Alianças vulgo bombas relógio - Parte 02

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POV – Sheila Bennett.

As lágrimas que desciam pelas maçãs do seu rosto eram ácidas como o veneno que adornava as víboras.

Havia regredido à aura de uma mocinha suplantada pelas desventuras da vida enquanto lavava suas mãos como se houvesse sangue nelas.

"Não tive outra escolha minha querida, não tive!"– Sheila lamentou imaginando que sua vítima a observava de algum lugar com a expressão dolorosa no rosto. "A Besta-fera se alimenta dos poderosos! Já se alimentou de um demônio com Jenny Wolf ou Tarah Smith, de vários anjos na última batalha negra que ocorreu na terra de Jeová, e agora só falta uma bruxa poderosa para que a transformação desse monstro fique completa. Eu precisava impedir, minha menina. Eles viriam procura-la. Matá-la foi a única solução".

Seu coração encolheu-se até romper as vértebras e ela chorar desconsoladamente.

O que fizera Deusa? O que fizera?

As recordações daquele momento fatídico invadiram as regiões mais desgastadas do seu cérebro e ela novamente se viu aos prantos conjurando os elementares que a serviram e a ajudaram a tirar a vida de um ser inocente.

Alguém que tinha muito a ensinar e muito a viver, mas que precisara daquele fim.

Era o adeus de mais uma Bennett.
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POV – Glaucócia Gilly Caltron.

Sabe quando você vai a um circo e no meio do espetáculo vê uma apresentação de dois palhaços – sempre aparentando estar chapados com pó de gelatina - que ficam se provocando, brigando o tempo inteiro e bizarrices assim para fazer a plateia rir?
Ficar no meio de dois Idiotores era equivalente a isso.

Não, espera! Era mentira dela. Os dois italianos trocando pescotapas eram muito mais divertidos.

– VOCÊ O QUÊ?

– Perdi o rastro, filho de Lúcifer! Acontece, está bem? Não consigo mais ver o caminho que antes aparecia.

– Por favor, me lembre de como eu pude ser idiota ao ponto de achar que dessa vez você seria útil. – Damon surtou com os olhos frios e sarcásticos enquanto Stefan, de costas para ele, fazia caretas resmungando tudo que ele falava. – E, não que eu goste de lembrar que sou seu parente, mas você também é um "filho de Lúcifer"

– A culpa não é minha. – O anjo declarou tentando forçar sua voz a continuar naquele timbre gay calmo que lembrava músicas new age. – E peço que você nunca mais repita essa sua última frase. Esse parentesco me enoja.

– Só lamento. Filho de Lúcifer, Filho de Lúcifer, Filho de Lúcifer.

O cara da harpa virou-se para o irmão parecendo mais irritado que cinco segundos atrás.

HAHA, HOMENS!

– Não vou descer ao seu nível imaturo Damon. Aliais, como você conseguiu ganhar a "Taça da maturidade" da tia Eulalia durante todos aqueles anos?

A citação fez com que ela risse loucamente.
Depois da vigésima briga durante o caminho, ela havia descoberto que "tia Eulalia"
era uma espécie de babá dos dois que cuidava deles enquanto ainda moravam com os avós maternos.
Aparentemente, para se livrar dos dois pestinhas e manter eles na linha "Tropa de Elite", a mulher inventava "taças" e "prêmios" para o mais comportado e blá blá blás assim.

Damon sorriu erguendo uma sobrancelha e isso fez com que o outro Idiotore parecesse chocado.

– Você dormiu com a tia Eulalia! – O loiro acusou completamente perplexo. – Mas... Você tinha cinco anos e ela vinte e sete!

– Não estou confirmando a sua hipótese, mas eu posso usar a forma que eu quiser. – Disse dando de ombros. – Talvez, repentinamente, eu tenha sentido vontade de usar uma aparência mais velha.

Uuuuh. Será que tinha disque denuncia de pedofilia demoníaca?

– Você dormiu com a tia Eulalia. – Ok, o Idiotore loiro ia ter um infarto a qualquer momento.

– Eu já disse que não estou confirmando a sua hipótese. Ganhei a taça porque realmente sou o mais maduro.

Vá para o inferno. – O anjo praguejou ainda meio atônito. – Você dormiu com a tia Eulalia!

Isso poderia durar horas e ela teve que decidir rapidamente se não interferia, gravava tudo e colocava no youtube ou se acabava com o quebra pau.

Foi com muita dor que ela teve que optar pela segunda opção.

Caham, baixinhos da tia Eulalia? Esse tópico da briga é legal, mas vocês não acham bem melhor aquela parte de se odiarem porque perdemos o rastro de Taradão da batina? – Sugeriu colocando-se entre os dois e conseguindo a atenção de ambos.

Scar e Simba trocaram um olhar furioso e encararam a parede da casa velha na qual pararam.
Dava para ver que aos poucos esqueciam as birras infantis e assumiam expressões mais sérias.
Matéria: Disciplina de Salvatores malucos. Pontuação: Tia Glaucócia: 100, tia Eulalia: 1.
E sem nem precisar de taças, oh yeah.

– Você só pode ter sido trocado na maternidade – Damon resmungou baixinho observando o irmão coçar a cabeça com aquele ar tapado e culpado dele.

Não que ela fosse comprar um dos lados da briga das duas mulherzinhas ali, mas o Idiotore-moreno tinha razão. O único trabalho do anjo era guiar os dois pela fumaça de incenso angelical que os impedia de ver o paradeiro de Gregory. Ao mesmo tempo, Damon e Johanna iriam desfazer a mandinga demoníaca e eles conseguiriam achar o padreco tarado.
O problema é que até para esse trabalho mínimo, o cara da harpa era inútil.

– Gregory está usando uma terceira magia. A culpa não é minha se estamos perdidos. – Defendeu-se analisando a casa estranha na qual o rastro de Turpin sumiu.

Os olhos daquele azul estranho a fitaram e ela soube bem o que seu colega de inferno estava pensando: O fato de o pastorzinho saber tantas magias era bem suspeito.

Buscou na sua memória genial, alguma coisa de útil sobre o maluco da batina e resolveu pontuar em voz alta para que Simba e Scar não a ficassem olhando com cara de mosca morta.

– Gregory cresceu em um orfanato cristão chato, e desde cedo quis se ordenar padre. Vai ver que se traumatizou com aquelas freiras velhas e horrorosas e pensou: "Prefiro fazer voto de castidade a encarar barangas assim". – Ela deu de ombros enquanto Stefan montava uma careta de reprovação pelo seu comentário inteligente. – Era muito nerd, mimimi e acabou se destacando no seminário. Conquistou muitos fieis e sempre teve o dom da oratória passando a ser chamado pelos malucos que o seguiam de "emissário de Deus" e babaquices típicas desse povo "Stefânico". Aos vinte e cinco anos tornou-se um dos padres oficiais da cidadezinha e viveu bem por lá até a morte da perua-clone da Gilly. Foi expulso e começou a pesquisar diversas magias, mas ao perceber que não tinha o menor borogódol para aquilo, foi ser pastor e ficar rico roubando o povo. – Ao notar que, de novo, o Paul Wesley a olhava com censura, resolveu exclamar um "QUE FOI?" e só então continuar. – Sempre pesquisou sobre magia e coisa e tal, mas nunca conseguiu utilizá-la. Aliais, sempre teve um pensamento bem bizarro sobre isso, achando que bruxaria era coisa demoníaca. Pfff, esses humanos são ridículos. Vê se eu tenho cara de quem anda com irlandesas ou vovós-Potter-do-mal?

Damon suspirou cruzando os braços. Parecia mais cansado do que camelos depois de dançar funk.

Isso era ruim. Parecia meio que outra evidência de que a Gilly era a Besta.
Quando estavam ao lado de Bestas, demônios se sentiam mais energizados que o normal. Em compensação, depois de algum tempo longe dessa fonte de energia, eles simplesmente enfraqueciam de uma hora para a outra.

É claro que não tinham provas concretas sobre aquilo, porque depois do bigodudo adepto da chapinha, nenhuma Besta havia surgido, mas ainda assim era estranho.
Até porque, verdade seja dita, quando o Damon estava perto de Elena, ele realmente parecia um usuário de duracell usando um plano infinity de operadora de celular.

Mas que seja, também podia não significar nada.

Fitou o esmalte azul nas unhas e resolveu voltar a falar do maluco-do-vaticano já que os protagonistas de "Rei Leão" estavam fazendo cara de mosca morta. (Ela disse que eles fariam aquela cara!)

– O fato do velhote ter aparecido com tatuagens plegmaemos e superpoderes para se esconder é muito estranho! Também não acho que ele tenha planejado casar com Jenna por outro motivo a não ser se aproximar da Gilly. Ele não é inteligente o bastante para isso, talvez alguém esteja manipulando ele... Alguém que sabe muita coisa sobre a primeira Besta e acha provável que Elena escolha a tia como ponto fraco.
Alguém que provavelmente também conhece a Gilly.

Damon a olhou como se ela tivesse dito a coisa mais brilhante do mundo e ela teve que fazer uma careta. Porque todo mundo se surpreendia com a "maravilhosidade" dela?

– Eu provavelmente vou me arrepender de dizer isso, mas... Johanna Marshall você é um gênio.

Bitch, please. Ele estava brincando de Capitão Óbvio?

Stefan os fitou sem dar sinais de entendimento e então colocou as mãos nos bolsos como um garoto retraído em uma escola nova.
Fofo e gay eram adjetivos legais para definir o Idiotoreloiro.

– O tocador de harpa parece confuso, seja um irmãozinho legal e explique para ele o que está acontecendo Hellboy-da-Gilly. – Disse despreocupada sentando-se no asfalto para não correr o risco de ter a cadeira roubada por Damon de novo.

O seu colega de inferno olhou para o anjo com contrariedade, mas resolveu obedecer.

– Eu tenho pensado ultimamente. – Ele se interrompeu para fitar a tia Glaucócia que pigarreava de forma exagerada. – Nós temos pensado ultimamente.- Corrigiu-se meio entediado – Que talvez muitas pessoas nessa história estejam sendo utilizadas como focos de distração ou apenas peças de xadrez controladas por um líder ou um grupo que é o real perigo. O problema é que não sabemos onde os peões terminam e onde as peças importantes começam. Qualquer um pode ser qualquer coisa. Entretanto, a dica de Johanna pode diminuir um pouco o número de resultados que encontramos ao pensar nisso. Estava colocando Gregory como componente do grupo central, mas agora percebo que ele é apenas uma marionete.

Stefan pareceu surpreso piscando os olhos verdes que lembravam a cor do tiranossauro rex em filmes.

– Acha que estamos lidando com algo tão elaborado assim? Lamento, mas não sei se posso acompanhar esse raciocínio. Como poderiam planejar que a Besta fosse criada? E mesmo se tivessem calculado nos mínimos detalhes uma forma de "forçar" isso obrigando você e a Srta. Gilbert a se conhecerem e fecharem contrato; porque escolheriam justamente Elena?

Uh, porque queriam uma Besta tapada, sei lá. Anjos faziam cada pergunta!

– Não tenho ideia quanto a isso ainda, mas certamente foi alguém que ficou sabendo da história de Katherine Pierce com Gregory Turpin.

– Porque fala isso? – O Paul Wesley indagou um pouco mais tenso que o normal.

Damon sorriu e Jô podia apostar com quem quisesse que em algum lugar do planeta, Gilly teve ataques esquizofrênicos só por pressentir que o namorado dela sorria.
Aliais, nos últimos tempos, eles viviam assim para lá e para cá. Trocavam altos olhares de cachorro faminto secando frango de padaria.
Se um dia fosse lançado um filme sobre os dois um cachorro preto e vira-lata poderia interpretar o Idiotore e um frango no espeto a Gilly!
Ou o frango era menos tapado? Ela não sabia.
Stefan podia ser um poodle cobiçando a carne também.
Ele não falava, mas era outro que queria passar Off Kids na aprendiz da sedução Glaucóciana.

– Falo isso porque Katherine Pierce é um espírito que poderia achar bem útil o dom de Jenna. – Pôde ouvir Damon falar quando se concentrou novamente. – E teria todos os motivos do universo para querer que Gregory se aproximasse da família Gilbert devido à semelhança entre Lenn e ela. Assim, enquanto o pastor se concentrava em Elena, ela poderia se vingar dele de alguma forma.

Nah, sem querer cortar sua onda ô Sherlokiotore, mas... Mesmo que eu ache que tem dedo da Katherine nisso, não acho que a coisa da Besta tem a ver com o plano maligno dela. Talvez seja só uma coincidência, você sabe que a Gilly é azarada e precisa se benzer. Ou, sei lá, talvez a Pierce conheça a pessoa que está por parte do "muahahaha" todo.

Stefan, pensativo, entortou os lábios e Damon desalinhou o cabelo também refletindo sobre algo.

– Quanto mais suposições nós fazemos, mais tudo fica confuso. Vamos por partes então. Precisamos achar Gregory.

– Rá, como fazer isso "dono da taça da maturidade" se a sua bússola-madrinha está com defeito? – Provocou vendo que o maluco-do-Pai-Nosso a fuzilava com os olhos.

– Eu já disse que a culpa não é minh...

– Eu posso ajudar. – Uma voz atrás deles interrompeu a fala de Stefan, os sobressaltando.

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POV – Elena Gilbert.


Ela não queria dar uma de namorada chata que dá ataque toda vez que fica cinco segundos longe do cara, mas realmente estava tentada a apertar aquele medalhão até as costas de Damon virarem churrasco.

COMO ELE SUMIA ASSIM DO NADA?

Como ele tinha a cara de pau de fazer isso sabendo que todas as piores coisas do mundo passariam pela cabeça dela?
Seu servo era forte e incrível, mas mesmo assim ela sentia um medo absurdo de perder ele.
E quando ela dizia "perder", se referia a coisas drásticas mesmo.
, muito disso era efeito de uma paranoia, mas... Não exagerava quando dizia que sempre que amava algo mais do que tudo, o destino vinha e tirava dela.
Quase como um carma, maldição ou sei lá. Quase como se alguém quisesse que ela ficasse sozinha pela eternidade.

Resolveu tirar aquilo da cabeça puxando o álbum de fotos para o colo e organizando algumas coisas incompletas nele.
As que mais amava eram as da sua infância e as mais recentes. As primeiras, porque Bonnie e Carol sempre estavam com ela e as ultimas porque era Damon e Johanna que ocupavam um lugar na sua vida.
Duas fases completamente opostas que, em vez de se encaixarem e conviverem pacificamente, pareciam se desafiar e exigir que Elena escolhesse apenas uma.

Sentiu a cama balançar e encontrou a amiga ao lado sorrindo e apoiando a cabeça em seu ombro como há muito tempo não fazia.
Era estranho notar o quanto Bonnie estava diferente do que costumava ser.
Isso gerava um luto horrível na morena. A nova Bonn era legal, mas não era a sua irmã mais nova e fofa.
Assim também como Elena não era mais a garota maluca e rebelde de antes.

– Você mudou. – A ruiva ecoou seus pensamentos a sobressaltando.
Temeu por alguns segundos que a sua Barbie estivesse dando uma de Cachinho e investigando sua mente, mas depois simplesmente percebeu que se fosse o caso, tudo já teria desmoronado e as duas já seriam inimigas.

– Você também bruxinha. – Comentou de leve fechando o álbum e o jogando na cômoda.

Os cachos ruivos deixaram seu ombro por alguns minutos e Elena sentiu que era encarada.

– Comentei como forma de elogio.

– Eu não. – A morena respondeu, odiando-se por ser tão sincera certas vezes.

Bonnie suspirou longamente e coçou o cabelo cor de fogo parecendo frustrada.

– Eu sei que não. – Assentiu por fim tirando algo do bolso do casaco e colocando sob o colchão. – Vamos mudar de assunto! Pode me dizer algumas coisas sobre Damon?

Começou!
Ela precisava se lembrar de vasculhar a internet em busca de mantras que controlassem seu incomodo com o "interesse" excessivo das suas amigas pelo seu namorado.

Naaah, claro. – "Que não" – O que quer saber?

Por alguns milésimos de segundo notou que os olhos azuis se tornaram preocupados.

– Vocês estão juntos há bastante tempo não é? – Começou quase de forma retórica.

As sobrancelhas castanhas se uniram.

– Mais ou menos. Conhecemo-nos há alguns meses, mas só começamos a namorar agora.

A ruiva jogou a mão no ar descartando a relevância daquilo.

– E você conhece a família dele?

Elena engoliu em seco, preocupada com o rumo que aquilo estava levando.
Sentia medo só de pensar na possibilidade de bruxas conseguirem ver o tal símbolo de íris que revelava de qual grupo o "ser" era.
Damon e Johanna sempre lhe disseram que todos os grupos conseguiam fazer isso, mas Bonnie não dava sinais de conhecer a verdadeira personalidade do seu demy.

Co-conheço o irmão dele. – Gaguejou de forma irritante sentindo a palma da mão coçar. – Os pais dele não são casados.

Rá. Nenhuma mentira naquela resposta. Ela estava melhorando naquilo.

– Irmão? – A ruiva piscou rapidamente parecendo pensar em algo que não chegava à mente de Lenn. – Sim, claro... ... Ele tem muitos irmãos?

Oh, sim. Lúcifer parecia um deus grego fazendo filho pelo mundo.
Mas não quis dar uma resposta exata ou Bonnie poderia ligar a + b e chegar a c.
Ela poderia muito bem ter a informação de quantos filhos o Diabo tinha e só estar testando Elena.

– Alguns. Não lembro bem. – Tentou se desviar do interrogatório encarando um bloco de notas que surgira na sua cama. O tal objeto que Bonn tirou do bolso. – O que é isso?

Sorriu de forma marota alcançando o caderninho enquanto sentia todo o sangue do seu pulso se esvair quando a mão pálida de Bonnie se apertou contra sua pele.

Os olhos castanhos desvendaram os azuis como se nunca os tivessem visto antes. Embora o gesto – surpreendentemente forte para alguém tão delicado como a ruiva – doesse terrivelmente, nada era pior do que aqueles olhos.

Não eram as íris da amiga. Era um azul frio, robótico e assassino.

O rosto da garota entrou em choque e imediatamente Elena se viu livre da algema humana.

– Lenny me desculpe! Por favor, me desculpe é só que eu escrevo besteiras aqui, fiquei com vergonha e...

A contratante fitou a bruxa ainda tentando digerir a cena e conseguiu engolir em seco e sorrir com fragilidade.

O que havia acontecido com elas?

– Sem problemas. – Mentiu massageando o pulso que ainda ardia. – Você está forte ruivinha.

– Ah, o novo colégio tem aulas puxadas de educação física fora a coisa de bruxa. – Os dedos longos e pálidos de Bennett passearam pelo bloco azul e então inesperadamente ela o colocou no colo da menina à sua frente. – São listas de coisas nas quais eu preciso melhorar. Vovó disse que assim um dia vou ser... Quem ela espera que eu seja. – A ultima frase soou tão baixo que praticamente implorava para não ser ouvida.

Elena estancou querendo confortá-la, mas nada no seu corpo conseguia realizar os movimentos necessários para demonstrar isso.
Resolveu concentrar-se nas tais listas e leu algumas por certos segundos.
Alguns itens se repetiam diversas vezes e constatar aquilo só lhe trouxe revolta.

"PARA SER PERFEITA:

1- Ser mais corajosa.
2- Ser mais dedicada.
3- Ser mais forte.
4- Ser menos sentimental.
5- Ser mais obediente.
6- Ser mais parecida com Emily."


Sheila Bennett um dia foi uma espécie de avó para ela, mas agora a menina só conseguia vê-la como um monstro.
Como ela podia ser argh o bastante para fazer a neta acreditar que precisava atingir um "ideal de perfeição" bizarro?

Fechou a cara e abriu a primeira gaveta da cômoda buscando uma caneta qualquer.
Achou um lápis, mas como estava com pressa decidiu que ele serviria.

Heey – Bonnie começou a tentar impedi-la, mas talvez ao lembrar-se do momento estranho de minutos antes, conteve-se e deixou que a amiga pichasse seu caderno.
E, sinceramente? Elena era a Besta apocalíptica, pfff, ai dela se ousasse impedir.

Riscou toda a folha de papel só deixando o título e acrescentou uma frase rápida e mal escrita, o devolvendo logo depois para a dona.

Sua melhor amiga aceitou o objeto com desconfiança, mas após ler o único item da sua nova lista, um sorriso verdadeiro encheu seus lábios.

"PARA SER PERFEITA:

1- Ser mais Bonnie Bennett.
"


– Senti sua falta, Hulk. – Brincou com a voz um pouco trêmula, deitando a cabeça no colo de Elena deixando os cachinhos rubros serem acariciados.

Seu coração se apertou de leve em um misto de temor, tristeza e saudade.
Não era clarividente, mas sabia muito bem que tudo o que a unia àquela sua amiga irmã era uma linha fina e frágil chamada amor.
Em oposição a isso existiam tanques e canhões chamados popularmente de ódio, rivalidade e dever, mas, mesmo assim, as vezes todo aquele poder de destruição era inútil contra a linhazinha delicada.

Ela esperava com todo o seu coração que de alguma forma, elas conseguissem se adequar a um desses casos bem sucedidos.

– Eu também senti, Barbie. – Respondeu sorrindo.

Ao seu lado, algo no armário despencou e ela temeu que aquilo fosse uma espécie de presságio.
Até porque, o barulho estrondoso em muito se assemelhava com o eco do canhão arrebentando a linha.

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Pode parecer estranho, e talvez ela estivesse meio louca, mas enquanto lascas de madeira choviam sobre o quarto, pôde jurar que Bonnie sussurrava algo como: "olhos de diamante".

– Humana! – Exclamou uma figura robusta massageando a cabeça enquanto se livrava de uma pilha de cabides que o atacavam. – Foi mal pela destruição do armário. Queria me metamorfosear em algo menor, mas sabe como é. Meu totem fala mais alto, etc, etc. – Os olhos acinzentados e brincalhões fitaram a ruiva ao lado de Elena e endureceram. – Não me olhe assim bruxa, não sou Ethan. Pare com essa mania carente de achar que até o porteiro é ele.

Ethan? Não era o irmão de Damon? Bonnie o conhecia?
Lenn encarou a sua hospede, mas sua reação era indecifrável.

ENFIM.

Procon de contratantes! Onde estava o maldito Procon de contratantes?
Era a milésima vez que um demônio destruía de alguma forma o seu quarto.
Aliais, sua casa agora era o clube do bolinha/luluzinha versão demoníaca.

Bran. Você. Quebrou. Meu. Guarda. Roupa. – Grunhiu entredentes enquanto sua cabeça mandava alarmes de coisas bem complicadas que a presença do namorado de Johanna trazia. Exemplo: Como explicar para Bonnie que ela conhecia alguém que podia surgir de um guarda-roupa a la Nárnia. – E... Totem?

Ele revirou os olhos empurrando a cunhada sem cerimônia para ter espaço na cama e se sentar, gerando a queda parcial de Bonnie.

– Podemos nos transformar em qualquer ser vivo que quisermos, mas temos formas animais que nos representam ou protegem... Totens. O meu no caso é um urso pardo. Nada sutil. – Comentou balançando a cabeça com pesar.

Uh, isso era legal! Qual era o de Damon?

Quase que simultaneamente a poltrona perto da cama começou a flutuar e atingiu o demônio quase acertando Elena também.

– Lenny corra! – Bonnie pediu com a voz severa parecendo tão arisca quanto uma leoa defendendo seu filhote. – Ele é um monstro.

Agora você partiu o meu coração. – Bran zombou fazendo com que o móvel tombasse no piso. – Essa adoradora de caldeirões está pedindo a morte! Mortal, você é testemunha de que foi ela quem começou.

Os olhos azuis de Bonnie faiscaram com repulsa e o demônio foi arremessado contra o concreto do teto fazendo a casa tremer.

– BONN, NÃO! BRAN FIQUE QUIETO! E... DROGA, EU ESPERO QUE VOCÊS TENHAM UM BOM PÓ DE PIRIMPIPIM PARA APAGAR A MEMÓRIA DA MINHA FAMÍLIA, PORQUE COM CERTEZA ELES PERCEBERAM ISSO. – Gritou de forma histérica ficando em pé como uma professora chocada com a classe.
Foi obedecida, mas pela cara da ruiva sentiu que seus problemas estavam só começando.

– Você sabe o que ele é, Gilbert? – Bonnie rosnou enquanto o irmão de Damon despencava no chão criando outro mini terremoto.

Ok, o que ela respondia?

Para a sua sorte, ou azar, Bran se pronunciou no chão fazendo com que uma tábua se levantasse e acertasse a cabeça da ruiva.
Graças ao Cachinho, ela não pareceu machucada, só furiosa.

– Eu sou o namorado da Jô, e você atração-de-festa-temática-de-Halloween, dobre a língua ao se dirigir ao grand.

Grande dono da barraca de pamonhas do Sr. Frederic. Você sabe, aquela que fica na ladeira... Aquela... ... – Ela havia dito que tinha melhorado naquilo? – Enfim, sou cliente fixa dele.

Bran inclinou a cabeça com confusão, mas pareceu entender que a garota não queria que a identidade dele fosse revelada. Já bastava Bonnie saber que ele era um demônio. A informação de ser um "filho de Lúcifer" a faria explodir tudo.

A ruiva pareceu um pouco desconfiada, mas resolveu fingir que acreditava na mentira tenebrosa da outra e concentrou-se no apelido nada carinhoso que o demônio lhe dera.

– Melhor ser atração de festa temática de Halloween do que ser usado como decoração para boates de Strip-tease. Já deu uma olhada em uma? Sempre tem meninas seminuas vestidas de diabinhas. – Retrucou um pouco infantil cruzando os braços. Os olhos azuis se voltaram para a amiga como metralhadoras. – Então Elena, você não pareceu muito surpresa com a habilidade do namorado da tal Johanna. Você sabe o que eles são?

Nah, ela havia colocado a coisa no plural, ou seja, também sabia o que a treinadora Glaucócia era. Porque então não parecia saber a identidade de Damon?
E como ela sabia disso? Através das íris? Ok, Bran surgira do nada em um armário, isso era o bastante para intuir que ele era algo diferente, mas e quanto a Jô?
Tirando as provocações, Marshall não havia feito nada de suspeito e ainda assim Bonnie sabia que se tratava de um demônio.

Elena estava confusa. Definitivamente confusa.

– Não sei se Elena sabe o que eu sou, mas têm consciência de que tenho alguns poderes diferentes. – Bran mentiu para protegê-la. – Pergunto-me se ela sabe o mesmo sobre você.

Era uma sensação engraçada, mas pela forma com a qual Bonnie ficou transtornada, pareceu que ele não falava somente da origem bruxa da ruiva.
Como se existisse algo mais.

– Ela sabe o bastante rato. – Barbie cuspiu tentando manter a compostura. – E por falar na ratoeira completa, o que sabe sobre Ethan Lewis?

Bonnie definitivamente conhecia o irmão de Damon!
O azul acinzentado a fitou querendo confirmar se podia dizer algo ou não e pareceu entender que ela ainda queria que ele ficasse conhecido como dono da barraca de pamonhas.

– Ele é famoso no meu mundo. – Desviou-se.

Batidas histéricas na porta começaram a acontecer e o clima tenso se quebrou um pouco enquanto demônio e bruxa pareciam, cada um ao seu modo, solucionar o problema de "Humanos quase descobrindo tudo".

Aos poucos o silêncio voltou a reinar e a contratante suspirou aliviada.

Ok, vocês dois... Por favor, tentem se comportar! Bonnie, o Bran é muito legal e é só isso que importa, não quero saber o que ele é ou não. – Disse tentando soar como alguém que realmente desconhecia a origem dele. – Bran, Bonn é minha melh-

– Pensei que Johanna fosse sua melhor amiga. – A interrompeu parecendo meio indignado.

Os dois seres a encararam parecendo muito interessados nas próximas palavras que ela pudesse falar.

– É que... As duas são. Bonnie é a amiga mais antiga, e Jô é a que está mais presente agora.

– Isso quer dizer que você supervaloriza o passado e que se danem as pessoas que REALMENTE se importam com você agora (Vulgo: momento em que você mais precisa)?

– Isso quer dizer que você só me considera como melhor amiga porque nos conhecemos há muito tempo? Ou que eu não estou mais presente na sua vida? Olha, o meu celular quebr-

– CHEGA! – Elena exigiu já surtando com aquela guerra maluca e ciumenta. – O amor é igual. Agora, vamos ao que interessa... Bonnie depois quero fazer umas perguntinhas para você. Bran, eu fico honrada com a visita, mas... O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

Seu cunhado colocou as mãos para trás parecendo mais formal e andou até ela como se não quisesse que a outra garota ouvisse o que ele tinha a dizer.

– Damon me pediu para cuidar de você enquanto ele estivesse fora e... – Ele fitou de relance a bruxa amuada no canto do quarto. – Bem... O meu pai, Sr Frederic das pamonhas, está requisitando a sua presença lá, sabe? – Falou em código para que Bonnie não entendesse.

Elena sentiu uma labirintite aguda grave que só piorou quando viu a amiga revirar os olhos e dizer uma frase apavorante.

– Ah eu nunca vi essa barraca antes, posso ir com vocês?

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Demônios Não Amam. || DELENAWhere stories live. Discover now