As coisas que não dizem sobre o céu.

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POV- Elena Gilbert

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POV- Elena Gilbert.

Old McDonald had a farm ia ia ia ô, and on his farm he had some cows ia ia ia ô. With a moo-moo here and moo-moo there. Here a moo, there a moo... Everywhere a moo-moo. ♪ - Elena cantarolou o mais alto e desafinado que conseguiu batendo nas grades brancas que a cercavam.

Não era exatamente uma cela de prisão. A sala tinha luxo e bom gosto e a garota teria, sem dúvidas, mais conforto ali do que em sua casa, mas ainda assim aquilo era um cárcere.

O anjo que guardava seu cômodo, – um rapaz com aparência de catorze anos com cachinhos negros e olhos de azeviche – sorria disfarçadamente balançando a cabeça no ritmo dos seus repertórios musicais só deixando a animação morrer quando Stefan chegava furioso para manda-la calar a boca. O que acontecia de cinco em cinco minutos.

– Srta. Gilbert, eu posso pedir DE NOVO que se mantenha em silêncio? – Seu cunhado indagou com um sorriso doce que dava a impressão de que ele estava controlando ao máximo seu DNA demoníaco o mandando jogá-la em um tanque com tubarões.

Uh, como se ela tivesse medo.

– Uma diva nunca abandona um show no meio. – Retrucou fingindo estar ofendida e recomeçando a cantar enquanto fazia dancinhas bizarras pelo cômodo.

Ouviu o barulho da grade se abrindo e o anjo entrou com a expressão fechada.

– Se continuar perturbando nossos outros hóspedes... Terei que anestesia-la por algum tempo. – Fora a sua ameaça.

A garota parou de agitar seu corpo como uma idiota e virou-se para encará-lo.

– Seus métodos são tudo, menos angelicais. É sério que os arcanjos permitem isso?

A frase o atingiu como ela pretendeu.

– Você me obrigou a chegar a esse ponto. Sou um joguete do destino.

Elena inclinou a cabeça para trás rindo com escárnio.

– Eu estou presa, sem noticias de Damon ou a minha família, querendo resolver mistérios insolúveis e você diz que você é o joguete do... Espera. ISSO É SHAKESPEARE. – Gritou como uma fã alucinada fazendo o guarda pular de susto agitando seus cachinhos. – Mais um motivo para você colaborar comigo. Irmandade dos... Fãs de Shakespeare!

As feições do loiro relaxaram e ele sorriu com doçura.

– Não sou um fã das obras do Sr. William, apenas as conheço. – Corrigiu encostando-se à parede da "cela".

– Sério, qual é o problema dos Salvatore com o melhor escritor de todos os tempos? Vocês merecem uns chutes na bunda como diz a Jô. – Retrucou carrancuda aumentando o sorriso do outro. – Eles por sinal vêm me salvar, você sabe né?

A garota sentou-se no sofá a metros de distância do anjo e ajeitou o cabelo em uma pose metida.

Stefan suspirou cansado.

estão fazendo isso. Só a sua cantoria não seria responsável pela ira que demonstrei. – Contraiu os lábios com óbvia chateação. – Damon já destruiu quatrocentos anjos do nosso setor e temo que os números só aumentem. Ele está mais... Forte.

Ouvir o nome do demônio fez com que o coração de Elena se preenchesse com uma sensação de felicidade e vazio ao mesmo tempo. Não sabia quantas horas estava presa, mas sentia tanta falta dele que chegava a doer.

– Stefan, não precisa ser desse jeito. – Tentou fazê-lo ouvir a voz da razão com um olhar suplicante. – Solte-me e tudo ficará bem.

Algo na sua frase o deixou um pouco mais contrariado.

– Um combate é sempre ruim, Srta. Gilbert... Mas em certos casos é necessário. A última criatura maléfica que invadiu o mundo só o fez porque acreditamos que ela nunca seria um problema. Era só uma criança quando soubemos que seria a Besta e após uma leve avaliação o soltamos... Anos depois o homem praticamente dizimou o planeta. – Ponderou ajeitando mais sua postura, dobrando o joelho e apoiando um pé na parede. – Mesmo que não acreditemos que você seja o segundo Therion, é melhor nos precavermos.

A garota revirou os olhos, chateada demais para discutir. Querendo ou não o anjo estava sendo sensato nos termos dele.

– Depois não reclame quando o nosso time dizimar o seu. – Provocou como uma criança birrenta passando a deitar no sofá de couro.

– Fala como se fosse um deles.

Seu tom fora tão cheio de ódio e repúdio que ela o olhou mais atentamente para ver se ele ainda passava aquela aura angelical.

– Porque você tem tanto ódio assim dos demônios? Olha o Cachinho ali, ele não simpatiza com os servos de Lúcifer, mas não os odeia... Odeia Cachinho? – Ambos fitaram o menino da guarda que balançou a cabeça em negação com uma pureza infantil tão fofa que ela queria apertá-lo. – Viu? Não tem porque nutrir esse sentimento, prender seu irmão em selos ou repudiar sua família...

– Eles são a escória do mundo. O lixo da humanidade. Acha mesmo que não merecem meu ódio? – Exasperou-se ainda naquele tom calmo angelical a olhando de uma forma que lembrou Damon quando estava furioso.

A garota balançou a cabeça sentando-se novamente para ficar com um ar mais altivo.

– Essa "escória" é a sua família Salvatore! Você acha mesmo que eu amo tudo o que os meus familiares fazem? Ou que temos as mesmas opiniões? Porque não temos, mas isso não anula nem nunca anulará o fato de que eu sou parte deles. – Ralhou como uma professora censurando um aluno. – Se reconhecemos os erros uns dos outros, temos que reconhecer as qualidades também! E se quer saber eu antes tinha um conceito parecido com o seu sobre demônios, mas agora os prefiro a vocês.
Anjos ficam por aí fazendo encenações do quanto são bonzinhos quando na verdade só repreendem os sentimentos que têm, enquanto eles se assumem com suas imperfeições e tudo mais. Vocês são falsos e eles sinceros! E o Lúcifer que você tanto critica deveria ser uma espécie de ídolo para você, Ok? O cara pode não ser uma figura a ser seguida no aspecto das virtudes religiosas, mas nas filosóficas sim. Era um dos anjos prediletos de Deus, possuía tudo: amor, conforto, companhia... Mas ele discordava da atenção que o chefe dele dava aos humanos por inveja ou sei lá. Ou seja, ele discordava de um sistema político mesmo que ele estivesse em posição confortável e ainda assim teve coragem o bastante para sair da mordomia e ir atrás das próprias filosofias. Ele lutou pelo que acreditava como... CHE GUEVARA ou RAMBO!

O anjo guardião riu um pouquinho lhe dando uma piscadela como se admirasse seu discurso louco e ela devolveu um sorriso.

Ela havia acabado de defender Lúcifer mesmo? Isso era preocupante.
Ignorou seu surto de advogada do Diabo encarando um Stefan sem reação como se repassasse na cabeça linha por linha do que a humana falara.
Era estranho, mas não se arrependia de nenhuma frase dita.

– Cuidado com o que diz Gilbert, isso pode depor contra você no caso do Therion. – O irmão de Damon murmurou desencostando-se da parede e saindo da cela sem nenhuma outra palavra.

Cabeça dura!

Grunhiu fazendo um coque improvisado no cabelo vendo que o guarda a olhava com curiosidade.

– Acha que fiz mal em deixar meu sequestrador chateado, Cachinho?

O anjo balançou a cabeça em negativa.

– Um pouco de verdade sempre é bom. – Respondeu com uma voz melodiosa que o deixava mais adulto.

A garota sorriu em resposta e se ocupou em brincar com seu medalhão distraidamente. Deveria ter combinado algum Código Morse de queimaduras com Damon para avisá-lo que estava bem, que o amava ou algo assim.
Ele com certeza já sabia seu paradeiro, o problema era como invadir um ambiente protegido por Jeová.

Lembrou-se risonha de como ele a resgatara no depósito de Elias quando fora sequestrada. Recordava-se vagamente da Outra levando broncas do demônio que havia descoberto seu sumiço graças ao pobre Matt. Após a mensagem brincalhona de "socorro", o loiro foi até a casa dos Gilbert ver se estava tudo bem e mostrou o recado para Damon. Ficaram horas a procurando sem ter nenhum paradeiro e só a encontraram quando ela pôde apertar o medalhão.
Desde esse dia, era sempre o seu primeiro impulso. Chamá-lo.

– Como você imagina Deus fisicamente, Elena? – O anjinho perguntou segurando duas das barras da grade e a tirando dos devaneios.

Hmm, essa era uma pergunta complexa.

– Antes imaginava ele como um velhinho barbudo estilo Papai Noel, mas depois que vi "Todo Poderoso" só consigo imaginá-lo como o Morgan Freeman. – Respondeu, cruzando as pernas sob o sofá em uma pose de meditação, curiosa com a pergunta do guarda.

Ele sorriu e repentinamente uma luz inigualavelmente forte começou a moldar seus traços o transformando no ator que ela dera como referência.

A menina quase caiu no chão esfregando os olhos incomodados pelo brilho forte.

– Perdoe-me pela pergunta, mas sempre procuro sondar que imagem eu posso adotar para não causar sustos. – O homem negro de feições simpáticas e ar doce sorriu, buscando uma cadeira no canto e sentando-se de frente para ela. – As vezes é um problema, me acostumo tanto a atender às aparências físicas que os humanos pedem que quando volto à minha forma original -apenas energia- é perturbador.

Ok... O anjinho era Deus. É... Tudo bem. Não era motivo para surtar e entrar em choque.
Acontece todo dia!

O homem riu demonstrando que lera seus pensamentos.

– Deseja que eu volte outra hora, criança?

Engoliu em seco fazendo que não com a cabeça. Tinha uma série de perguntas para fazer e, além disso, a presença da entidade deixava o ar tão leve e mágico que era impossível não querer aquela companhia. Como se todos os seus medos e inseguranças morressem (efeito muito parecido ao de Damon em seu corpo).

– Porque no fundo, é o amor que provoca essa sensação. – Respondeu ao seu raciocínio mental.

Ela assentiu um pouco incomodada com a ronda na sua cabeça e resolveu entreabrir os lábios e começar a verbalizar logo o que sentia.

– Onde você esteve esse tempo todo?

Sua pergunta vinha com um pouco de raiva.
Não questionava só sobre os dezessete anos que ele passara ausente em sua vida, mas sobre os bilhões em que o mundo existia em guerras, destruições, dor e sofrimento. Não culpava os outros deuses, pois todos possuíam características humanas e irracionais como qualquer pessoa, mas aquele ser que se diferenciava tanto das outras entidades mitológicas não se adequava nisso. Um cara onipresente e onisciente, como todos tanto repetiam, deveria dar conta de deixar o mundo perfeito.

Demônios Não Amam. || DELENAWhere stories live. Discover now