12 - Por onde for, quero ser seu par

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música do capítulo: andança - Beth Carvalho

*POV: Luísa*

Otávio chegou em meu prédio e me pediu que descesse, assim o fiz. Ele me esperava encostado em seu carro, que havia ganhado após acabar a faculdade.

L: Oi, amor! - abracei ele e o dei um beijo, ele retribuiu e seu sorriso estava estonteante
O: Tenho uma novidade muito boa pra falar!
L: Sério? Conta logooo, então!
O: Passei na residência de oncologia!!!
L: Sério? Meu Deus, Otávio! Que notícia boa, meu amor!!! - o abracei e pulei
O: Sim, mas tem um porém! Passei num hospital do Rio. - a expressão dele mudou
L: Ah, sim... mas, ué, você pode se mudar pra lá, não pode? Já falou pros seus pais?
O: Sim, sim. Eles ficaram muito felizes, meu pai já resolveu o apartamento com um amigo dele, e esse mesmo amigo é médico, até me ofereceu um espaço pra atender como clínico geral no meu contra-turno. Mas você sabe, fico triste por nós, Luísa... - ele baixou a cabeça
L: Sim, eu também fico. Aliás, fico preocupada, mas triste não! Ei, – levantei a cabeça dele, erguendo pelo queixo – nós vamos passar por isso juntos, lembra?
O: Seus pais só vão deixar que você vá se nos casarmos...
L: Então, vamos nos casar! – sorri
O: Vamos?
L: Vamos! Eu quero ir com você por onde você for, Otávio. - o dei um beijo
O: Eu também quero que você vá comigo... Mas, nós temos pouco tempo, preciso estar no Rio daqui a duas semanas.
L: Pois trate logo de fazer o pedido aos meus pais e explicar tudo pra eles. Quanto ao casamento, não precisamos de festas, de platéia. Pode ser só nós... pra não precisar de tanta preparação. Meu amor, você sabe, não faço cerimônia pro nosso amor.
O: Concordo! Por isso que eu te amo, você sempre pensa em tudo, meu amor. Te amo! Te amo! - ele me deu vários beijos no rosto e na boca

Assim, Otávio e eu nos casamos, com pouco mais de uma semana daquele dia. Meus pais ficaram incertos, pois queriam uma grande festa, mas diante das explicações de Otávio e da situação, acabaram cedendo. Celebramos o nosso amor numa igreja que fui batizada, apenas nossas famílias e amigos mais próximos, depois, fomos jantar em um restaurante que gostávamos. Antes que fôssemos pro hotel que passaríamos nossa noite de núpcias, Otávio me fez uma surpresa.

L: Pra onde a gente tá indo? O hotel fica no Jardins...
O: Tenha calma, tu vai ver! Vai gostar! Já já reconhece o caminho...

Foi só falar isso que me lembrei do lugar, era o bar em que havíamos nos conhecido, o Bar do Leo. Ficava em uma esquina qualquer da Vila Madalena... nos tornamos amigos do garçom que nos ajudou na noite em que nos conhecemos, o Paulo, e no início do nosso relacionamento íamos muito lá. Agora não tanto. Paulo ficou surpreso ao nos ver, ainda mais que me viu de branco e Otávio todo "na beca", que literalmente não fazia seu estilo.

P: Ih! Olha lá quem apareceu!
O: Paulo, meu amigo! – Otávio o deu um abraço de lado enquanto eu o ajudei
P: Cês tinham sumido, né?
L: Pois é, Paulo. Mas hoje é uma data especial, e datas especiais merecem ser comemoradas aqui! Não é, amor?
P: Tô vendo... e esses trajes? Não me diga que vocês casaram! - eu e Otávio nos entreolhamos e rimos juntos
L: Ih... adivinhou!
P: Meu Deus! Rodada de pastéis e uma cerveja por conta da casa pros noivos, por favor!
O: Ahhh, agora você falou na minha língua, rapaz!
P: Pô, parabéns, dona Luísa e seu Otávio!
O: Que isso, Paulo! Só porque a gente casou agora passamos a ser dona e senhor?

Comemos e bebemos, nossa comemoração particular. No bar que abriga várias das melhores lembranças do nosso relacionamento! Otávio ia embora daqui a uma semana, eu teria que ficar apenas para resolver mais algumas coisas do meu trabalho e iria embora pro Rio assim que estivesse livre também. Otávio havia comentado que queria pagar o aluguel por si, que iria aceitar a ajuda dos pais nos primeiros meses mas não por muito tempo. Meu chefe tinha me dado esperanças de que eu poderia ser transferida para a sede do Rio da empresa, mas eu preferi não me apegar à isso e pedi ajuda aos pais de Otávio para conseguir algum trabalho lá, caso a transferência não desse certo.

Uma semana depois, a despedida ainda sem data marcada pra reencontro no aeroporto. Eu temia por cada momento que Otávio passava sozinho porque ele sempre comentou comigo seu medo de fraquejar novamente pro álcool, e era em mim que ele encontrava as forças para não o fazer. Estava muito preocupada, mas confiante que com o trabalho e a residência, ele estaria longe de qualquer resquício desse passado ruim.

L: Ei, se cuide, certo? - meus olhos estavam marejados, estávamos com as testas grudadas uma na outra - Não esqueça de descansar depois dos plantões e de se alimentar bem, amor. Sua rotina vai ser muito cansativa, você precisa se cuidar. - ele sorriu
O: Não se preocupe, meu amor. Eu vou me cuidar. E vou esperar você pra ser mais bem cuidado ainda!
L: Ai, não faz isso comigo que eu pego esse voo junto com você agora! - rimos juntos
O: Nada disso, você vai ficar aqui, resolver tudo e logo logo vai encontrar comigo no Rio.
L: Prometo que irei o mais rápido possível, certo? Me prometa que vai ficar bem, que vai ficar longe de qualquer coisa que possa afetar sua profissão... - pisquei pra ele, que entendeu o recado
O: Fique tranquila, Luísa. - ele pôs uma mecha do meu cabelo por trás da orelha - Bom, agora já passou da minha hora, né? - nos beijamos com paixão

Ele se despediu de seus pais e de mim, mais uma vez, pegou sua mochila e foi. Me soltou um beijo antes de entrar na sala de embarque e eu fiz como que pegasse-o no ar, encostei a mão no peito e lhe soltei outro. Estava com o coração do tamanho de um caroço de feijão, mas muito, muito feliz por saber que logo começaríamos nossa vida a dois de fato e que Otávio estava determinado nas suas coisas, motivado na sua profissão e muito feliz. Ele não era uma pessoa muito determinada antes, mas eu percebi essa mudança, e fico tão mais feliz por isso...

Otávio é um homem muito especial, quando o conheci, muitas coisas nele ainda pareciam de um menino, porém, acredito que ambos nos acrescentamos (e o amor é realmente isso: uma troca) e hoje somos pessoas bem melhores. Quando o conheci, ele passava por momentos muito difíceis, bebia muito, brigava com os pais, ofereci a minha ajuda e ele deixou ser ajudado. Além de marido e mulher, nós éramos amigos e era essa possibilidade que me fascinava na minha relação com Otávio, eu nunca fui tão feliz assim com outro homem!

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