17 - Maldito rádio

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música do capítulo: maldito rádio - Adriana Calcanhotto

*POV: Clarice*

Arthur chegou no restaurante para buscar a mim e Giovana, fui me despedindo das minhas amigas e ele cumprimentou as que ainda não estavam quando veio nos deixar. Enquanto ajeitava Gio no carrinho, contava um pouco para Arthur sobre a noite e as meninas acrescentavam com elogios à nossa pequena.

M: Você tinha que ver, Arthur. O rapaz da mesa ali sorria pra ela e ela gargalhava horrores! – Marina apontou com a cabeça para o homem sentado próximo à nós, enquanto eu guardava as coisas de Giovana na bolsa, olhei rápido para o mesmo homem, ele parecia admirado ao me ver, o analisei e tomei um leve susto, voltei meu rosto pra nossa mesa. Minhas mãos suavam frio naquele momento.
L: É verdade! Essa pequena da titia é muito esperta! – Lígia sorria olhando para Giovana
A: Ah, mas o papai sabe! É a nossa princesa, não é, meu bem? – Arthur me abraçou de lado enquanto olhava pra Giovana no bebê conforto
C: Totalmente! – sorri meio sem jeito – Bom, meninas! Temos que ir! Pra vocês que ficam, um beijo, viu? Ah, vou ficar aguardando marcarmos nosso café!
Car: Com certeza marcaremos, minha amiga. Um beijo! Boa noite pra vocês!
M: Tchau, tchau! – todas acenaram juntas pra nós, enquanto saíamos

Ao passar no corredor de mesas, voltei a avaliar o homem sentado próximo à nós, o que havia arrancado gargalhadas de Giovana. Ele estava um pouco grisalho, o olhar mais caído mas eu conhecia esse rosto... mesmo repleto de marcas do tempo. Ele não parava de olhar pra mim e vice-versa. Meu marido reparou com certeza. Aquele momento não durou um minuto mas parecia uma eternidade, como todos os momentos de euforia que acontecem na vida da gente. Minha mão, que estava agarrada ao braço de Arthur, não parava de suar frio. Ainda não estava cem por cento convencida, mas se não me falha a memória, aquele homem é mesmo Otávio Bragança!

A: Amor? O que houve? Quem é aquele homem? Sua mão está suando frio... – assim que pisamos fora do restaurante, meu marido me tirou do transe. Balancei um pouco a cabeça
C: Que homem? O que brincou com Giovana? Eu não sei! Tava olhando pra ele porque ele me é familiar de algum canto... mas não lembro de onde. Deve ser loucura minha! – soltei um ar de riso
A: E pelo visto ele também, né. Olhou demais pra gente. Pra você, principalmente.
C: Besteira, amor. Só coincidência mesmo. Vamos!

Entramos no carro e Arthur deu partida, saímos pela rua. Coincidência do destino ou não, assim que o rádio ligou, tocava "O côncavo e o convexo", de Roberto Carlos. Otávio costumava dedilhar ela no violão e cantar pra mim quando estávamos em Portugal... bufei como se estivesse cansada, oprimindo a raiva, a angústia, a incerteza.

Em casa, tomei banho junto com Giovana. Parecia que a cada gota que caía do chuveiro vinha a lembrança de momentos com Otávio. Lembrei da música de Roberto Carlos que tocava no maldito rádio; Giovana já estava quase dormindo em meus braços enquanto eu cantarolava. Ela choramingava durante o banho mas logo acabamos. Saí do banheiro de roupão e enrolei ela numa toalha. Arthur já havia tomado banho e estava na cama. Me dirigi até o quarto de Giovana, enquanto passava pela escada, vi que Lina estava subindo.

L: Clarice, quer que eu vista ela? Você deve estar cansada...
C: Por favor, Lina! Estou mesmo, bastante! Mas ó, só vou trocar de roupa e volto pra dar o leite dela, ela deve estar com fome... e só dorme com o leite, você sabe. Vou dar aquele que tirei hoje mais cedo – Lina sorriu
L: Tudo bem, eu imaginei que ela chegaria com fome e já tinha preparado a mamadeira dela.

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⏰ Last updated: Jun 03, 2020 ⏰

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