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CAPÍTULO REVISADO - 17/12/19

*Daniel Nascimento on*

8 da manhã, eu e Gabriela já estávamos tomando café depois de passarmos a noite inteira aproveitando o que seria a última vez que estaríamos juntos e tomado um banho juntos pela primeira vez, não, não havíamos feito nada durante, apenas queríamos prolongar a companhia um do outro.

Elídio, Andy e Samara chegariam dali a meia de hora, já que queriam se despedir dela, mesmo que tivessem que acordar bem cedo e com uma leve ressaca do casamento.

Os policiais já haviam telefonado e iriam buscá-la às 10 horas, já haviam dado tempo demais e eu estava com o coração doendo, por ter deixado isso tudo acontecer.

Tudo bem, teoricamente não era minha culpa, mas tudo isso começou por mim e isso que me deixava reflexivo demais.

A única mulher que eu sei que realmente vale a pena, estava ali, na minha frente, tomando seu chocolate quente e depois estaria escondida em algum lugar do mundo, deixando quase tudo que havia construído para trás, por minha culpa.

Eu não sabia quando a veria de novo, SE eu a veria, obviamente não havia parado para pensar nisso e agora veio uma enxurrada de pensamentos.

E se ela conhecesse outra pessoa? E se ela se machucasse? E se ela fosse para um lugar horrível? E se ela deixasse de gostar de mim? Se bem que se tudo isso fosse fazer bem para ela, seria extremamente bom para mim, mesmo que eu não fosse teoricamente protegê-la de forma direta.

- Será que são eles? - O interfone do apartamento tocou, Gabriela foi até lá atender, autorizando a entrada - São eles mesmo.

- Você está bem? - Perguntei, erguendo os braços, ela veio até mim, se encaixando entre minhas pernas, já que eu estava sentado.

- Com um pouco de frio e nervosa - Ela riu levemente, passou uma das mãos no meu cabelo, me fazendo sorrir e fechar os olhos. Como eu sentiria falta disso.

- Deixa que eu te esquento então - A abracei, passamos um tempinho assim, em silêncio, até ouvirmos o barulho da campainha. Gabriela se desvencilhou de mim e foi atendê-los.

- OI MEU AMOR - Escutei a voz de Samara, ri, terminando de tomar meu café, me levantei para arrumar a mesa novamente. Alguns minutinhos depois, Elídio entrou na cozinha.

- Eai, Dani - Ele falou se aproximando, e me deu um abraço - Tá bem?

- Na medida do possível - Falei e ele se sentou em uma das cadeiras.

- Ela vai daqui a pouco, né? - Concordei em silêncio.

- Gabriela, você não tinha me dito que morava em um lugar tão pequeno assim - Samara entrou na cozinha com a companhia de Gabriela e Anderson.

- Eu moro sozinha, não tem porque ter um lugar tão grande assim - Gabriela se sentou ao lado do Lico, os outros vieram me cumprimentar e se juntaram aos que estavam sentados.

- Faz sentido, você também não passa tanto tempo aqui né? - Andy perguntou.

- Exatamente

- Você já sabe para onde você vai? - Elídio perguntou baixo. A encarei, vendo-a negar com a cabeça.

- Não tenho nem ideia - Gabriela respondeu.

- Vai dar tudo certo - Samara segurou a mão dela - Sei que é uma frase clichê demais, mas parece ser o certo a se dizer agora.

- Eu fico feliz por vocês terem me aturado durante esse tempo - Gabriela sorriu para nós.

- Na verdade, a gente que tem que te agradecer por isso - Andy falou - Não é fácil aturar a gente, pode perguntar para qualquer pessoa da nossa produção - Rimos, sabendo que era realmente aquilo.

- Uma semaninha, já estão quase desistindo - Lico comentou

- Vocês são incríveis, ué - Gabriela falou

- Gabriela pode falar a verdade,
ninguém aqui vai te julgar - Samara comentou e rimos mais uma vez, eu sentiria falta desses momentos e de todos os outros.

- Tudo bem, realmente foi difícil - Gabriela riu, nós apenas concordamos já sabendo disso.

Nos locomovemos para a sala e passamos um tempinho conversando, bem, quero dizer, eles estavam conversando e apenas uma e outra hora que eu comentava algo, passava a maior parte do tempo observando Gabriela rir de coisas que os meninos falavam, ela fica ainda mais bonita se possível assim.

O dia havia amanhecido nublado e frio, parecia estar tão triste quanto nós. Me levantei do sofá, em silêncio e fui até a cozinha novamente, eu precisava de água.

Peguei um dos copo, enchendo de água e quando me virei para encostar no balcão, Gabriela estava encostada na parede, comecei a engasgar e tossir pelo susto.

- Pelo amor de deus - Falei, me recuperando. Ela já estava rindo e eu comecei igualmente.

- Só não morre - Gabriela falou se aproximando - Acho que dei o troco de todos os sustos que você me fez passar - Rimos, a puxei, colocando minhas mãos em sua cintura.

- Mas não tive intenção de dar nenhum deles - Fiz um bico e ela riu jogando a cabeça para trás e me encarando de novo apenas para dar um selinho - Se todas as vezes que isso acontecer eu receber um desses, pode apostar que eu irei fazer com prazer - Sorri malicioso, recebendo um tapa no braço.

- Daniel! - Gabriela repreendeu - Amo quando você está de óculos, já te falei isso?

- Você me ama de qualquer jeito pode falar - Falei convencido.

- Amo sim, que bom que você sabe - Ela disse - Mas não foi sobre isso que eu vim falar.

-Sobre o que veio falar então? - perguntei

- Você estava distante demais - Gabriela arrumou uma mecha do meu cabelo - Vim atrás de você e deixei a visita para trás, mas que bela anfitriã.

- Eu estava já acumulando saudade - Falei baixo - Sabe? Eu queria ter feito uma super produção, ter feito um textinho ou até tentado fazer um jantar para isso - Respirei fundo - Parei para pensar o quanto importante você é para mim e já não sei mais como seria minha vida sem ter você por perto, esse passou a ser um dos meus medo, ficar sem você. - A encarei, e a mesma prestava atenção atentamente - Eu não sei como vai ser, se eu vou conseguir, mas queria te pedir uma última coisa, pode parecer completamente idiota, já que eu tinha todo o tempo do mundo para isso, mas eu sentia que eu precisava ter um pouquinho de paciência, na verdade, que nós precisávamos ir devagar, como sempre falávamos, enfim, Gabriela... Você quer... Namorar comigo? - Perguntei de uma vez, a vendo arregalar um pouco os olhos, surpresa - Tipo, eu sei, poderia ter sido mais romântico, poderia ter comprado até um buquê e coisas assim, poderia...

- Eu aceito - Ela respondeu, me fazendo parar de falar.

- Oi? - Respondi rindo um pouco, com o coração a mil.

- É claro que eu aceito, meu amor - Gabriela mordia os lábios, contendo o sorriso e as lágrimas. A agarrei ali, selando nosso compromisso com um belo beijo. Eu sentiria muito a falta dela, muita, nos separamos, mas continuamos próximos, aproveitei para dar um abraço forte e apenas me desmanchei em lágrimas.

- Gente, sei que vocês está em um momento muito fofo - Samara adentrou a cozinha cautelosamente - Mas eles chegaram.

- Tudo bem - Falei, com a voz embargada, me soltei de Gabriela, a vendo com o rosto vermelho e molhado de suas lágrimas, ela riu de leve ao me ver assim, tirei os óculos limpando os olhos com as mãos.

Respirei fundo, tentando me recompor e a puxei de volta para sala.

- Olá senhorita Beatriz, viemos aqui para buscá-la - Senhor Nicolas cumprimentou ela.

- Olá Nicolas - Ela falou- Será que posso me despedir deles?

- Claro, Claro. - Nicolas sorriu levemente - Aquelas são suas malas, imagino.

- Sim, são sim - Gabriela concordou.

- Escolha apenas uma delas, senhorita - Nicolas falou- Ninguém pode te reconhecer e nem que fique tão óbvio assim, então escolha apenas a necessária.

- Eu imaginei isso, então separei apenas o necessário - Gabriela apontou para uma menor - As outras vão para casa dos meus pais, apenas para não ficarem e mofarem aqui.

- Sem problemas - Nicolas pegou a mala pequena.

- Tchau meu anjinho, toma cuidado viu? - Samara falou, já em lágrimas - Eu amei ter te conhecido, você é uma pessoa incrível, muito obrigada pelo o que fez pelo Daniel. Estaremos todos aqui quando você voltar - Ela sorriu, abraçando Gabriela fortemente.

- Pelo amor de deus, queria muito que você mandasse sinal de vida, mas enfim - Elídio começou, já a abraçando - Estaremos aqui, muito obrigada por tudo e a gente te ama, mesmo que não demonstramos isso - Rimos.

- Gabriela, você é incrível, muito obrigada por tudo e desculpa qualquer coisa. Volte sempre que quiser, estaremos aqui - Anderson a abraçou e então ela veio na minha direção e, meu deus, como eu queria que tudo isso não estivesse acontecendo e, na verdade, estivéssemos sonhando tudo aquilo.

Ela se jogou nos meus braços, me abraçando fortemente, a beijei e tinha tanto o gosto de saudade, que senti o coração doendo.

- Eu te amo, muito - Falei, me desvencilhando - Até breve, meu anjo. - Beijei a testa dela.

- Eu te amo, amor - Ela falou - Fielmente - Ela segurou o colar em seu pescoço e eu sorri.

- Fielmente - Concordei, a beijei uma última vez. Nicolas a chamou e, assim, lentamente a deixei ir.

Já havia falado tudo o que eu queria falar, eu achava. Falhei em protegê-la e tudo era culpa minha, mas agora sinto que tudo vai ficar bem.

Os dois saíram, e eu, Elídio, Andy e Samara estávamos no mesmo lugar, parados e olhando para porta, esperando que a qualquer momento ela fosse voltar.

Em uma conversa de noite, Gabriela me disse que venderia tudo o que estava no apartamento a pedido de Nicolas, então esperaríamos um pouco ali para descarregarem todo o apartamento.

Obviamente, ela havia levado algumas coisinhas consigo.

As pessoas chegaram para retirarem as coisas. Eu e os meninos e Samara saímos, nós despedimos e eu fui para casa. Tentando não chorar de novo.

As coisas seriam bem diferentes daqui para frente.

*Daniel Nascimento off*

- 4 meses depois -

*Narrador on*

Quinta-feira, Teatro Tuca, Perdizes - São Paulo.

Daniel sentia uma falta imensa de Gabriela ali com ele, a dor foi ainda maior quando viu Samara desejando boa sorte ao Elídio.

Depois do momento que ela foi embora, quando chegou em casa, ele chorou como um bebê, mas se levantou mais forte, porque sabia que aonde quer que ela esteja, estava bem e protegida.

Eles ainda iriam ficar juntos, não iria demorar tanto para isso.

Com o passar do tempo, aprendeu a conviver com a falta, alguns amigos questionava-o aonde ela estava, apenas respondia o que foi combinado

"Gabriela está fazendo intercâmbio, vai ficar um tempo fora" e depois encerra o assunto, o mais rápido que conseguia.

Vira e mexe esbarrava com Karina em algum lugar, as vezes ignorava, ainda que ela tentasse puxar assunto. Elídio arrastava-o para alguns encontros com todo mundo para tentar o distrair e, em um desses, conheceu Layla, irmã da Lília (quase namorada do Andy) uma mulher de 27 anos e muito tímida.

A princípio não havia dado tanta bola, até porque não estava afim de nada no momento com qualquer pessoa que não fosse Gabriela Oliveira, mas então começaram a conversar (por iniciativa dela) e descobriram ter muito em comum, o que para Daniel é algo bem raro de acontecer.

Andy percebeu o que estava acontecendo, mas não sabia que podia intervir ou não, sabia que o amigo estava um pouco abalado, mesmo que negasse, ele preferiu então deixar que a vida se encarregasse de tudo aquilo.

Enfim, os dois conversaram bastante, até o momento que Daniel milagrosamente a chamou para dançar, rolou um clima e o beijo aconteceu.

Foi como se o universo estivesse dando uma segunda chance, mas ainda assim o coração de Daniel doeu. Depois daquilo, ele decidiu que iria embora, agradeceu pelo momento a Layla e saiu.

Elídio, que observava tudo de longe, havia surtado internamente naquele momento, mas percebeu que algo não estava certo quando viu o amigo se despedindo e saindo da festa, e o olhar um pouco perdido de Layla. Foi até a moça e os dois se sentaram para conversar, Elídio esclareceu tudo a moça, que era uma pessoa boa e não era qualquer uma, e merecia uma explicação, mesmo que não fosse a do amigo.

A moça ficou abalada, mas entendeu, havia gostado de passar o tempo com o Daniel, mesmo que não levaria a nada.

Foram 4 meses bem corridos, já que a companhia havia fechado diversos lugares pelo Brasil (isso que continuavam fechando apresentações para o ano, fora as entrevistas e apresentações a parte que faziam) então basicamente, durante toda semana: sexta, sábado e domingo estavam viajando. Segunda (ou até terça) voltavam para São Paulo, de Quarta treinavam 5/6 horas no Espaço da Comédia e quinta apresentavam no TUCA, sexta de manhã já estavam viajando novamente.

E esse era o ciclo.

Agora, neste momento, estavam no TUCA, Daniel pegou o celular, entrando no twitter e viu algumas tweets que as fãs postavam, alguns eram montagens e fotos, mas outros...

"@notfakeDaniel ficou tão distraído no Improvável que eu fui mas tudo bem ainda te amo"

"Gente, desde quando o @notfakeDaniel não namora a Karina? Uma amiga viu ele com outra garota no não tem xicara, e não era a Karina #pasmem"
"- Sério? O.O"

"Dani Eu te amo mas garoto???? Fico feliz que você está dando sinal de vida com o seu jornal semanal, aliás, melhor ideia @notfakeDaniel"

"Daniel parou de seguir a Karina no Instagram há muito tempo, alguém sabe o que aconteceu?"

"Karina está tão linda e feliz, acho ela e o Daniel um casalzão, porém, ninguém mais vê eles juntos"

"Vi a Karina no TUCA uma vez, acho que ela estava esperando por ele, já que ela sumiu depois... Será que meu casalzão continua firme e forte? Amém"

"Sinto que algo de errado não está certo em relação ao @notfakeDaniel irei tirar isso a limpo hoje"

Jogou o celular no sofá, pior decisão ter visto.

Passados alguns minutinhos, Elídio o chamou para finalmente subirem no palco. Mais um dia.

Do outro lado, Nicolas havia conseguido arrancar informações importantes sobre o mandante de tudo aquilo através dos capangas presos, ainda não havia falado para Daniel quem havia pago e ajudado para tudo aquilo acontecer. Respirou Fundo, iria esconder até o último momento. Não poderia vacilar.

✨✨✨

As aulas haviam voltado, Diego estava cumprindo seu papel como professor, ainda que aquela faculdade não fosse mais a mesma sem a presença de Gabriela.

Além de tudo isso, perdeu o contato com os Barbixas, grandes amigos da sua época de estudo e isso havia o afetado bastante.

Queria não ter feito as burradas que fez, se arrependeu amargamente e a vida estava começando a cobrar.

Pegou suas coisas da sala de professores, se despediu dos colegas de trabalho e foi caminhando até o seu carro.

- Diego Fiyero? - Um homem se aproximou, me parando.

- Eu mesmo - Estranhei - Quem é você?

- Ninguém que você precise saber - Ele sorriu doentemente e uma dor atingiu o corpo de Diego. Ele tentava respirar, mas parecia que se tornava impossível a cada segundo, se ajoelhou no chão e deitou-se.

Uma faca havia o atingido e ele sentiu sua visão escurecer aos poucos. O que havia feito para merecer aquilo?

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UNLIKELY - D.NWhere stories live. Discover now