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Quando coisas negativas acontecem ao decorrer dos dias você passa a se sentir culpada mesmo sabendo que a culpa não é exatamente sua — talvez nunca tenha sido sua de fato —, mas os pensamentos que passam a consumir seu tempo estão relacionados em ...

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Quando coisas negativas acontecem ao decorrer dos dias você passa a se sentir culpada mesmo sabendo que a culpa não é exatamente sua — talvez nunca tenha sido sua de fato —, mas os pensamentos que passam a consumir seu tempo estão relacionados em como suas atitudes podem ter levado uma família a se separarem.

Mesmo tendo consciência dos meus atos fora de casa que não traria nenhum orgulho para mamãe — por conta do seu egoísmo e vício religioso —, uma parte de mim passava a acreditar que a minha parcela de culpa era alta e que de alguma forma precisava recuperar o que havia sido quebrado naquele dia.

O celular de mamãe encontrava-se desligado na maioria das nossas tentativas. Algumas vezes sabíamos que ela apenas havia o desligado ou deixado tocar até cair na caixa postal. Quem sabe estivesse gostando de nos ver rastejar aos seus pés. Mas cá entre nós, a casa continuava limpa como sempre; as roupas estavam lavadas e guardadas em seu devido lugar e todos de nós sabíamos cozinhar, até mesmo Athany pequena já preparava algumas refeições na cozinha. Não era como se dependêssemos dela.

Mas ela é nossa mãe e apesar dos apesares não a queríamos destruída em um canto qualquer.

— Então você irá até nossa casa pela primeira vez? — Lola perguntou animada.

— Conversei com meu pai e tudo bem para ele. — Respondi confirmando sua pergunta.

Parecia um sonho. Se eu apagasse uma parte da minha cabeça que insistia em pensar nas coisas ruins que aconteceram nos últimos dias e focasse nas partes positivas, como: conhecer a minha futura possível universidade; ter conhecido Bryan; ter o apoio de papai em meus jogos; ter vivido tanta coisa boa e nova que nunca imaginei viver em tão pouco tempo.

Nós estávamos guardando nossas mochilas em nossos armários para irmos até o campo onde faríamos nosso último treino antes do jogo da final.

— Então, me conta mais sobre você ter conhecido a sua sogra. — Lola provocou-me com um sorrisinho em seus lábios.

— Ela não é minha sogra. — Afirmei pela quinta vez. — Mas é uma pessoa adorável que eu com certeza gostaria de rever.

— Você está mais apaixonada pela mãe de Bryan do que por ele. — Brincou e recebeu o meu confirmamento com a cabeça.

De fato a educação que Bryan havia recebido de seus pais ficava evidente nele a cópia de sua mãe. Eles eram educados, prestativos, encorajadores, o que simplesmente me deixava com ainda mais vontade de fazer parte daquela família.

Uma parte de mim desejava se afastar aos poucos para não sofrer mais tarde. Sabia de que uma hora ou outra algo aconteceria enquanto eu estivesse fora. Ainda não fazia parte da universidade, não sabia se conseguiria passar e receber a bolsa para entrar nela. Ou seja, seria bom começar a me adaptar a não vê-lo mais, apesar de sua mãe morar por aqui.

Por sorte, naquele dia enquanto treinávamos o pênalti consegui acertar os cinco que tentei. Quem sabe fosse o fato de estar mais motivada por papai e pelas minhas irmãs.

— Yanni? Pode vir até aqui, por favor? — O treinador fez sinal para que me aproximasse dele.

Ele estava sozinho sentado em um banco, escrevia algo em sua prancheta.

— O que seria? — Perguntei ao me sentar ao seu lado.

— Sua carta chega na semana que vem. — Respondeu sério. — Provavelmente na quarta-feira irão entregar na sua casa. Gostaria que você a trouxesse aqui independente do resultado.

— Claro. — Concordei.

— As minhas expectativas são grandes em cima do seu sonho. — Afirmou. — Acredito que você tem muito potencial para entrar naquela universidade.

O agradeci por suas palavras motivadoras. Independente de quem me motivasse e de quem falasse comigo, mesmo que fosse muitas vezes alguém que eu nem conhecia que elogiasse meu desempenho dentro de campo guardava com muito carinho cada palavra dentro do meu coração. Mas ainda faltava algo. Faltava alguém.

O problema é que sempre falta alguém. Sempre desejamos algo que muitas vezes não temos e isso machuca.

Encontrei Jeannine no portão ao lado do que imaginava ser o seu amigo com quem trocava mensagens pelo meu celular. Ela mexia no cabelo repetidamente, era um toque seu de quando estava nervosa, eu conhecia isso. Assim que seus olhos encontraram os meus ela falou algo rapidamente, fazendo com que os olhos do rapaz chegasse até mim. Acenei e recebi o mesmo gesto em resposta.

A vi selar seus lábios e considerei a coisa mais carinhosa que já havia presenciado ha anos. Logo ela me alcançou caminhando ao meu lado.

— Ele é o menino das mensagens? — Perguntei curiosa.

— É. — Respondeu envergonhada.

— Achei bem bonito, ótima escolha. — Pisquei.

Sabia que certos assuntos eram um tanto constrangedores e delicados para se conversar e ela não se encontrava no momento ideal para conversarmos sobre isso. Caso um dia me procurasse, com certeza estaria aberta para conversar sobre qualquer dúvida que ela viesse a ter. O meu único desejo era que estivesse segura em tudo que decidisse fazer.

Athany estava descendo da van que havia a deixado na porta de casa quando chegamos. Papai a levava e sempre havia alguém que a trazia de volta por não haver ninguém para busca-la no horário.

— O que iremos almoçar hoje? — Athany perguntou procurando por algo na geladeira.

— Papai deixou dinheiro para o almoço. — Jeannine mostrou o pequeno pedaço de papel com um aviso e o dinheiro logo ao lado.

Disquei o número de um restaurante que ficava próximo a nossa casa, nós costumávamos pedir comida ha um tempo atrás deles. Normalmente escolhíamos o arroz, batatas fritas e filé.

Athany deixou a mesa pronta para quando a comida chegasse. Enquanto isso a fiz resolver seus deveres da escola. Jeannine no momento aproveitou para fazer o mesmo, eu por outro lado aproveitava os minutos no colégio para deixar tudo pronto.

 Jeannine no momento aproveitou para fazer o mesmo, eu por outro lado aproveitava os minutos no colégio para deixar tudo pronto

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Uma das coisas que não gostava era de levar deveres para casa. Não gostava de estar sobrecarregada, sabendo que minha mãe me manteria bastante ocupada dentro de casa. Eu era a pessoa que fazia tudo.

O Campeonato (AMOR EM JOGO)Where stories live. Discover now