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CAPÍTULO REVISADO 17/12/19

*Gabriela Oliveira on*


Meu amor, Danilo nunca mais irá atormentar nossas vidas. Vocês precisam se preocupar com Karina.

- Karina? - Todos perguntaram e Luana apenas assentiu.

- A situação é mais do que vocês imaginam - Luana falou.  Minha cabeça girava com todas as novas informações.

- Eu me lembro dele falando algo sobre isso - Falei - Mas estava assustada demais para processar qualquer coisa. -  ouvi de longe o toque do meu celular e todos começaram a procurar de onde que vinha aquele barulho. Me levantei deixando-os e, Samara percebendo que caçava o que poderia ser meu celular, indicou para minha bolsa no canto, surpreendentemente ela estava aqui.

Olhei o visor e o nome da Ester, minha amiga, piscava na tela. Engoli em seco, com todas aquelas situações acontecendo, eu esqueci completamente das meninas. Atendi.

- Antes de tudo, eu preciso saber se você está bem, aonde raios você está e porque a Jéssica não está me respondendo - Ester disparou a falar antes que eu me pronunciasse.

- Eu preciso conversar com vocês, seriamente - Falei, me distanciando para a cozinha - Precisa ser pessoalmente. E sim, eu estou bem... Agora estou. E sobre Jéssica, não sei dela desde ontem.

- Me diz aonde você está? - Ester perguntou, mordi os lábios sem saber o que fazer, me encostei no armário da cozinha.

- É uma história muito longa, muito muito mesmo. Está acontecendo mil e uma coisas que eu não gostaria de envolver, porque não sei mais o que esperar, mas tudo tem um motivo e você, na verdade, vocês não merecem ficar no escuro - Falei, já sentindo a vontade de chorar.

- Perai, calma, respira. Antes de tudo, aonde você está? - Ela perguntou, nesse momento Daniel entra na cozinha, com o olhar preocupado e se aproxima de mim.

- Se eu falar, você não irá acreditar - Ergui a mão, tocando o rosto de Daniel levemente, ele apenas sorriu um pouco e indicou o telefone, como se estivesse dizendo "Quer eu fale com ela?", Neguei rapidamente.

- Não sei se acreditaria ou não, mas preciso saber aonde vocês estão, que não mandaram mensagem sabe? - Ester perguntou - Não foi só uma, foram as duas que não apareceram.

- Porque você não fala para ela de uma vez? - Daniel sussurrou e eu o encarei apreensiva, distanciando um pouco o celular - Tudo já acabou, teoricamente, não tem mais o que esconder.

- Eu...

- A gente conversa, juntos - Daniel segurou minha mão.

- GABRIELA, por favor - Ester gritou na chamada. - A Jéssica respondeu, ela disse que estava ocupada com as coisas do trabalho.

- Eu preciso conversar com vocês duas, urgentemente - Falei, brincando os dedos de Daniel. - Dá para gente se encontrar?

- Aonde? Não poderia ser aqui em casa?

- Claro, claro - Ri, esquecendo desse detalhe - Preciso que você esteja preparada psicologicamente, queria que Jéssica estivesse presente também.

- Estou com medo, mas okay, irei falar com ela - Ester falou - Até daqui a pouco.

- Até - Desliguei e suspirei.

- Irei pegar só meu celular e pedir o carro do Lico emprestado, e ai podemos ir - Daniel beijou minha testa, antes de sair da cozinha. Fiquei alguns minutinhos em silêncio, voltei para sala e não tinha mais ninguém, estranhei, já que nem passei tanto tempo assim no celular.

- Eles precisaram ir, hoje tem Improvável, os meninos foram direto para o aeroporto - Daniel se pronunciou em meio ao silêncio da sala - Samara deixou uma troca de roupa para você aqui - Ele me estendeu roupas dobradas - A sua roupa de ontem ta guardada e não acho que seria muito confortável para você.  - Olhei pro meu corpo, lembrando só agora que eu ainda me encontrava com as roupas do Dani, durante esse tempo todo eu estava daquele jeito - Se você quiser ir com as minhas roupas também, eu não acho que tenha problema, até porque você ficou muito melhor com elas do que eu. - Rimos, peguei a troca de roupa da Samara, que se tratava de uma blusa soltinha amarela e um shorts jeans escuro.

Eu não saBia se ainda tinha a mesma intimidade com Daniel, então apenas sai andando para o banheiro, lá me troquei rapidamente, sai e fui até um quarto pegar minha bolsa, quando voltei para sala, ele estava sentado me esperando mexendo no celular.

Ao me ver, ele se levantou e juntos descemos até a recepção, o carro do Lico estava estacionado ali perto. Encarei Daniel

- Você não deveria ter deixado de ir no Improvável de hoje.

- Por motivos maiores, eu deveria sim.

- E o que os meninos vão dizer se questionarem o porquê de você não ter ido?

- Eles darão um jeito - Dani apenas deu ombros e abriu a porta do passageiro para mim, sorri de leve e entrei agradecendo rapidamente.

Depois de Daniel entrar e se ajeitar, partimos para minha casa, de encontro com as garotas. Dei o endereço e seguimos o mapa.

Durante o caminho, fomos conversando sobre o que eu havia feito e como que cai de paraquedas na improvisação, rimos muito enquanto ele contava sobre o que os meninos fizeram para ele se animar e afins.

Digamos que foi um momento que encontramos de colocar metade do papo em dia e também um jeito que Daniel encontrou de tirar toda tensão que eu estava sentindo. Foi uma ótima ideia, diga-se de passagem, mesmo que quando ele estacionou em frente a casa que eu morei nos últimos meses, todo sentimento voltou de uma vez e quase a crise de ansiedade atacava, que foi com contida apenas com um olhar do ser ao meu lado, saímos do carro, Daniel trancou-o e veio de encontro, nos encaramos uma última vez, antes de ele entrelaçar nossas mãos e apertar levemente, como se estivesse passando uma coragem imaginária só pelo seu toque.

Caminhamos juntos até a entrada da casa, vasculhei na bolsa com uma das minhas mãos a procura da chave, mas não a encontrei, o jeito seria tocar a campainha.

- Estou sem a chave - Falei - Vamos ter que trocar a campainha.

- Se era para ser com emoção, que seja né- Daniel comentou e eu ri... de desespero - Eu sei que você não vai querer, então deixa que eu toco -E antes que eu me preparasse, Dani apertou e deu para ouvir o toque ecoando no lado de dentro da casa.  Uma Ester abriu a porta.

- Que? - Ela arregalou os olhos, alternando seu olhar entre mim e o ser ao meu lado, que só conseguiu sorrir.

- Acho melhor a gente entrar - Falei.

*Gabriela Oliveira off*

*Narrador on*

- Você está dizendo que você não se chama Carol Matos? - Jéssica e Ester encaravam os dois seres humanos sentados juntos (de mãos dadas) no sofá. Aquilo parecia ser um surto coletivo.

- Exatamente - Gabriela falou - E então tudo isso aconteceu e ai eu conheci vocês nesse meio tempo e Nicolas ainda estava junto, então não tinha a menor possibilidade de tudo vir a tona.

- Então todos que você conheceu depois disso tudo ainda acha que você é quem você não é? - Gabriela concordou

- E Nicolas não é um tio maluco?

- Maluco ele é, agora tio dela não - Daniel respondeu.

- Naquele dia que fomos ao Improvável, você não reconheceu ela - Ester falou, se lembrando do dia da carona de Daniel. Ele arqueou as sobrancelhas.

- Que dia que vocês foram ao Improvável?- Dani encarou Gabriela, esperando uma resposta.

- A intenção de não ser reconhecida funcionou - Gabriela deu ombros - Eu estava morrendo de saudades de vocês, dei uma leve sumida do Nicolas e fui assisti-los - Ela sorriu vendo o rosto incrédulo do moço- Foi só uma vez, mas foi tão rápido e tinha tanta gente que nem...

- Eu acho que estou lembrando de ter um sentimento de conhecer a pessoa de algum lugar, mas isso aconteceu muitas vezes - Mesmo com a memória horrível, Dani tentava puxar na mente alguma pessoa que viu e se assemelhava bastante, mas nada vinha.

- De qualquer forma, ainda temos a foto desse dia - Ester se esticou para pegar o celular, caçou um pouquinho por entre as fotos da galeria, até encontrar e mostrar ao casal. Uma memória veio rapidamente na mente do rapaz.

*Flashback on*

- Muito obrigada, eu estava realmente precisando - Daniel sorriu e em seguida Bella puxou papo com a garota. E a outra que a acompanhava se aproximou.
- Oi anjo, ta tudo bem? - Ela se aproximou e eles se abraçaram, Daniel sentiu seu coração aquecer.
- Oiê, tudo e com você? - Dani perguntou e a encarou, ela parecia familiar, mas não queria confirmar sua suspeita. Poderia ser apenas coincidência...

*Flashback off*

- Então não era uma coincidência da vida? - Daniel colocou as mãos no rosto, rindo sem acreditar.

- Se te serve de consolo, ninguém me reconheceu. Nem Elídio iria se não fosse pelo colar - Gabriela riu e a dupla de mulheres estavam vendo aquela cena como aquilo realmente fosse um sonho. Estavam tendo dias normais, as vezes tinham várias surpresas e conquistas, mas não esperavam aquela reviravolta da vida de um jeito tão inesperado.

O dia passou mais rápido do que esperavam. Comeram bastante e Gabriela estava mais aliviada de saber que tudo havia dado certo, apesar de ter hesitado em contar, o tratamento dado por suas amigas não mudou.

Enquanto ela fazia uma malinha, para levar para casa de Daniel(Algo que foi intimada a fazer pelo próprio) as garotas se enturmaram rapidamente com Daniel, não que já não estivessem mais a vontade com ele (até porque a quantidade de vezes que foram assistir aquele ser humano (que pasmem, estava sentado no sofá da sala delas) são enumeras) elas tiveram uma abertura a mais para conhecer o Daniel Nascimento fora dos palcos. E claro, o próprio estava amando conversar com Júlia e Jéssica.

- Eu não quero ser estraga prazeres, mas precisamos ir - Gabriela olhou para o relógio, que durante todo o período que esteve naquela casa, estava acostumada a olhar sempre, mas parecia que naquele dia estava diferente e realmente estava.

- Poxa, a gente podia fazer alguma coisa para comer ou até pedir alguma coisa, sei lá - Jéssica propôs, fazendo um leve bico com a boca. Estava tão feliz por aquele momento, afinal não era todo dia que aquilo acontecia.

- Eu até queria, mas preciso organizar muita coisa - Gabriela falou

- E eu também, preciso resolver algumas coisas - O olhar de Daniel estava longe, enquanto mexia distraidamente em seu cabelo - Além do mais, acho que os meninos estão preocupados.

- Hoje vai ter Improvável não vai? – Jéssica perguntou encarando-o, que apenas concordou.

- Sim, mas como falei, tive e ainda tenho que resolver algumas coisas – Daniel respondeu – Eu vou amanhã.

- A gente podia marcar alguma coisa - Ester propôs

- E vamos - Gabriela se levantou e foi acompanhada por Daniel e as duas garotas - Vocês precisam entender que apesar de tudo o que aconteceu, vocês foram as melhores coisas que já me aconteceu.

- EI - Daniel gritou indignado e as três garotas riram. Ele se distanciou e cruzou os braços, se encostando numa pilastra um pouco longe das meninas, apenas para aguardar.

- Pelo amor dos deuses, não estrague esse momento fofinho - Gabriela encarou-o rapidamente - ENFIM, eu amei ter conhecido vocês e eu quero levar vocês comigo para sempre, então, só porque algumas coisas vão mudar, não significa que iremos nos distanciar, até porque vocês são meus chaveirinhos e temos um compromisso enorme - As três se encararam, já com um sentimento estranhamente bom no peito, se abraçaram. Daniel não pode deixar de esborrar um sorriso ao ver aquela cena.

- Eu vou organizar a mudança, falar com meus pais ainda, voltar a ter a vida normal e Gabriela Oliveira de antes - Gabriela falou secando uma das lágrimas que desceu em seu rosto - Melhor, uma Gabriela Oliveira 2.0.
- Na verdade uma versão 3000 power ultra mega - Daniel riu. Foram caminhando todos juntos até a saída.

- Eu mando mensagem, do jeito que os meninos são eles... - Gabriela começou

- Vão querer fazer nem que seja uma rodinha de samba para comemorar a volta dessa garota - Daniel completou a linha de pensamento.

- E ai eu chamo vocês - Gabriela sorriu, ao perceber o leve surto contido de Jéssica e o leve choque que passou rapidamente pelo rosto da Júlia. SaBia que as duas estavam gritando muito por dentro. - Eu mando mensagem, sério.

- Beleza - Ester sorriu.

- Tchau garotas, foi muito legal passar um tempo com vocês - Daniel se despediu das duas com beijo no rosto e Gabriela se despediu delas com um  abraço apertadíssimo.

- Amo vocês e Desculpa por tudo mais uma vez.

- Vamos? - Daniel estendeu a mão e por um momento muito rápido, um Flashback passou diante de seus olhos, era como se fosse recomeçar (de novo) só aceitando aquela mão. Ela segurou a mão do rapaz e juntos caminharam até o carro, cada um entrou em lado, Gabriela abaixou a janela para dar um tchau para Jéssica e Ester, que retribuíram, Daniel se despediu com aceno também e deu partida no carro.

- Superou as expectativas? - Ele olhou rapidamente para a mulher ao seu lado.

- Muito - Gabriela sentiu um peso enorme ser retirado das costas. - Agora eu preciso ir até meus pais.

- Certo, eu preciso resolver uma coisa também, com alguém que eu não queria encontrar - Daniel mexeu no cabelo. Estava nervoso sim.

- Você tem certeza que quer fazer isso? Sozinho? Você não lembra o que a Luana disse? Que a Karina é com quem devemos nos preocupar?  Eu posso ir com você- Gabriela perguntou.

- Se você for vai ser pior e eu não quero que nada disso aconteça - Dani apertou as mãos no volante. - Tudo o que aconteceu eu estava metido no meio de algum jeito e Karina foi uma das coisas.

- Me poupe, Daniel. Você não tem nenhuma parcela de culpa de tudo o que aconteceu, nenhuma.

- Eu preciso proteger você. A partir de hoje, sou eu.

- O que aconteceu com o Danilo? Luana não me respondeu decentemente naquela hora - Gabriela perguntou hesitante.

- Chamaram a polícia - Daniel limpou a garganta - A verdadeira. Só que Danilo estava devendo na praça, ele literalmente deixou uma parte enorme para se dedicar a você - Gabriela sentiu o tremor passar pelo seu corpo

- Luana mexeu alguns pauzinhos. Depois disso, ela não disse nada do que aconteceu com ele, apenas deixou no ar. Enfim, sobre essa ida a casa da Karina,  existe a possibilidade de dar absolutamente tudo errado e eu não quero que nada aconteça com você.

- Karina não seria capaz de fazer nada nessa altura do campeonato - Gabriela falou, encarando atentamente o perfil do homem ao lado.

- Eu não sei mais oque ela é capaz fazer, Bia.

- Vamos juntos e vamos enfrentar tudo isso juntos.

Daniel dirigiu até a casa da Karina, na companhia da Gabriela. Já estava de noite e isso deixava-os mais apreensivos, mas para Dani, se não resolvesse aquilo o mais rápido possível, não dormiria de noite. 

Foi pensando nisso, que ele passou o caminho inteiro formulando em sua mente oque iria falar. Ao chegar, ele saiu rapidamente do carro após estaciona-lo e foi acompanhado por Flávia, que mal respirava. Chegaram juntos na porta.

- Com emoção, né? - Gabriela perguntou a Daniel e apertou a companhia, o rapaz segurou a mão da mulher, em busca de forças. Ninguém atendeu. Tentaram mais algumas vezes e nada aconteceu.

- Tenho medo de onde ela pode estar - Daniel falou - As vezes prefiro não saber, mas só o ato de não saber, me deixa mais preocupado ainda. - Logo que ele terminou de falar, uma senhora (muito bem conservada) abriu a porta.

- Dona Ester, quanto tempo -Daniel se pronunciou primeiro.

- Daniel, querido - Ela puxou Dani para um abraço, soltando-o em seguida.

- E você é? - Ester encarou a mulher ao lado de Daniel, em seguida as mãos unidas. Gabriela pode concluir com toda certeza que aquela era a mãe de Karina.

- Eu sou a Gabriela, prazer - Gabriela estendeu a mão, mas também foi puxada para um abraço. Daniel escondeu o susto, estranhando aquela super recepção.

- Precisamos conversar, imagino - A mulher de soltou do abraço e abriu espaço para o casal adentrar na casa. - Entrem, fiquem a vontade.

- Sim, precisamos - Daniel puxou Gabriela consigo, entrando na casa e em seguida se acomodaram no sofá, soltaram as mãos e Dani descansou o braço no encosto atrás da moça.

- Antes de tudo, vocês aceitam uma água?um café? - Dona Ester fechou a porta e se sentou no sofá. Os dois negaram. Embora estavam aliviados um pouco por não encontrarem Karina, estavam nervosos por ser a mãe dela e não saber seu paradeiro.

- Imagino que vocês vieram aqui atrás da Karina - Ester começou - Queria que vocês me perdoassem por tudo oque minha filha fez.

- Sinto muito, Ester, mas é um pouco difícil. Mas ainda assim, acho que perdoo, eu desejo tudo de bom para sua filha, até que porque passei muito tempo ao lado dela, vários momentos ela estava presente, então não tem por quê negar isso. - Daniel falou - Sou muito grato por tudo isso. Só que nós últimos momentos...

- Ela não fez as escolhas certas - Ester suspirou alto.

- Aonde ela está? - Daniel perguntou.

- No quarto - Ester apontou para onde Gabriela imaginou ser o quarto.  - Eu queria agradecer por tudo e não só eu como meu marido também, principalmente depois de você o ter visitado, Daniel.

- Não precisa agradecer, de verdade. - Dani arrumou o cabelo - Será que ela aceitaria nos receber?

- Vocês dois? - Ester indicou o casal com o dedo - Provável que...

- Eu recebo, mãe -  Karina adentrou na sala. Gabriela mordeu o lábio, estava obviamente nervosa, tanto que apenas observava toda a situação, estava ali para ser um suporte, não para ser um empecilho.

- Certo, irei deixá-los a sós - Ester se levantou indo para algum lugar que naquele momento não era importante.

A sala ficou em silêncio, Karina caminhou e sentou no lugar de sua mãe.

- A que devo a visita? - Karina perguntou

- Acho que não precisamos necessariamente explicitar isso - Dani respondeu

- Posso começar? - Karina respirou fundo, talvez tomando coragem. Os dois concordaram

- Nada vai apagar o que eu fiz, nada mesmo. Acho que nem em mil anos. Eu superei o nível de humilhação e abaixei o nível de imaturidade completamente apelando para... - Pausa- ... Enfim, eu vou pagar por tudo o que fiz sim, acho que devo isso e irei dever a você - Daniel ergueu as sobrancelhas - Vocês, irei dever a vocês.

- O que você fez, Karina? Para o que você apelou? - Gabriela se pronunciou pela primeira vez.

- Estamos aqui antes que aconteça algo pior, embora tudo o que aconteceu, eu não tiro a importância que você teve na minha vida. Porém... - Daniel umedeceu a boca - Eu resolvi tirar tudo a limpo, tudo. Porque não imagino que você, Karina Zoca, tenha a intenção de fazer o mal para alguém.  - Karina começou a chorar, muito, mais do que normal. Daniel e Gabriela se encararam, estranhando um pouco aquela situação.

- Eu não ia fazer isso, eu... - Karina passou a manga da blusa em seu rosto, limpando parte das lágrimas de seu rosto. -... Eu não ia, mas você me obrigou a fazeer isso, você que me obrigou.

- Eu não te obriguei a nada, Karina - Daniel falou  auteloso.
- CLARO QUE VOCÊ O FEZ - Karina levantou do sofá apontando o dedo para Daniel.

- Calma, viemos aqui para conversar de modo calmo, sem... - Gabriela começou mas foi interrompida.

- CALA BOCA SUA VADIAZINHA LADRONA DE MARIDO - Karina gritou, assustando o casal que apenas se levantou no susto.

Ambos tentavam de alguma forma normalizar a situação, mas Karina estava possessa - EU FIZ TUDO, TUDO PARA TIRAR VOCÊ DA PORRA DO MEU CAMINHO, MAS NÃO, VOCÊ É UMA FILHA DA PUTA DE MERDA.
- PELO AMOR DE DEUS, KARINA - Gabriela estava sem reação com tudo o que estava acontecendo.

- Karina, calma, por favor - Daniel estava começando a se arrepender de ter ido. Ester, ao ouvir os gritos, correu para sala, vendo aquela cena. O coração de mãe doía.

- TUDO O QUE EU FIZ FOI PARA VALORIZAR NOSSA RELAÇÃO. O QUE ELA TEM QUE EU NÃO TENHO DANIEL? - Karina se jogou em Daniel, que apenas tentava tirá-la delicadamente de seu peito. E quando conseguiu, tentou se distanciar o máximo. - EU FIZ DE TUDO, EU MANDEI MATAR A PORRA DO DIEGO PARA ELE FICAR DE FORA DISSO E AI VOCÊ ME VEM PIORANDO CADA VEZ MAIS.  - As três pessoas ficaram em choque ao ouvirem aquela informação. Karina mandou matar Diego.

O mundo de Daniel caiu naquele exato momento, não só o dele, como o de Ester, mãe de Karina. Gabriela ainda estava tentando processar aquilo na mente, o surto estava para vir, mas o choque de todos da sala impediu que algo foi sequer falado. Karina chorava incessantemente e junto com ela, sua mãe.

- Karina, você não fez isso - Ester chorava desesperada - A minha filha, a minha linda filha, NÃO PODE SER - Daniel e Gabriela não saBia quem ia acudir quem, se eles mesmo se acudiam.

✨✨✨

- Posso ver no que posso fazer, mas não garanto que farei de graça – Luana inclinou a cabeça. Depois de todo o episódio na sala da casa da Karina, depois se toda a correria de Gabriela e Daniel em busca de acalmar e ao mesmo tempo pedir ajuda aos meninos, chamaram Luana. Sim, Luana.  Mesmo que tudo havia acontecido e Karina ter confessado, Ester não queria que a filha acabasse atrás das grades, seria uma humilhação sem limites e ainda mais, acabaria com a carreira da filha. Com a consciência latejando, Dani chamou quem poderia (de certo modo) ajudar nisso que seria Luana, a única pessoa que seria capaz de fazer algo por baixo dos panos.

- Questão do preço eu realmente não me importo, a única coisa que eu quero é que essa história toda não venha a tona – Ester passava as mãos no rosto angustiada.

- Certo, então este é meu preço – Luana esticou uma folha, com um valor exorbitante – Pegar ou largar.

- Pago metade e dou uma casa na praia em Porto Seguro – Ester encarou-a, Luana arqueou as sobrancelhas.

- Fechado – Dera  as mãos. Ester suspirou alto e encarou a filha ao lado.

- Recomendo vocês saírem do país, por um tempinho – Luana encarou as duas- Marca um psicólogo para essa mulher, ela vai precisar. E última coisa – Ela encarou Karina -  suma da vida daquelas pessoas, se tem uma coisa que os meninos não merecem, e principalmente Daniel, é ter uma vadia sem coração ao lado. Com todo respeito senhora Ester. Agora por favor, quero esse dinheiro o mais rápido possível.

✨✨✨

- Será que depois de tudo isso eu finalmente posso te um momento de paz? – Daniel olhou no relógio do celular que marcava 5 e 50 da manhã, não havia dormindo nenhum minuto, a adrenalina estava alta demais. Só se pensar que teria que se comportar como se nada estivesse acontecendo, já estava elétrico. 

- Em meio a tudo isso, a gente nem conversou sobre como foi o projeto do Evandro – Gabriela falou.  Sim, estavam juntos, sentados em frente a janela da sala de Daniel.  Depois de terem dado um jeito de chamar Luana, decidiram sair do local e ir direto para casa. Nenhum estava com cabeça para processar nada e ainda mais virados, do jeito que estavam e dali a algumas horas, Daniel teria que viajar para ir de encontro aos meninos e apresentar.

- Foi legal, foi bem divertido – Daniel falou – Obviamente sentimos falta de algumas coisas, até porque fomos apenas dois no palco, mas no geral foi legal. Inclusive, a sua amiga estava lá, a Ester.

- Simm, ela estava mesmo, eu acabei não indo – Gabriela encarou o ser ao lado, que apenas fechou a cara.

- Então quer dizer que fui trocado
pelo Elídio? – Daniel cruzou os braços, provocando uma risada alta da mulher e ele acabou rindo junto. – Sinceramente.

- É uma longa história, poxa – Gabriela se distraiu com a vista do lado de fora, os primeiros raios de sol do dia clareavam levemente o céu.

- Resume então – Daniel falou

- Basicamente uma comprou o ingresso para um espetáculo, mas ai surgiu o seu e do Evandro e ai comprou o do Evandro e deu ingresso para outra – Gabriela gesticulou e Dani riu do jeito adorável. O céu já ficando colorido, iluminava a sala de estar.

Permaneceram em silêncio apenas fitando aquela vista, parecia que finalmente estavam em paz (e juntos). Daniel se aproximou mais da mulher a puxando para ficar encostada em si, com a mão, ele pegou delicadamente o queixo da moça e assim se encararam.

Prestando atenção em cada detalhe. Apesar de ter tido alguns detalhes como cabelo e óculos mudados, Gabriela continuava a mesma e apesar de alguns fios brancos terem crescido no cabelo do Nascimento, ele continuava a mesma pessoa que Gabriela haviam conhecido.

Mas só que ambos numa versão 3000 power ultra mega. E ali, com o amanhecer do Sol (e um Dani que ainda não havia arrumado a mala para viajar) beijaram-se, depois de muita espera.


UNLIKELY - D.NWhere stories live. Discover now