRESPONSÁVEL. A PIOR COISA QUE EU FIZ FOI TER CONFIADO EM VOCÊ, VOCÊ DARIA TUDO A PERDER. TUDO. O QUE PORRA VOCÊ VEIO FAZER AQUI? TA QUERENDO ACABAR COM SUA VIDA?

- Eu... -Gabriela ia se pronunciar.

- EU TO PUTO DA VIDA COM VOCÊ, PUTO DA VIDA. - Nicolas estava vermelho e andava de um lado para o outro, seu rosto estava perturbado e as mãos fechadas. Gabriela estava estranhando aquela reação, principalmente vindo de um policial.

✨✨✨

- Daniel?

- Alô? Quem fala? - Daniel atendeu o celular, estava em casa jogado no sofá assistindo o décimo episódio de uma série.

- Aqui é o Rafael, lembra de mim? O cara que te ajudou a fugir?

- Aaah Olá Rafael, como você está? Ta tudo bem? - Daniel se ajeitou no sofá, olhou de relance para o relógio. Andrés chegaria dali a uma hora para arrasta-lo para mais uma das festas. Estava cansado daquilo, mas sabia que os meninos estavam se esforçando.

- Eu to ótimo, aconteceu muita coisa. Consegui alguns minutos no telefone e agora aqui estou eu - Rafael falou

- Agora me senti especial por isso - Daniel sorriu

- Eu queria te falar uma coisa, Daniel - Rafael começou hesitante e Daniel arqueou as sobrancelhas - Já falei com todas as pessoas que eu tinha que falar, agora só resta você.

- O que está acontecendo? Você já me contou tudo - Daniel bagunçou o cabelo

- Teoricamente sim, mas senti que ainda te devo isso - Rafael respirou fundo. - Não confie no Delegado.

- O que está acontecendo, Rafael? - Daniel levantou do sofá aflito

- Nicolas na verdade é apenas um codinome - Rafael sussurrou - Anote Daniel, cuide de Gabriela. Cuide dela. Karina fez de tudo, Danilo aceitou, Luana pode explic... - E a ligação caiu, deixando Daniel atônito do outro lado. Desespero, ele pegou qualquer pedaço de papel que tinha do lado e anotou a mensagem de Rafael. Bem nessa hora, a companhia tocou. Daniel levantou-se abrindo sem ver quem era e viu Andrés.

- Daniel? Cara? O que foi ta tudo bem? - Andrés entrou logo tentando acudir o amigo que estava branco como um papel e assustado.

- Eu... - Dani começou-... Recebi uma ligação do Rafael e... - Ele ergueu o braço com a folha da mensagem. Andrés pegou e leu rapidamente.

- Mas que porra... - Andrés bagunçou o cabelo, se entreolharam e juntos saíram atrás dos amigos, que estavam na festa que iriam.

Não falaram nada enquanto não chegaram no lugar, Daniel saiu do carro, estava tentando interligar tudo, nem viu a galera acumulada na frente do Apocalipse Tropical.

Se enfiou na multidão junto com o amigo, em busca dos seus amigos.

Quanto mais rápido fizessem alguma coisa, mais rápido acabariam com aquilo tudo, perguntaram para algumas pessoas sobre o Elídio e souberam que o mesmo estava na área mais tranquila da festa, juntos foram até lá.

UNLIKELY - D.NOnde histórias criam vida. Descubra agora