Executando o plano

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  Assim que o sol nasceu, Lydia foi até o quarto de seu pai, como estava fazendo em todas as manhãs após o acidente. Quando chegou sentou-se na beira da cama.

  - Se sente bem? - perguntou carinhosamente. O homem assentiu e sorriu, mas não era um sorriso verdadeiro.  Ele estava aflito e sua menina percebeu isso. - O que houve, papai?

   - Chame sua irmã para mim. - pediu após pensar um pouco e suspirar como se estivesse se preparando para algo. - Preciso que saibam de uma coisa.

  Com os nervos elevados, Lydia assentiu e foi relutante fazer o que fora pedido. Encontrou sua irmã tirando fotos na beira da piscina e pediu para a mesma lhe acompanhar, a garota fez um pouco de birra mas atendeu ao seu chamado ao ver pela expressão da mais nova que o assunto era sério. Segundos depois as filhas de Léo e Loren, cruzaram a porta do quarto. Uma sentou-se na cama e a outra ficou em pé. Ambas compartilhando da mesma curiosidade.

   - Eu preciso que saibam porque eu estava voltando para casa. - ele suspirou novamente, suas palavras eram cautelosas e o homem revisou o olhar entre as duas garotas. Lydia segurava sua mão. - Eu deveria ter contado antes, mas fiquei com medo da reação que teriam...

  - Fale logo, então. - a sua filha mais velha pediu, sem arrogância, apenas queria acabar logo com todo aquele suspense. - Por que você ia nos abandonar de novo?

  - Megan está grávida.

  Ambas as duas meninas engoliram em seco. Não era como se fosse o fim do mundo, mas realmente nenhuma esperava por aquilo. Um bebê. Entre vários sentimentos que sentiu, Lydia sentiu-se ameaçada pela criança. Podia parecer errado e imaturo, mas seu pai sequer possuía seu sangue e se a criança tivesse sua genética perfeita, seus olhos, seu sorriso, sua personalidade? Como ela iria ser digna do amor de seu pai adotivo quando ele tinha um novo ser para amar? Um ser que nem havia nascido mas já havia o feito lhe abandonar?

   - Parabéns. - murmurou, sua voz estava baixa e fria. Ela odiava ser tão egoísta. Deveria estar feliz, afinal de contas, uma criança era uma benção.

  - Quando você vai embora? - quis saber Meredith que em pé mantinha os braços cruzados e o semblante fechado. Ela parecia estar tão magoada quanto sua irmã, mas o bebê não era bem a causa de sua chateação. Era o fato de seu pai partir para construir uma nova família, sem se importar em estar destruindo a delas. Léo soltou a respiração e molhou os lábios, estava tão triste quanto as duas.

     - Hoje.

   Lydia se ergueu soltando a mão dele, aquilo havia doído nela e provavelmente em sua irmã também. Mas estava farta de ser deixada, farta de perdoar quem lhe magoava e ela não o perdoaria mais, não daquela vez. Abandonou o quarto e caminhou para fora dele, se encaminhou para a escola com uma dor insuportável no coração. Era só o que lhe faltava para completar o caos que estava sua vida.  Estava tão centrada na bolha que tudo havia se tornado, que mal viu o decorrer do dia, as aulas pouco ganharam sua atenção. Certamente a garota iria ter que tomar nota com sua amiga Luce, que apesar de estar igualmente com a cabeça cheia, prestava a atenção em tudo.

   Na hora do intervalo ela estava tão de saco cheio com tudo que não queria ver ninguém  apenas procurar o canto mais neutro para se isolar e tentar se neutralizar. Antes que se tornasse uma bomba atômica. Enquanto ia para um lugar não tão frequentado, uma sala um tanto oculta após subir alguns lances de escadas. Ouviu uma voz masculina soar cantando uma música com um inglês perfeito. Era uma canção linda e uma voz mais linda ainda. Mesmo sem conhecer o "cantor" ela sorriu, a música lhe tocou de uma forma inexplicável.

Teen MermaidsWhere stories live. Discover now