15 - São as desgraças da sorte, são as graças da paixão

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recomendo que comentem ao ler, pra eu ir postando os capítulos mais rapidamente. 🤪
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música do capítulo: face a face - Simone

*POV: Clarice*

Desde que Giovana nasceu, tenho me dedicado quase que exclusivamente à ela. Ia apenas uma vez na semana para a empresa, Arthur me trazia papeladas que eventualmente precisassem da minha assinatura. Nossa pequena Gio já estava com 6 meses e já já seria hora de voltar a ter uma rotina normal. Minha recuperação do pós-parto foi rápida, com 3 semanas, eu já conseguia fazer praticamente tudo só. Optamos por não ter babá, pelo menos não durante esse tempo em que eu estivesse em casa e percebi que foi bem melhor assim. No que eu não podia fazer só, Lina estava do meu lado pronta para me ajudar, quando Arthur não estava em casa, é claro. As tarefas entre nós sempre foram divididas e não seria diferente agora.

Os momentos vendo de perto o desenvolvimento de Giovana me fizeram crescer com ela, enquanto pessoa, mãe e mulher. Eu era outra. Agora, bem mais centrada em mim e na família que Deus me possibilitou construir. O olhar dela fixado no meu e suas mãos segurando meu dedo com força durante a amamentação, seu sorriso quando eu acariciava sua face cantando pra que ela dormisse, seu brilho nos olhos ao ver o pai, seus braços esticados quando me via, a primeira vez que ela fez carrinho com a boca imitando Lina... todos esses momentos me tornaram uma outra pessoa. Eu estava muito apegada e sabia que ia ser doloroso demais me afastar da minha pequena quando tivesse que iniciar minha vida rotineira, mas também sentia falta do trabalho.

Entrei em contato com algumas amigas e marcamos de nos encontrar em um restaurante japonês que adorávamos em Ipanema, elas nunca mais viram a Gio e seria um bom momento para reencontrá-las. Era um sábado, marcamos às 19h, afinal, tinha uma bebê entre nós agora! Arthur foi nos deixar no restaurante e de lá seguiria para a casa de Ernesto, um amigo nosso que morava próximo, aonde ele também se encontraria com outros amigos. Ele me ajudou a tirar as coisas de Giovana do carro, pegou o bebê conforto com ela toda sorridente dentro e seguimos para a mesa em que Marina e Carmem já estavam e as cumprimentamos, Arthur logo se despediu.

A: Meninas, boa noite! Aproveitem! É uma pena que este encontro seja das luluzinhas – rimos juntos – Cuidem bem dessa princesa do papai! – dei um selinho nele
C: Amor! Você sabe que ficaremos bem. Já você, se cuide. – sorri acariciando seu rosto

Ele acomodou o bebê conforto no estofado ao lado de Marina, que começou a brincar com Giovana.

M: Mas ela tá muito linda, Clarice! Olha pra isso! – Giovana sorria dentro do bebê conforto enquanto brincava com um mordedor
Car: Amiga, como você está? A maternidade te deixou ainda mais bonita!
C: Ai, meninas, estou ótima! Sinto que estou nos eixos, eu diria. Essa sapeca tá me fazendo um bem enorme – olhei para Giovana e sorri – não é, princesa da mamãe? – me acomodei em uma cadeira ao lado do estofado, ficando ao lado do bebê conforto – E vocês, como estão?
M: Vem cá, princesa da titia! – Marina não parava de brincar com Giovana e foi tirando ela do bebê conforto, a ajudei e dei-lhe uma fralda
C: Pega a fralda se não ela te baba toda!
Car: Eu estou bem também... só os mesmos problemas de sempre, mas, né, fazer o que?

Carmem tinha um casamento de pouco mais de 8 anos, ela era a mais velha de nós, tinha um filho de 7 anos e Paulo, seu marido, sempre foi um verdadeiro escroto. Carmem era uma mulher linda, mas não sei porque se apaixonou justo por Paulo. Eu e Marina temos até nossas suspeitas que ele já a agrediu, enfim...

M: Ai, você ainda pergunta, Carmem? Como assim "fazer o que"? Separa logo, porra! – Marina se repreendeu após o palavrão mordendo os lábios – Ai, pincesoca da titia, fecha os ouvidos! Não escuta o que eu disse! – rimos e ela apertou Giovana em seu colo
C: Bom, Carmem, digo o mesmo que a Marina, você sabe. Não vejo porque uma mulher bonita como você se prender no Paulo assim. Ele é um canalha e eu já disse isso com todas as letras pra você. – Carmem baixou a cabeça – Desculpa, amiga, mas não adianta eu mentir pra você...
M: Gente, cadê a Lígia? Que horas são?
C: Lígia sendo Lígia. – Carmem conferiu o horário no seu relógio de pulso, acenei para que o garçom viesse até nós
Car: São 19h40. – o garçom encostou na mesa
C: Boa noite! Meu querido, por favor, me traga uma taça daquele vinho rosé Alentejano que vocês têm aqui.
L: Boa noite, meninasss! – Lígia chegou, cumprimentou todas nós, deu um beijo na cabeça de Giovana e sentou-se ao meu lado – Vejo que cheguei em boa hora! Vou querer uma dose de whisky! Quem me acompanha?
Car: Dispenso, meninas. Hoje fico só no suco mesmo...
M: Vou querer uma taça do mesmo vinho da Clarice... Aliás, vamos ficar com a garrafa, Clarice?
C: Pode ser! – o garçom saiu com os nossos pedidos
M: Esse é bom mesmo? Fui na tua onda porque você é a melhor em termo de vinhos.
C: Morei em Portugal, sabe como é... esse vinho é do Alentejo, uma região que produz vinhos maravilhosos em Portugal. Esse é seco e um pouco gaseificado. Mas também não é aquele que desce ruim não.
L: Clarice, mas você já está bebendo? Não está amamentando a pequena?
C: Estou, amiga. Mas hoje meu leite jorrou e consegui deixar 2 mamadeiras cheias, depois de 24 horas já posso amamentar normalmente. Mas se bem que ela agora está na introdução alimentar e amando as frutas, mal quer saber do leite.
L: Hum... vinho, Alentejo, Portugal! Isso me lembrou aqueeeela história – fechei os olhos e apoiei o dedo polegar entre os olhos – Nunca mais teve notícias daquele dito cujo, amiga? – olhei para Marina, que no mesmo instante também parou de brincar com Giovana e me olhou, ela era a única dali que sabia de tudo e percebeu meu desconforto
C: Não, nunca mais.
M: Graças a Deus, né? – confirmei com a cabeça e com um sorriso tímido
L: Ai, Marina, me dá aqui essa lindeza, vai! Deixa eu apertar um pouco! – Marina estendeu Giovana sob a mesa para que Lígia pudesse pegá-la – Mas é muito simpática, né, Clarice?
C: Ah, essa daí é até demais. Vocês acreditam que ela só chora quando tá com fome ou sono?
Car: Jesus! O Luís até hoje abre um berro por quase tudo! Quem dera...

Nossa noite foi super leve, colocamos os papos em dia e conversamos sobre a vida de cada uma. Carmem desabafou sobre o marido, Marina comentou sobre o noivado, Lígia sobre sua vida de solteirice... enfim, um divertimento só! Arthur me ligou falando que estava saindo da casa de Ernesto quando já estávamos finalizando o papo e o sushi, a garrafa de vinho já tinha ido embora, mas muito mais por Marina que por mim, que só bebi duas taças. Giovana estava cochilando no bebê conforto. Pagamos a conta e ficamos aguardando até que Arthur chegasse.

*POV: Otávio*

Luísa já estava morando aqui no Rio comigo há um bom tempo, mas havia voltado para São Paulo por complicações na saúde de seu pai. Era um sábado e eu havia acabado de chegar de mais um plantão, estava exausto, no entanto, com fome. Tomei um banho e decidi descer para comer alguma coisa ali perto mesmo. Desci de chinelo, bermuda e uma camisa qualquer mesmo. Passei na portaria e Jucá, que havia se tornado um amigo durante esse tempo por aqui, estava dormindo.

O: Acorda, rapaz! – ele tomou um susto e eu ri
J: Mas tu é besta, né? – o sotaque nordestino dele eu descobri quando passei a conversar mais com ele, ele era do interior do Ceará e morava no Rio há 5 anos
O: Sou nada! Vou ali comer alguma coisa e já volto.
J: Tá certo! Ei, cadê dona Luísa que eu nunca mais vi?
O: Ela teve que dar um pulinho no Rio, o pai dela tá doente, sabe como é...
J: Ah, sim, tá certo. Deus há de providenciar a melhora dele!
O: Com certeza! Ele já é idoso, mas tem diabetes, aí complica um pouco, mas o quadro dele já estabilizou. Essa semana ela deve estar de volta!
J: Certo. Pois vá lá comer!
O: Fui!

Saí e fui caminhando até a esquina onde tinham vários restaurantes, escolhi comer sushi hoje.

Lembra de mimWhere stories live. Discover now