Alianças vulgo bombas relógio - Parte 01

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POV- Elena Gilbert

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POV- Elena Gilbert.

Levou a mão aos lábios sem conseguir acreditar no que estava vendo. Era uma miragem, só podia ser!

Com o indicador cutucou a sua visita inesperada que sorriu com um ar mais velho e maduro do que se lembrava.
Ela tinha mudado tanto e ao mesmo tempo continuava a mesma.

Barbie Califórnia! – Gritou como uma louca, abraçado a ruiva que retribuiu em uma euforia mais controlada.

– Oi Lenny. – Se desvencilhou ainda sorrindo. – Vou ficar alguns dias na cidade e fiquei pensando com os meus botões se podia passar pelo menos um deles aqui...

– CLARO QUE PODE! – Respondeu antes que ela falasse qualquer outra coisa.

O barulho de um prato se espatifando no chão fez com que as duas olhassem em direção à cozinha, onde Damon organizava as coisas para fazer o tipo "genro legal" (embora os Gilbert nem soubesse de fato que ele ocupava esse "cargo").

"Machucou querido?" – Miranda perguntou, também fora da sala, e ele pareceu negar já que não falaram mais nada.

Elena tinha certeza que o que motivara o demônio a assassinar a louça fora raiva e não descuido.
Desde que ele, da janela, vira a ruiva tocando a campainha começou a ficar tenso e irritado.
Óbvio que tinha razões fortes para agir daquele jeito, e a própria garota sabia que receber uma bruxa louca para matar contratantes e contratados era um erro, mas passou tanto tempo sem ver a melhor amiga que era covardia pedir para expulsá-la à vassouradas (trocadilho infame. Vassouras... Bruxas... Entendeu? Entendeu?). Além do mais, se a sua Barbie Califórnia a visitava com um sorriso no rosto em vez de um machado, provavelmente não sabia de nada, não?

"Você é tão inocente, Elena" – Alguma parte da sua mente disse com zombaria e ela ignorou.

Ah eu agradeço tanto! Estou morta de cansada e desmaiaria se tivesse que ir para casa ainda hoje.

Realmente as distâncias aumentavam agora que os Gilbert viviam na casa deles e não na de Jenna, que por sinal fora alugada sem que os Turpin nem aparecessem na cidade.

Ela riu assentindo e abrindo a porta para que a amiga entrasse na sala de estar na qual Johanna e Jeremy jogavam videogame como loucos.

– Encomendamos uma Irlandesa? – Jô perguntou mal-humorada (havia brigado de novo com Bran) apertando de forma psicopata o botão vermelho do controle em suas mãos.

Os olhos castanhos se estreitaram dando broncas silenciosas, mas Bonn não parecia ter ligado. Isso definitivamente era estranho, a ruiva que conhecia desde a infância era bem sensível.

– Jô, essa é Bonnie Bennett, a amiga da qual falei. Barbie, essa é Johanna Caltron nova integrante da nossa família.

As duas trocaram um olhar medido e contrariado e apenas assentiram.
Aquilo já começara mal.

Fez sinal para que a melhor amiga se sentasse no sofá enquanto Miranda aparecia gritando saudações e maluquices de que ela estava grande e blá, blá, blá.
Pensando bem, fazia sentido já que sua mãe antigamente passava poucos dias em Mystic Falls e quase nunca conseguia ver a ruiva.

A menina correspondeu à empolgação da Sra. Gilbert e começou a responder educadamente o interrogatório que lhe era proposto.
Havia desaparecido porque sua avó estava muito doente precisando de cuidados médicos e, como uma viagem para Mystic Falls poderia comprometer ainda mais sua saúde, foi necessário que Bonnie fosse (a mãe não tinha como abandonar o emprego).
Sua escola nova era extremamente rigorosa mal tendo tempo para descansar e o celular tinha quebrado e não conseguira consertar antes da semana anterior em que viu todas as mensagens e resolveu fazer uma visita surpresa.

Respostas boas e ditas com um calor de veracidade, mas algo lhe dizia que eram "prontas" demais (Até porque a primeira tinha ocultado o momento em que ela apareceu na casa de Lenn desesperada com um medalhão satanista).
Mas isso poderia ser devido à distração total de Bonnie.

Os olhos azuis desvendavam a figura abatida de Jeremy no sofá com preocupação.
Não era para menos, a cada dia ele parecia pior e mais desanimado por causa do sumiço da Lucy.
Talvez se a ruiva lhe desse um sermão bem longo sobre aquele relacionamento degradante ele melhorasse.

A conversa continuou fluindo (com momentos embaraçosos, como quando a ruiva inquiriu sobre duas mensagens que Miranda mandou alertando do seu sumiço quando esteve no céu) com a participação de sua mãe e J enquanto Johanna fazia caras e bocas e Elena se perguntava se deveria chamar Damon ou esperar ele ir por livre e espontânea vontade.

Optou pela primeira opção e se dirigiu à cozinha com a desculpa de buscar algo para servir.

O demônio estava sentado no balcão da cozinha jogando uma laranja e a pegando no ar como se estivesse treinando para virar malabarista de sinaleiras.

Ela tinha certeza que ele ganharia mais dinheiro do que qualquer bom empresário considerando o número de mulheres que sabiam dirigir na atualidade.

– Quando é o grande teste para o Cirque de Solei? – Brincou o fazendo parar e lhe dedicar um dos seus sorrisos divertidos. – Não vai para a sala?

– Não. – Respondeu prontamente largando a fruta ao lado e descendo do balcão. – Resolvi me mudar para cá. A vista é boa e posso jogar o sorvete de morango fora na calada da noite, impedindo Miranda de me torturar com milk-shakes. Por sua culpa aliais.

A garota revirou os olhos rindo e se encostou ao balcão ao lado dele.

– Está com medo de uma bruxinha indefesa Salvatore? – Provocou tentando mexer com seu orgulho.

Ok. Não era normal ela querer apresentar os dois (90% de chances de dar muito errado e acabar em massacre), mas estava sendo guiada só pelo seu lado adolescente empolgado que queria mostrar o homem que amava para a melhor amiga.

O azul acinzentado a desafiou a continuar respirando depois de falar aquilo e foi impossível não rir.

– Estou preocupado com o que a vinda da bruxa significa. – Seu rosto ficou mais sério e se virou mais para ela vasculhando os olhos castanhos. – Eu poderia chantageá-la agora e matar você em seguida.

No meio da sua euforia humana idiota havia se esquecido disso completamente. Seu pesadelo se realizara, bruxa e demônio se enfrentavam sem ela estar pronta para impedi-los. Ainda faltavam uns mil pecados capitais para executar!

Talvez apenas avareza e luxúria bastassem...

– Salvatore... – O encarou bem séria se aproximando mais e piscando os cílios rapidamente como um personagem cômico tentando fazer charme. Ele ergueu uma sobrancelha com diversão. – O que acha da minha alma? Ela não é, raw, deliciosa? Não quer comê-la agora? Uh, isso ficou tão pornográfico que sinto que a Jô ficaria orgulhosa de mim.

O demônio riu segurando seu rosto e acariciando a bochecha avermelhada com o dedão, despertando todas aquelas borboletas e arrepios que nunca a abandonavam nos últimos dias.

– Sendo bem sincero... Sua alma não é lá muito interessante. – Respondeu dando um sorriso malicioso quando a viu reagir com revolta. – Até quando você faz algo demoníaco consegue dar um jeito de ter intenções que comoveriam até o Chuck Norris. – Seu dedo escorregou até os lábios entreabertos de teimosia fazendo com que ela ficasse ainda mais vermelha.

Céus, como era possível amar tanto alguém assim?

– Aproveita que estamos na cozinha, coloca um salzinho ou outro tempero e tire logo essa alma inútil de mim! – Mandou o abraçando e se sentindo pequena em seus braços.

– Desista Elena. – Riu entregando pelo tom de voz que a achava doida. – Se a bruxa colaborar também não colocarei o plano em prática agora, talvez ela seja útil de alguma forma. – O demônio entortou os lábios de forma pensativa parecendo saber de alguns detalhes que Elena desconhecia. – E quanto à sua alma... Não posso fazer nada contra você antes de terminar o período de contrato.

Dessa vez os olhos castanhos se ergueram para olhá-lo com um leve divertimento.

– Que cláusula é essa?

O demônio os desprendeu com um meio sorriso andando pela cozinha até o término dela.

– A 3900 e 80 e pouco que nos obriga a respeitar o período de contrato inteiro antes de nos apossarmos das almas dos contratantes. – Suspirou já indo para a sala de estar e a olhou. – Você não vem?

Ela sorriu andando os passos que os separavam e agarrou sua mão deixando que ele a guiasse até onde os outros estavam.

Seu sorriso nunca foi mais radiante.

A cláusula era a 3984 e realmente dizia aquilo, mas tinha uma pequena exceção... O contrato poderia ser interrompido e a alma sugada se o contratante assim desejasse (coisa que ela acabara de pedir).
O que significava que, se ele a mantinha viva, era porque queria.

Como ela disse, ela leria o Códex inteiro e pediria por mais.
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POV – Bonnie Bennett.

Era ele.

Seu queixo caiu sem que o ato tivesse sido permitido.

"Se acalme Bonnie, se acalme". – Repetiu mentalmente para si mesma sem conseguir nada. Poxa vida!

O demônio entrou acompanhado de Elena – que por sinal não trazia refresco nenhum nas mãos - e ao ser apresentado deu um sorriso educado que não chegava aos seus olhos.
Olhos de diamante. Cinzentos com a estrela invertida que havia visto desde que o encontrara na estrada.

Claro, ele estava diferente (mesmo que conseguisse manter a beleza no mesmo padrão), mas todas as criaturas mágicas conseguiam mudar de aparência quando queriam.

E ele também dissera que iria a Mystic Falls ver Elena e um "amigo em comum" (Que ela desconfiava que fosse a Johanna, já que ela também tinha a Marca maldita).
Aliais o que Elena fazia em tal companhia? Ela ficara desesperada por amizades nos últimos tempos?
Arranjar uma rata como colega era nojento.
Mas quem ela queria enganar? Ela também fizera o social com um rato. E um perigoso já que era filho de Belzebu.

Ele ainda iria estragar tudo. A bruxa tinha que se manter focada em matar as saudades de Elena e investigar mais coisas sobre a Besta, mas com ele ali era impossível impedir seu estômago de congelar de ansiedade e viajar por outras ideias.

Barbie? Bonn? BONNIE?

– Deve ser o delay por ela ser irlandesa. – A tal Johanna troçou ganhando mais uma vez de Jeremy no jogo de carros.

Tomou cuidado para não a olhar de forma mal educada na frente de Miranda e sorriu para Lenny que a chamava com tanta insistência.

– Desculpa, estou realmente cansada... Se não fosse incomodar muito, poderia descansar agora? – Dizia isso olhando apenas os diamantes brilhantes e tentando encontrar defeito neles.

Ethan Lewis era um chato por deixa-la tão desorientada.

O demônio uniu as sobrancelhas e ela transformou suas bochechas em fogo por ter percebido que todos a olhavam com curiosidade.

– Ora, por favor, querida! Você é de casa. – A mãe de Lenn sempre gentil.

– É Bennett, você é de casa... Vai ficar no meu quarto ou quer um para você?

Cof, cof Bota ela do lado de fora, Cof. Na casinha do cachorro Cof Cof. – Johanna fingiu tossir provocando risos em Jeremy e Miranda que puxou a orelha do demônio-fêmea com uma bronca leve.

– Não temos cachorros, Jô. – J. avisou piscando para ela.

– Teremos uma ruiva agora! Podemos prender junto à Vick e o Matt-Ingrato que anda me caluniando e aí teremos já um canil completo!

– Querida! – A mãe de Lenn interviu de novo um pouco chateada.

Bonnie ignorou novamente a zombaria as suas custas e concentrou-se em Elena a chamando pelo sobrenome de forma tão... Irritada [?]
O que acontecera? Será que ela possuía algum dom e podia ver que a amiga era uma bruxa?
Não que isso fosse um problema, sacerdotisas e sacerdotes eram legais apesar da fama, mas alguns humanos podiam não gostar de hospedá-los.

Não, era apenas o cansaço que a fazia ver miragens. O cansaço e Ethan Lewis.
Sorriu grata, acariciando o cabelo de Jeremy ao seu lado e levantou-se.

– Prefiro ficar com você, assim posso acordá-la batendo com o travesseiro. – A amiga sorriu pouco. – Sra. Gilbert continuamos nossa conversa depois. – Aquelas palavras a lembraram do que dissera ao Lewis e ela corou. – Johanna... Damon, foi um prazer conhecer vocês. – Disse fitando com intensidade os diamantes espelhados.

De novo o ratinho a olhou parecendo confuso e com uma repulsa mal escondida. Ainda chateado com a saída brusca dela do restaurante!

– Para você é Excelentíssima Senhorita Tia Glaucócia. – Marshall dissera dando língua para o olhar reprovador que Miranda lhe deu.
O que acabou levando a mulher a um sorriso e um balanço de cabeça como se achasse que a mal-educada não possuía jeito.

– Ignore a Jô, Bonn. Ela perdeu o juízo quando os pais morreram. – Sua amiga avisou se adiantando nas escadas provavelmente querendo ser seguida. – Dan, depois a gente conversa melhor.

Ethan sorriu assentindo uma vez e sentou-se no sofá sem encará-la nem sequer de soslaio.

Claro, o que ela queria? Fizera um escândalo sem necessidade e sumira da sua vista! Era o esperado.


Não se lembrava do quanto a casa dos Gilbert era luxuosa e bela. Amava o toque antigo surreal que preenchia as paredes com tapeçarias que contavam histórias, tábuas de madeiras caras no chão e lustres que apenas ricos tinham.

Entraram no quarto de Lenn e então a nostalgia as cobriu. Não ia àquele lugar desde que eram crianças!
O mau humor da sua hospedeira morreu e viraram de novo adolescentes malucas.
Começaram a conversar e contar novidades compulsivamente e quando se deu conta Bonnie estava falando da sua raiz bruxa excluindo apenas o treinamento direcionado para matar a Besta. A outra a ouviu parecendo apreensiva, mas ao fim relaxou e se rendeu ao encantamento. Fez perguntas engraçadas como "Alguns dos feitiços de Harry Potter funcionam?", e a ruiva riu dizendo que poderiam funcionar se uma bruxa quisesse.
Temas amorosos, cômicos e explicações que as fizeram rir e ficar absortas surgiram até que tocaram em três assuntos que deixaram o clima delicado:

1º Onde estava o medalhão satânico.

– Eu joguei no lixo. – Sorriu sem graça depois passando a gargalhar. – Você acha que eu iria ficar com aquilo por que?

– Sua maluquinha, alguém pode ter achado e feito um contrato!

A morena deu de ombros ainda rindo. Parecia um pouco nervosa, mas era quase imperceptível.

– E ganhou um servo para fazer todas as vontades! No final, fiz uma boa ação.

Bonn teve que rir da falta de juízo daquela cabeça-de-vento, mas ficou com uma pulga atrás da orelha.

2º Porque ela andava com aquela Johanna.

– A Jô é uma pessoa realmente legal Bonn, não podemos julgar os outros com base em um estereotipo.

É claro que a sua melhor amiga não sabia da verdadeira identidade da tal Caltron (Bonnie não quis contar nada já que o demônio-fêmea poderia fazer algum mal para a família Gilbert ao saber que Lenn conhecia seu segredo. Antes de ir para casa a mataria e terminaria com aquele problema sem pôr Elena e seus parentes em risco). Mas mesmo sem ter a identidade revelada, a garota era bem irritante e não era o tipo de amizade para a castanha. Para onde o cérebro de Lenny havia viajado afinal?

3º Damon Salvatore e seu envolvimento com ela.

Essa parte se tornou complexa não por causa da anfitriã e sim da ruiva.
Pelas barbas lindas e brancas de Merlin! Eles estavam namorando.

Ethan não lhe disse absolutamente nada sobre esse "pequeno" detalhe quando estavam no restaurante. Nem que era um hóspede lá há tempos.

Agiu como uma verdadeira boba, mas não podia demonstrar aquilo na frente da amiga. Afinal, ela parecia completamente apaixonada, enquanto Bonnie só sentia uma enorme atração e inclinação a se apaixonar.
Fora que o próprio ratinho deixara claro no restaurante que não estava flertando com ela, por isso, se havia um mal entendido a culpa era sua.

Tocou o colar de contas em seu pescoço e deixou o pensamento voar para longe dela enquanto as duas resolviam fazer escolhas melhores para os assuntos.


Durante o jantar não encontrou nenhum dos dois demônios e isso pareceu encher todas as mulheres presentes de algo próximo à angústia (Ela, somente por causa de Ethan). Jeremy estava com febre e também fora deitar cedo deixando apenas
Ela, Miranda, Elena e o Sr. Grayson que estava cada vez mais divertido falando dos lucros de administrar uma empresa tão grande quanto a "Fire n' ice Imobiliárias".
Não sabia muito sobre o ramo em que trabalhavam, embora soubesse que Grayson era administrador e Miranda advogada. Mas nunca se interessara se eles atuavam na área dentro da empresa ou não.

E, se dependesse da sua concentração naquele momento, nunca saberia.

Sua intuição trazia do vento maus agouros.

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POV- Stefan.

Para começar, ele nunca deveria ter saído do seu posto para falar com a Srta. Gilbert ou com o demônio com o qual dividia o sangue.
Graças a isso, metade da sua equipe de anjos estava morta e ele havia sido gentilmenteinformado de que não era mais necessário no setor 234, gerando uma ferida na sua honra e ego.

Rebbekah estava tentando contornar a situação, só que tudo continuava indicando que ele nunca mais seria recebido pelo conselho dos arcanjos da mesma forma.

Fora irresponsável, ele reconhecia, mas aquilo já não deveria importar.
Mesmo que tenha sido desastroso, aquele erro era muito menos imprudente do que o que cometia agora.

Seu juízo só podia ter sido destruído de alguma maneira pela Srta. Gilbert. Talvez devido a pena que sentia por ela ser tão... Tão... Qual era a palavra?
Talvez, "Tão Elena" resumisse tudo.


Cortou caminho pela viela estreita enquanto encarava o casal adiante com passos rápidos e mesmo assim silenciosos. Criaturas da noite, claro, ocultar-se era fácil para eles.
Não que fosse difícil para anjos manterem a descrição, mas trabalhavam melhor com isso durante o dia usando a luz do sol a seu favor.

O homem a sua frente pareceu, por alguns milésimos de segundo, o olhar pelo canto dos olhos com um sorriso cruel e então continuou a caminhada como se o movimento nunca tivesse existido.

Damon nunca mudaria. Uma criança louca por jogos cruéis.
Ele sabia que Stefan o seguia e, mais do que isso, o convidava a continuar a espionagem.

Ou, quem sabe, ordenava.

A garota que o acompanhava não pareceu notar o propósito daquilo e tão rápido quanto um raio virou-se para o perseguidor com os olhos demoníacos e a expressão disforme como se o mal a tomasse.

Cara da harpa, tsc, tsc. – A voz feminina soou com eco e a ironia presente na sua fala normal. – Não que eu não goste de um Stalker, mas é que você não faz o meu tipo.

Sentiu seu braço sendo quebrado mesmo à longa distância e sua pele queimou em reação à textura macabra dos demônios.
Quando voltasse para o Céu, seria uma burocracia ridícula para "purificá-lo" do contato. Talvez fosse melhor não comentar isso com os arcanjos.

Pôs os ossos no lugar sem dificuldade alguma e a encarou com impaciência.

– Srta. Marshall, eu ficaria muito grato se mantivesse a sua compostura.

Haha, eu odeio o cara, mas se ele continuar me chamando de "Srta. Marshall", nem vou torturá-lo tanto quando fizer pizza de Idiotore–loiro! – Johanna riu voltando à sua aparência humana.

Outra que adorava brincar e amedrontar muito mais do que agir. Analiticamente, ela era sábia já que mesmo se tentasse não conseguiria provocar danos sérios.
O único que poderia mesmo feri-lo era seu irmão e mesmo esse, não tinha motivos exatos para querer isso.
Precisava do anjo e esse fato estava bem claro nos olhos audaciosos do filho de Lúcifer.

– Stefan. – Damon cumprimentou de forma cínica como se só constatasse a sua presença naquele momento. – A perda da coisa lá de ser anjo o afetou tanto que virou suicida? Pensei que havia entendido que da próxima vez em que eu o visse você morreria ou algo assim.

A forma despojada com a qual jogou os ombros, como se o seu humor negro fosse inabalável, mostrou ao anjo que realmente não existia nenhuma semelhança entre eles.

O analisou com cuidado podendo sentir a hostilidade demoníaca contida por algum motivo.

– O que quer Damon?- Pensou em voz alta.

– Teoricamente, é você quem deveria responder isso irmãozinho. – O sorriso dessa vez morreu mais cedo que de costume. – Procurando Elena, talvez?

O anjo recuou um passo inclinando a cabeça para o lado com total confusão. O tom de Damon fingindo indiferença era muito fácil de desmascarar quando se entendia de sentimentos.

Seu irmão de alguma forma curiosa, se importava com a garota.

Talvez porque ela fosse mais um dos seus joguinhos.

– Posso começar a querer procurar a Srta. Gilbert caso você não colabore um pouco. – Murmurou um pouco tímido pela tentativa de intimidar alguém. – Ainda mais agora que a sua guerra infame conseguiu eliminar o anjo da guarda dela.

Damon o fitou com deboche e Johanna caiu na gargalhada.

Pffffffffff. Foi mal, mas... SÉRIO QUE A GILLY TINHA ANJO DA GUARDA?- Outra risada escapou por seus lábios e até o demônio riu como se a frase fosse absurda. – Wow, que pena que ele morreu, o tio obviamente era muito bom! – Declarou sarcasticamente.

Stefan franziu o cenho ficando irritado com aquela provocação.
Se nem os deuses conseguiam executar seus trabalhos sem falhas, porque os anjos eram tão cobrados?

Eduardo era um anjo jovem, mas muito atencioso com Elena, seu único erro fora acreditar que Damon era o melhor proteção contra os inimigos da menina.

Como qualquer violência ou ato maldoso os enfraquecia, eram poucos os anjos que conseguiam aprender a lutar e ainda assim permanecerem inabaláveis e fortes.
Eduardo nunca foi um desses.

– De qualquer modo. – Impôs firme para acabar com os risos. – Você sabe bem que a garota precisa ser vigiada para que nada de ruim aconteça a ela ou ao mundo. Não vou deixar que surja um segundo Hitler, Damon. E não vou hesitar se para isso eu tiver que matar a Srta. Gilbert.

Mesmo que Johanna tenha o olhado com ferocidade e ódio, nada se comparava à fúria que o servo de Elena demonstrava.

– Plano brilhante, exceto pela parte na qual você é destruído só por ter cogitado isso. – Retrucou entre o ódio e a arrogância fazendo com que a vista de Stefan rodasse e ele sentisse o primeiro sintoma de uma morte próxima.

Entretanto, não se preocupou muito com o mal estar. O defeito genético que enfraquecia Stefan era ao mesmo tempo o que enfraquecia Damon.
Isso porque o demônio, por algum erro durante a formação deles, ganhou o poder de matar o irmão a qualquer momento apenas obrigando as batidas do próprio coração a se enfraquecerem. Entretanto, o preço disso era justamente a sua morte conjunta.

E Damon definitivamente não queria ser destruído.

Parecendo ouvir seus pensamentos, o filho de Lúcifer o olhou com ódio enquanto Johanna ficava confusa e irrequieta.

Isso não me impediria de matá-lo, acredite Stefan. – Damon declarou virando-se na direção do beco novamente. Suas palavras carregavam tanta verdade que foi a vez de Stefan ficar confuso. Algo havia mudado nele. – Sabe para onde vamos?

– Espera, ele não vai também, vai? – Marshall quis saber colocando as mãos na cintura meio contrariada.

Ambos a ignoraram.

– Atrás do falso pastor. Só não sei se estou disposto a ir também sem ganhar nada em troca, filho de Lúcifer. – Chantageou coçando o cabelo. – E você sabe que precisa da minha nobre ajudapara achar o paradeiro dele. Gregory utiliza a magia cristã de forma errada para se proteger somada à demoníaca, ou seja, nenhum de nós consegue rastreá-lo sem a ajuda um do outro.

Ok, vocês querem me ignorar? Ignorem, mas fiquem sabendo que NADA dá certo quando apenas os homens estão tratando dos negócios. Mulheres dão sorte, vão por mim.

Novamente ninguém lhe deu atenção.

O homem de cabelos negros parou aparentando estar irritado e só depois de alguns minutos suspirou com frustração.

– O que a sua nobre ajuda me custaria, ó marido do anjo Gabriel? – Inquiriu zombando do jeito formal com a qual o irmão se dirigia a ele.

Demônios Não Amam. || DELENAWhere stories live. Discover now