Aquele das 100 perguntas.

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POVA bruxa amaldiçoada.


  Seus pés deslizavam entre os cascalhos e folhas do outono enquanto seguia o caminho que a levava diretamente para o centro do seu jardim. O cheiro de eucalipto e pinheiro adentrava suas narinas e ela inspirava como que tentando retê-lo vivo em seu corpo.

  Fechou os olhos sentindo a brisa noturna afagar seus cabelos ruivos e sua pele já marcada pela idade. Só estava com seu roupão de seda, mas não sentia frio algum. Sheila Bennett era treinada nos mistérios da noite e havia se acostumado há muito tempo com a temperatura que rondava a escuridão.

  Libertou seus olhos das suas pálpebras e suspirou olhando a lua. Ártemis, Selena, Isis, Diana, Hécate, Tsukuyomi e tantos outros nomes de deuses responsáveis por aquele satélite natural da terra passaram por sua mente a fazendo sorrir.

  Não chamou nenhum deles, entretanto. Hoje, procurava por outras energias divinas.
Concentrou-se fazendo com que seus poderes faiscassem em sua pele enquanto cantava as canções dos Ancestrais.

  Com uma leve nostalgia, lembrou-se de quando era apenas uma iniciante nos mistérios, olhando encantada para a Alta Sacerdotisa que sussurrava as mesmas palavras que ela entoava agora. Será que Bonnie sentiria em seu coração jovem o mesmo medo e admiração quando começasse o seu treinamento?

  Agora que estava tão perto de acontecer, Sheila temia. Era antes de tudo uma serva de Nyx e teria que desempenhar seu papel com dureza e não com a bondade das avós. Esperava que a sua pequena neta entendesse isso de alguma forma.

  Sentiu seus ossos formigarem naquele frenesi que antecipava a magia negra e percebeu que era a hora.

  Aquele tipo de ritual tão diferente dos que as bruxas costumavam fazer, exigia o seu preço.

  Puxou o punhal que guardava na vestimenta e passou com força pela palma da sua mão esquerda. O sangue aos poucos brotou pela linha fina do corte e ela despejou na terra enquanto dizia em alto tom:

Oh Mefistófeles, rei dos infernos e serpente que fere o calcanhar do Deus cristão, eu o invoco com o poder dos seis selos de Lilith.

  Esperou em silêncio com as mãos erguidas em direção ao céu. As árvores chacoalhavam com um vento tempestuoso e sombrio que arrepiavam seus braços e enchiam seu coração de uma fobia estranha.

  Mesmo ela, uma Alta sacerdotisa experiente e confiante, padecia ao terror em contato com o Rei da destruição.

  Ao contrário da primeira vez que o invocara, Lucífer não demorou a surgir. A neblina que antes rondava a floresta foi aos poucos revelando a face do Diabo e, surpreendentemente, ela era bela.

  Era um homem alto, com seus dois metros e pouco de altura. O corpo troncudo, que o assemelhava a algum lutador de vale tudo que os jovens tanto admiravam nos dias de hoje, exibia roupas saxônicas com um longo manto de pele de urso negro o adornando.

Demônios Não Amam. || DELENAWhere stories live. Discover now