21 |||

14 3 0
                                    

— MENINAS!!! RÁPIDO! — Papai gritou do andar de baixo, enquanto nós três tentávamos pegar as minhas malas e últimas coisas que estavam sobre a cama.

— Nós ainda temos que passar na floricultura, então se apressem. — Papai insistiu mais uma vez.

Corremos em direção ao carro e enfiamos tudo de qualquer jeito no porta-malas. A realidade era que tínhamos um horário marcado com o responsável por eu ter ganhado a bolsa lá e possivelmente nos atrasaríamos se não fôssemos com pressa.

Como já tinha em mente o que queria na floricultura agarrei o vaso de girassol rapidamente para pagar e ir embora.

— Uma última foto sua para deixarmos em casa. — Papai pediu, fazendo-me parar de repente com o vaso em mãos.

Eu não tinha muito o hábito de bater fotos em público, não gostava de atrair olhares das pessoas que passavam pelas ruas curiosas com as minhas fotografias

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Eu não tinha muito o hábito de bater fotos em público, não gostava de atrair olhares das pessoas que passavam pelas ruas curiosas com as minhas fotografias. Não quis nem ao menos olhar para a foto.

Entramos dentro do carro e iniciamos a nossa viagem. Durante o trajeto papai falou sobre os cuidados que eu deveria ter morando com outra pessoa, mesmo que fosse menina. No caso os dormitórios eram divididos em quartos somente com meninas e meninos, porém no mesmo prédio haviam os dois.

— Aquele menino sabe que você está indo? — Papai perguntou se referindo a Bryan, deixando minhas irmãs espantadas no banco de trás.

Provavelmente estariam pensando o motivo de papai já saber de tudo e não ter pirado com a história.

— Nós perdemos o contato. — Respondi. — Mas pode ser que saiba sobre minha ida por seu treinador.

Fingi indiferença no assunto, mas me importava seriamente se ele estaria me esperando chegar.

— Vejo que veio acompanhada pela família toda senhorita Collister. — Benjamin apertou minha mão, assim como fez com papai e minhas irmãs após as devidas apresentações.

Ele passara a fazer o mesmo trajeto de quando me mostrou a universidade pela primeira vez. Podia-se notar claramente o tom de orgulho em sua voz, ele amava cada lugar daquele local.

— E aqui sua filha passará muito tempo treinando. — Indicou o enorme campo de futebol que agora se encontrava vazio.

Não havia ninguém por ali. A maioria dos alunos que circulavam pela universidade naquele momento eram calouros, segundo ele. Os veteranos voltavam de suas casas ou de onde quer que fossem tirar férias.

— Caso ela venha se machucar em campo, quais são os procedimentos? — Papai perguntou preocupado.

— Aqui, não importa se ela se machuca em campo ou fora dele em qualquer local da nossa estrutura universitária. — Iniciou explicando. — Ela irá para um hospital totalmente pago pela universidade e optará em continuar pelo campus, caso o acidente não tenha sido muito grave e a possibilite de frequentar as aulas ou retornará para casa até o fim do tratamento.

— Ótimo, me preocupo muito em ela estar longe. — Respondeu papai mais aliviado.

Benjamin falou sobre ser compreensivo já que essa era a dúvida da maioria dos pais dos alunos. No caso, eu ainda não havia completado dezoito anos e por conta disso papai estava ali.

Ele passou a explicar sobre a situação de um dos jogadores da equipe de futebol masculino que se machucou recentemente em uma brincadeira em campo com os colegas do time. Como já havia acabado o último campeonato do ano, resolveram assim brincar um pouco e foi nessa brincadeira que ele torceu o tornozelo.

— Neste caso, ele optou em permanecer pelas dependências da universidade, mas seus pais e amigos vieram o visitar muitas vezes até agora. — Explicou e um calafrio percorreu meu corpo.

Poderia ser Bryan. Claramente poderia ser ele pelo fato de sua moto estar estacionada em frente ao seu bloco dele. A minha vontade era de levantar e correr até seu quarto para encontrá-lo ou então perguntar se era ele, mas não o fiz. Me mantive em silêncio encarando-o falar sem parar.

— Você ficará por aqui ou retornará para casa? — Perguntou voltando-se a mim.

— Na verdade ficarei hoje organizando as minhas coisas e retornarei para casa no fim de semana. — Respondi decidida, afinal, era o que havia combinado com papai.

— Certo, aqui está a chave do seu quarto. — Esticou em minha direção a chave com um pequeno chaveiro escrito 209.

Agarrei como se fosse perder e com isso andamos todos em direção ao bloco. Por azar não ficava no mesmo prédio que o de Bryan, mas bem próximo ao lado. Assim como precisava falar com outras calouros, nos indicou que era necessário subir três lances de escada para chegar ao número.

Carreguei meu girassol para cima, enquanto uma mochila e uma bolsa estavam penduradas em mim. Todos levavam algo consigo, papai carregava a mala mais pesada com um cavalheiro.

Bati na porta caso já houvesse alguém lá dentro mas não obtive resposta. Girei a chave e me dei conta que a minha companheira ainda não havia chegado por ali.

— Podem deixar as coisas na cama. — Apontei para aquela que ficava embaixo da janela, assim como a de Bryan.

Nós nos abraçamos e senti algumas lágrimas rolarem, tanto em mim quanto neles. Estavam resistindo para não irem embora, por eles deitaríamos todos juntos em uma cama de solteiro mesmo de alguma forma, mas as coisas não funcionavam assim.

— No sábado estarei voltando para casa, não se preocupem. — Pedi. — Eu amo vocês.

— Nós te amamos também. — Falaram em uníssono.

Não precisei levá-los até lá embaixo. Em vez disso, coloquei meu girassol em uma pequena escrivania que ficava ao lado da cabeceira da minha cama. Por sorte, havia decidido não trazer muita roupa, mesmo porque não haveria tanto espaço. Como imaginei, todo o espaço que havia disponível consegui preencher com as roupas e acessórios que havia levado.

O quarto estava limpo e com cheiro de lavanda, provavelmente alguém da limpeza havia estado ali há algumas horas para deixar tudo perfeito.

Não havia comprado nada para trazer e colocar nas paredes, por conta disso, elas continuaram sem graça.

O Campeonato (AMOR EM JOGO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora