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— Acabou! Você tem noção de que é a nossa última vez jogando nesse campo? — Lola perguntou olhando em volta

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— Acabou! Você tem noção de que é a nossa última vez jogando nesse campo? — Lola perguntou olhando em volta.

Nós estávamos prontas para a última partida do campeonato, o que viria trazer ou não mais um troféu para o nosso colégio. Era fim de tarde e já havíamos passado por todo o processo de colocar as roupas de formandos e jogarmos as capelas para o alto.

Havia sido com certeza um dos momentos mais especiais da minha vida. Toda a minha família estava ali. Mamãe não quis aparecer, talvez para não deixar transparecer que se importava comigo. Mas vovô havia avisado que estavam ali em algum lugar no fundo de modo que não a visse, mas podia sentir seus olhos em mim.

Ajustei pela última vez o meião e a caneleira a fim de me proteger ainda mais de qualquer movimento brusco que viesse a receber inesperado durante a partida.

Os primeiros trinta minutos do jogo foram frios como se ambas as equipes estivessem desmotivadas. Os passes estavam sendo dados de forma errada, no máximo três jogadoras do mesmo time conseguiam encostar na bola antes que alguém do time adversário roubasse a bola. Infelizmente nenhum lado conseguia alcançar nem ao menos as áreas das goleiras.

Aos quarenta e quatro minutos Lola correu para bater um escanteio. Ele havia surgido por conta de uma zagueira que havia dado um chute forte do meio do campo onde a goleira havia espalmado para o canto esquerdo.

Lola me olhou e fez sinal com os olhos fazendo com que eu entendesse que ela chutaria na minha direção. Pulei o mais alto que pude para cabecear a bola sentido ao gol onde foi recepcionada pela goleira atenta que espalmou a bola para frente vindo em minha direção. A questão era que havia a possibilidade de eu fazer aquele gol de duas formas e eu utilizei a mais difícil, a bicicleta.

Joguei meu corpo para cima como se estivesse virando um mortal e estiquei as pernas o mais alto possível para alcançar a bola e foi dessa forma que ela adentrou o gol.

Corri rapidamente para abraçar Lola quando a torcida gritou gol alto. Todos vibravam e pulavam nas arquibancadas. Todas as integrantes da equipe se juntaram para comemorar o fim do primeiro tempo quando o juiz apitou. Nós teríamos quinze minutos para reabastecer as energias e retornar para manter o resultado a nosso favor.

— Equipe, precisamos tocar mais a bola, ser mais persistentes. — Falei alto a todas no vestiário. — O jogo está calmo demais, não podemos correr o risco de deixar um dos troféus mais importantes escapar.

Ingerimos mais um pouco de hidratante, duas garrafas não pareciam o suficiente para meu corpo. Cada gota que adentrava minha boca fazia ter ainda mais cede. Ainda assim não poderia consumir muito líquido, caso contrário, afetaria meu rendimento dentro de campo.

— Por que você precisa ir tão cedo para a universidade mesmo? — Lola perguntou mais uma vez.

— Adaptação. — Respondi. — Eles ainda não escolheram meu quarto, preciso levar alguns documentos que faltam, sem falar que preciso levar minhas roupas, afinal, irei morar lá por cinco anos.

Ela revirou os olhos enciumada, apesar de estar feliz pelas minhas conquistas, o fato de ir morar longe a incomodava um pouco. Infelizmente ela não tinha o plano de cursar a mesma universidade que eu.

Voltamos para o campo e as jogadoras do outro time já estavam postas em seus lugares. Seus olhares eram frios e ameaçadores como se estivessem com raiva, talvez fosse só uma maneira de tentar nos intimidar.

Basicamente durante os três anos em que jogamos, cerca de três ou quatro times realmente eram perigosos no sentido de poder nos machucar. Algumas meninas eram duronas demais e não se preocupavam se estavam ou não nos machucando.

As meninas haviam escutado o meu pedido, estavam correndo mais do que eu esperava na verdade. O problema era que o fato de estarem jogando mais estava incomodando o time adversário que pareceu querer passar a machucá-las frequentemente.

Quando uma loira atingiu nossa zagueira em um carrinho por trás sem intenções de tocar a bola, um circulo se formou em volta dela. As meninas passaram a se empurrar raivosas com a atitude grotesca. Logo o juiz se aproximou tentando separar a muvuca que havia se formado, assim como nossos treinadores. Passei a puxar todas as nossas jogadoras e fazendo-as ficar mais calmas. Naquele momento não poderíamos perder nenhuma jogadora.

Os torcedores passaram a vaiar aquela atitude e no fim a moça que cometeu a falta fora expulsa do jogo, fazendo-os ficar com uma jogadora a menos.

— Vamos aproveitar a oportunidade de ter uma jogadora a mais em campo. — Gritei para elas que balançaram a cabeça em concordância.

Quando nossa lateral corria pela esquerda sentido ao gol adversário conseguiu cruzar a bola que caiu perfeitamente no pé de Lola que a chutou sem pensar em direção ao gol. Felizmente a goleira não esperava que o chute seria tão preciso e que ela nem ao menos dominaria a bola antes de chutar.

A bola alcançou em cheio o meio da rede fazendo-nos gritar em comemoração.

Após o segundo gol o jogo passou a ser mais tranquilo. Estávamos mais preocupadas em permanecer com a bola no pé e não as deixar atacar. Todas estávamos trabalhando como zagueiras naquela hora sem se importar em aumentar o placar.

O alívio tomou conta quando finalmente o jogo acabou e soubemos que havíamos conquistado mais um troféu ao nosso colégio. O restante da equipe adentrou o campo para comemorar assim como nosso técnico. Era a primeira vez em três anos que eu finalmente poderia comemorar com todos uma vitória.

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O Campeonato (AMOR EM JOGO)Where stories live. Discover now