05 - Todo homem precisa de uma mãe

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música do capítulo: todo homem - Velosos ❤️

*POV: Clarice*
C: Alô?
A: Oi, filha! Tá me ouvindo?

A péssima ligação internacional! Apesar de minha mãe pagar horrores pra me ligar, o sinal ainda era péssimo naquela época. Quando me dei conta que era mesmo minha mãe, e antecipada, fiquei cabisbaixa...

C: Ah, oi, mãe! Muito ruim, mas tô sim!
A: Filha, conversei com seu pai sobre sua vinda...
C: Sim...
A: Ele não ficou contente, disse que você merecia ficar aí, mas que eu quem decidiria se você vem ou não. Eu também não queria lhe tirar de perto dos seus estudos, você sabe, mas nós vamos procurar uma faculdade pra você aqui no Rio, certo, filha? Me desculpe por isso, filha, mas seu pai não está bem... - mamãe começou a vacilar na voz e percebi que embargava o choro
C: Mãe, ele piorou? Por favor, não me esconda nada! A senhora não devia ter falado com ele sobre isso... - agora, eu também embargava o meu
A: Eu não queria esconder dele, filha.
C: Tudo bem, mãe. Eu lhe entendo.
A: Ele não piorou, mas os médicos falaram que os exames apontam para uma tuberculose. Tenho medo que o quadro se agrave e você não esteja aqui pra nos dar forças!
C: Não diga isso nem de brincadeira, mamãe. Essa maré alta vai passar, você vai ver! Então, quando eu vou?
A: Compre a sua passagem para o mais rápido possível, Clarice. Se possível, para ainda essa semana.
C: Tudo bem. Vou ao aeroporto ainda hoje e compro.
A: Então eu te ligo amanhã para saber ao certo o horário, tudo bem? Amanhã te ligo no mesmo horário.
C: Certo! Fico te aguardando. Beijos, mamãe! Te amo!
A: Eu também, filha, te amo muito. Se cuide! Que Nossa Senhora te guarde em paz!
C: Amém.

Desliguei o telefone e chorei inconsolavelmente. O mundo parecia estar desabando e eu não sabia nem pelo quê chorava, se pela doença de papai, pela minha volta ao Brasil, por ouvir minha mãe naquele estado e não poder abraçá-la, ou se pelo meu término com Otávio. Enxuguei as lágrimas, tomei um banho quente e fui ao aeroporto comprar minha passagem. O voo mais próximo era na quarta-feira, às 21h30. Mesmo sendo um absurdo de tão caro, não pensei duas vezes, minha mãe havia me mandado comprar para o voo mais rápido. Voltei pra casa, liguei para a casa de Amanda e Emma para informá-las e comecei a arrumar minhas coisas, afinal, já era quase um ano aqui e arrumar isso tudo em dois dias seria difícil. Mas mais difícil ainda era arrumar a bagunça que estava minha cabeça, meu coração... mas ia passar! Para piorar a situação, achei a carta de Otávio, a li mais uma vez, cheia de lágrimas nos olhos e guardei na minha bolsa de colo.

C: Ai, meu Deus... porque, Otávio? - enxuguei as lágrimas e continuei a arrumar minhas malas

*POV: Otávio*

Passei o dia com Clarice em meu pensamento, com uma inquietude, minha cabeça não parava. Mas meu orgulho não me deixava ir procurá-la. Quando voltasse pra casa, se as coisas dela não estivessem mais com dona Guilhermina, iria deixar e conversar com ela. Mas se já não estivessem... e se ela foi lá e pensou que eu deixei as coisas com a dona Guilhermina porque não queria mais vê-la? E se ela pensa que sou um covarde? Apesar que tudo esteja até me levando a pensar que sim... eu a amo tanto. Eu deveria ir falar com ela. Ao menos pra saber se ela vai embora, ou não. Como resposta, o destino me mandou Emma, estava indo pra casa após mais um dia na faculdade quando a vi. Ia passar direto mas, preferi pará-la.

O: Emma! Ei!
E: Ah... Oi, Otávio! - a moça me respondeu não muito contente
O: Então, tudo bem?
E: É... tudo. Olha, Otávio, se você veio...
O: Calma, Emma. Eu só quero saber como a Clarice está... ela vai mesmo pro Brasil?
E: Você devia perguntar isso à ela. Mas já que você não é homem suficiente pra isso, eu respondo: ela está péssima. E sim, ela vai mesmo pro Brasil. Mas não me pergunte mais. - Emma já ia saindo
O: Só mais uma coisa... quando? Por favor, só mais isso.
E: Quarta-feira, Otávio. A noite. É isso que sei. Não me pergunte mais.
O: Tudo bem. Obrigada, Emma. - ela nem esperou que eu terminasse para me virar as costas e continuar seu caminho

Continuei meu caminho de volta pra casa e, ao chegar, encontrei dona Guilhermina.

G: Otávio! Clarice passou por cá e buscou as coisas dela...
O: Ah, que bom! - falei sem nenhuma alegria na fala
G: Filho, mas fiquei profundamente triste por saber que vocês terminaram. O que aconteceu? - minha voz embargou, meus olhos alagaram, um frio me subiu pela espinha, eu tinha dona Guilhermina como uma mãe e eu sabia que lhe decepcionaria se contasse a verdade.
O: Um dia, dona Guilhermina, eu vou aprender a mandar em mim. Nas minhas emoções, nos meus ciúmes, no meu orgulho... - uma lágrima escorreu sobre meu rosto
G: Oh, filho! Acho que eu lhe entendo. Já perdi um grande amor por orgulho. E posso lhe dizer que isso não vai lhe levar à lugar algum. Você só vai perder com isso...
O: Eu desconfiava que ela tivesse ficado com Eduardo na última festa que fomos e acabei por lhe perguntar isso... mas hoje eu vejo que isso não tem fundamento algum!
G: Meu Deus, Otávio! Clarice nunca faria uma coisa dessas! - a senhora pôs a mão na boca - Me desculpe, filho. Você deve ter feito isso de cabeça quente... não é possível! Você vai atrás dela, não é?
O: Ela vai embora quarta-feira...
G: Como assim, Otávio? Então você precisa ir logo, o quanto antes. Ei! - dona Guilhermina pegou no meu queixo e levantou-me a cabeça para que eu olhasse pra ela - Você está falando com uma prova viva de que orgulho não nos leva a nada. Meu filho, não perde o amor da sua vida por orgulho não...

Eu não conseguia dizer mais nada, dona Guilhermina apenas me abraçou, eu fui embalado pelo seu amor e fiquei ali.

Lembra de mimTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang