Hipnose

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Lydia nunca poderia ter imaginado aquilo, entre todas as coisas do mundo, ser adotada, jamais havia passado por sua cabeça. Seus pensamentos gritavam, implorando por uma pausa, seu peito doía e seus olhos ficaram marejados. A sereia ainda precisava de respostas, agora mais do que nunca, pois haviam surgido mais e mais dúvidas. A história de Margareth havia lhe destruído, havia lhe consumido e lhe feito questionar tudo o que acreditava. Agora além de ser uma menina com cauda, era uma menina com um passado que não conhecia. Sua mãe verdadeira se chamava Alícia, suas melhores amigas eram suas primas e sua irmã, não era sua irmã, seus pais não eram seus pais, e além disso, ela fora gerada para liderar um cardume. Mesmo que quisesse, depois daquela revelação, sua vida jamais seria a mesma.

  Rebeka havia decidido por todas que seja lá para que missão suas mães haviam lhe botado no mundo, elas não fariam aquilo. Shelby não sabia de suas existências e as meninas não precisavam sair do casulo. Mas uma coisa era negarem suas origens e seus costumes, outra era ignorar a história e seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Pois tinha, sua vida toda havia virado do avesso.

   Apesar de sentir que era verdade, nunca saberia se Margareth estava sendo sincera. Pois não poderia perguntar para seus pais, não era como se tivesse o que questionar, o que diria? Não havia sequer como explicar suas suspeitas. Sentia raiva deles por terem lhe escondido a verdade, mas os amava demais para odiá-los. Caso fizesse um exame de DNA, eles podiam até não serem parentes, mas apesar de tudo, eram e sempre seriam sua família. Seus pais.

   O pior ainda estava por vir. Havia tido emoções fortes por um só dia, mas o mais difícil de tudo seria ter que encarar todos que estavam em sua casa e fingir que não sabia de nada, que seu tapete não havia sido puxado, que ela não estava desmoronando. Quando desceu do Uber em frente ao seu lar, secou suas lágrimas mas não pode esconder o rosto abatido. Levou minutos para reunir a coragem necessária e adentrar dentro de casa. Quando abriu a porta e se encaminhou para a sala, avistou sua irmã e sua mãe sentadas, ambas fitavam o chão com expressões chateadas, a mulher até continha lágrimas nos olhos.

   - O que aconteceu? - perguntou a garota, seu coração se apertando ainda mais ao se deparar com a cena.

   - Pergunte para o seu amado papai. - rosnou Meredith, a irá presente em seu tom de voz.

   O clima estava notoriamente tenso, cada qual com enormes conflitos dentro de si. Lydia as ignorou e seguiu para o andar de cima, pelo tom de sua irmã, seu pai havia aprontado alguma e a suposição lhe assustava. O que Léo havia feito daquela vez?

   Ao chegar em frente ao quarto de seu pai, viu pela porta entreaberta uma cena que terminou de partir seu coração. O homem fazia força para fechar uma mala lotada, lotada com suas roupas e memórias, pronta para uma partida.

   - Pai?  - sua voz saiu baixa e bastante deprimida. O homem se virou com um sorriso lindo, porém melancólico. - O que está acontecendo?

   Léo deu um suspiro triste ao perceber o olhar interrogatório da garota para sua bagagem. Ele empurrou a mesma para trás e se sentou na cama, dando duas batidinhas convidativas ao seu lado.

   - Eu tenho que ir embora, Lydia. - deu a dolorosa notícia sem sequer olhá-la nos olhos, ele não era corajoso o suficiente para isso.

  - Por quê? - o encarou com lágrimas e mágoa. Desde bem nova a garota estava acostumada com suas partidas, havia vezes que seu pai ficava meses distante. Mas ele parecia tão determinado em recomeçar, ela não fazia ideia do que o fizera desejar partir.

Teen MermaidsWhere stories live. Discover now