02 - Me deixas louca

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música do capítulo: me deixas louca - Elis Regina

*POV: Otávio*

Ao ficar sozinho na mesa daquele café, me culpei até onde pude. Vi Clarice sumir naquela rua e não fiz nada, se quer me levantei pra puxá-la pelo braço e tentar impedí-la. Olhava fixamente para o último ponto que meus olhos a tinha visto e depois da culpa, vieram as lembranças. Na noite passada, após termos fumado e bebido duas garrafas de vinho escutando Elis Regina num vinil - um dos nossos programas favoritos: vinho e MPB - na varanda de sua casa, nos amamos como nunca antes, eu acho. Lembrei de seu toque, seu beijo, seu calor, seu cheiro e poderia jurar que estava vivendo a noite de ontem outra vez, as lembranças estavam muito vivas!

***

Passei o cigarro pra ela, que o pegou e colocou na boca com destreza, o observando enquanto tragava.

O: É incrível o quanto você consegue ficar ainda mais linda! Cada segundo que passa, parece que vai aumentando sua beleza. - ela riu, ainda com o cigarro na boca - É sério, paixão. Ó, parece com o vinho - apontei pra garrafa -, quanto mais tempo passa, melhor!
C: E você ainda mais boêmio, com essas cantadas que acha que encanta qualquer mulher... - ela disse brincando, soltando o ar de riso e virando o rosto para me esconder a risada
O: E quem disse que eu quero encantar qualquer mulher? - Saí da cadeira em que eu estava e fui andando de joelhos até a dela, cheirei seu pescoço e lhe dei uma mordida no lóbulo da orelha - Eu quero você! E você não é qualquer uma... você é rara! - falei junto ao seu ouvido

Ela virou o rosto, olhou em meus olhos e me tomou pelo colarinho da blusa, me dando um beijo avassalador. Segurava em sua nuca com uma mão enquanto a outra passeava pelas suas coxas entre apertos e carinhos. Paramos o beijo para tomarmos fôlego e invertemos as posições, agora, eu estava sentado na cadeira, e Clarice em meu colo, com as pernas laçadas em meu quadril. Nos beijávamos como se não houvesse amanhã, ela desabotoava os botões da minha blusa enquanto eu subia minhas carícias até seus seios e depositava beijos em seu pescoço. Abracei ela com força para que sentisse meu desejo, ela me olhou com os olhos que pareciam queimar e mordeu o lábio inferior, soltando uma risada maliciosa. Levantei da cadeira com ela em meu colo, saí da varanda e a joguei na cama do quarto, com o movimento, a saia levantou e deixou as pernas de Clarice a mostra.

C: Vem logo, meu boêmio! Você me deixa louca!

Fui distribuindo beijos pelas pernas de Clarice até chegar em sua calcinha azul claro rendada, depositei um único beijo em sua barriga e lhe tirei a blusa. Quando ela desabotoou minha calça, a joguei longe e logo já estávamos apenas com as roupas íntimas, porém Clarice não estava usando sutiã. Ela olhava com delírio para o meu sexo já enrijecido, eu beijei um dos seus seios e apalpei com força o outro, ela gemeu. Logo tratei de me desfazer de sua calcinha e ela tirou minha cueca. Depositei beijos em sua intimidade e a acariciei com a ponta dos dedos. Clarice gemeu como quem pedia por mais e eu pude sentir a contração do seu sexo. Coloquei ela entre minhas pernas, de costas para mim, enquanto uma das minhas mãos apertava seu seio, a outra fazia movimentos circulares em sua intimidade. Clarice arranhava minhas pernas e eu chupava seu pescoço. Parei os movimentos e ela me olhou implorando por mais.

C: Porque você parou?

Ela me olhou com raiva, ainda ofegante e eu ri, me deitei e ela subiu em mim apoiando as mãos ao lado da minha cabeça, encaixou meu membro em sua intimidade e sentou devagar. Levantei, a abracei e acompanhei seus movimentos. Essa mulher me completa, em todos os sentidos. Chegamos ao nosso ápice juntos, quando nos derramamos, um dentro do outro. E, a voz de Elis ainda rompia o vinil e se espalhava pela casa

"E quando sinto os teus braços
Se cruzando em minhas costas
Desaparecem as palavras,
Outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
Me deixas louca..."

****

- Senhor?! Já escolheu o seu pedido? - o garçom me chamava de volta à vida
O: Ah, desculpe. Vou querer um espresso e um pastel de nata, por favor. - ele anotou o pedido e saiu

Eu ainda estava incrédulo, como se esperando Clarice reaparecer naquela rua, olhando pro mesmo ponto que eu havia a visto pela última vez. Mas eu não fiz nada. Fui incapaz de levantar da cadeira para impedí-la, como pode? Meu orgulho ia mesmo acabar comigo, como Clarice sempre me dizia. Mesmo não tendo a maturidade que tenho hoje, naquela época, eu sabia o que queria, e sabia que Clarice era o meu amor. Justo agora, que seu pai adoeceu e Clarice possivelmente tenha que voltar ao Brasil para cuidar da empresa dos pais com sua mãe. Entrei em um completo desespero quando cheguei em casa e lembrei-me da ligação que sua mãe havia lhe feito poucos dias antes, dizendo que lhe daria uma resposta definitiva da sua volta ao Brasil na segunda, que seria depois de amanhã. Se Clarice voltasse ao Brasil sem que eu ao menos me despedisse, eu não sei o que seria capaz de fazer.

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