Cardume

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   Lydia despertou as seis da manhã.  Pretendia acordar seis e meia, mas na madrugada anterior, Rebeka havia telefonado pelo celular de Meredith as quatro da manhã e lhe implorado para ir encontra-la no caminho. Meio grogue, a jovem se ergueu para vestir-se, mau podendo acreditar que finalmente tinham uma pista sobre o que exatamente havia acontecido naquele sábado a noite. Ansiosa andou rapidamente com a tarefa de se aprontar. Vestiu a primeira roupa que encontrou, prendeu seus cabelos em um coque desajeitado e calçou seus sapatos. Sua higiene pessoal foi a única coisa que fez corretamente, pois estava em um misto de ansiedade e nervosismo para encerrar o mistério que lhe envolvia. Se esforçou muito para não fazer barulho enquanto deixava sua casa. Se qualquer membro de sua família lhe encontrasse em pé tão cedo e vestida de um jeito tão desleixado, provavelmente iriam estranhar.  Pois Lydia costumava ser muito vaidosa.

   Começou a caminhar rumo a casa de Rebeka, com um pouco de sono e muita esperança. Toda aquela situação de cauda e poderes, estavam lhe dando nos nervos. Não muito longe de sua casa, avistou o belo corpo de sua amiga, vindo em sua direção com as roupas tão mal escolhidos quanto as suas próprias. Rebeka se arrastava pelas ruas, quase tão lenta quanto uma tartaruga.

    - Qual o problema?  - perguntou assim que se aproximou o suficiente, a outra trazia puro desânimo em suas feições.

     - Não dormi direito. Cheguei super tarde em casa. - suspirou, parecendo realmente cansada.  - Precisamos mesmo estar lá tão cedo?

    - Precisamos. E eu teria mais meia hora para dormir se não tivesse que vir busca-la.  - reclamou em tom de brincadeira, revirando seus olhos esverdeados. Ela acabou por perceber que sua observação não havia soado engraçada para a outra, por algum motivo que ela desconhecia, Rebeka parecia desconfortável enquanto andava de cabeça baixa.

   - O que foi, Beka? - Lydia questionou, estranhando o comportamento da amiga. - Aconteceu alguma coisa?

    Mais um suspiro escapou dos lábios de Rebeka, ela assentiu com sua cabeça e com os olhos cheios de lágrimas narrou os acontecimentos traumáticos que ocorreram no evento ao qual havia acompanhado sua mãe. Lydia escutou atentamente pelos horrores que sua amiga havia passado, a dor que se manifestou em seu peito ao imagina-la naquela situação, fora quase insuportável.

    - Eu sinto muito.  - murmurou agarrando-se a ela, dando-lhe um abraço amoroso e apertado. - Você está bem?  Se quiser não precisa ir conosco... Luce e eu damos conta.

    - Não, tudo bem. Já passou. - murmurou, voltando a andar. - Eu posso fazer isso.

     Lydia e Rebeka continuavam a caminhar, quando ouviram a voz conhecida de James Alves dizer em alto e bom som:

    - Eu já lhe disse que a culpa não foi minha! Não pode me culpar....

   Ambas não sabiam ao certo o que estava acontecendo, mas com uma troca de olhares cúmplices, se aproximaram ainda mais do rapaz, deixando seus corpos escondidos por um carro vermelho que estava no lado da rua oposto ao qual o playboy se encontrava. Ele também estava próximo a um carro e junto dele estava um homem alto e bem vestido, pelas feições semelhantes, podia claramente se ver, que tratava-se do pai dele.

    - Não importa de quem foi a culpa, James! - o homem gritou, batendo com seu punho no veículo e fazendo seu filho dar um pulo. - Você não pode fazer serviços comunitários, ouviu bem?  Meu filho não trabalha para os outros!

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